Herdeira do Escuro

Capítulo XIX- " QUEM É VOCÊ?!"

New York, December 11, 6:38 AM.
Centro da New York and Brooklyn bridge.

                      Repórter Collins CBS 2:

   “ Brown, ninguém sabe ao certo o que está acontecendo! O rio East está literalmente fervendo em uma verdadeira imitação de um cozido bem nojento. As autoridades alertam para que todos mantenham a distância do local e das redondezas, até reconhecerem a origem desse inusitado fenômeno e o tamanho do impacto que isso pode causar. Eu e toda equipe sairemos assim que...”

BUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM!

A breaking news que era transmitida ao vivo para todo o país foi interrompida assim que o rio East eclodiu. A força descomunal da explosão levantou milhares de toneladas de água misturadas ao lixo e lodo que antes descansavam no fundo do rio.

Pequenas embarcações tentaram desesperadamente atravessar a panela fervente, mas também, acabaram sendo arrastadas pela enorme onda que partiu em dois a ponte em que a equipe estava há poucos segundos. A água se alastrou como fogo alimentado, rumando a cidade em uma força selvagem nunca vista, destruindo tudo em seu caminho.
   
No meio do que sobrará do rio, um urro demoníaco ensurdecedor elevou-se circundando toda a ilha de Manhattan. Forte o suficiente para que uma enorme fenda se abrisse em meio aos destroços, vermelha como sangue, tão quente quanto chamas do submundo e pulsante como um organismo em plena função.
  
O buraco expulsou demônios como uma ferida expele um corpo estranho de seus tecidos, milhares deles envolvidos por uma gosma negra fétida. Os filhos de Kesabel, os mesmos que atacaram Melinda, foram os primeiros a tomarem a extensão do que sobrara do rio. Eles emergiram aos montes, escalando uns aos outros, chutando, arranhando, mordendo e gritando como bestas. Se arrastando como cobras supurosas para fora da escuridão.
 
Segundos depois, uivos de cães sobressaíram aos urros dos filhos da bruxa. Um por um até chegarem ao número mínino de cem, cães infernais emergiram da fenda. Com dois metros de altura, pelagem negra, dentes tão grandes quanto uma mão humana e tão finos quanto agulhas, olhos amarelos como ouro. Os cães marcharam pesadamente carregando os seus cavaleiros montados em suas costas.
  
As figuras encapuzadas escondiam os seus corpos esqueléticos por debaixo de um manto negro. As mãos ossudas seguravam grossas correntes que envolviam os pescoços das bestas, os impedindo de comerem alguns dos demônios que passavam destraídos e perto demais daqueles caninos afiados.
  
Em seguida, seres alados subiram ao céu claro, as suas asas de couro marrom se tornavam parcialmente transparentes ao reflexo do sol, revelando as veias escuras que levavam sangue negro ao centro do seu peito. O que chamava mais atenção, de uma forma bem doentia, eram as suas enormes garras que chegavam a ser maiores do que a extensão dos seus corpos gosmentos.

Mais demônios menores surgiam da fenda aos montes, em minutos as falanges demoníacas tomavam toda a extensão do rio East. Numerosos demais para se contar e em espécies tão antigas que até alguns caídos não recordavam as suas existências. Todos armados mortalmente, seja por lâminas ou por garras.
  

A enorme ferida rugiu novamente e dela emergiram humanóides de no mínimo seis metros de altura, vestindo armaduras completas feitas de couro e armados por enormes machados de lâmina dupla banhadas por Prata Obscura. Os gigantes escoltavam os seus líderes que emergiram logo em seguida, montados em seus cavalos espectrais de pele apodrecida e armaduras gravejadas. Os Cavaleiros do Caos se erguiam, tranzendo consigo a destruição.

Dyk e Cyl, as lanças gêmeas negras como a escuridão, de pontas em chamas vermelho sangue, brilhavam em suas mãos emanando uma energia quente quase sufocante aos sentidos.
 
Os irmãos pisoteavam com os seus cavalos sem pudor algum, os demônios distraídos que entravam em seus caminhos, os transformando instantaneamente em uma sopa amarronzada gosmenta. Não era um fim muito diferente com os que cruzavam com os gigantes, eles também eram chutados e esmagados como folhas secas.