Capítulo XXIV- Armadilha do diabo.

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Herdeira tem playlist no Spotify: Herdeira 😈.

Curtam 7k feito com muito carinho para vocês.

Não esqueçam da estrelinha pra tia aqui e no final alguns esclarecimentos importantes.
                                             
                         Beijos sombrios.❤️

Quando se diz “terra à vista”, pensamos logo em uma vasta linha de areia clara circundando uma bela ilha tomada por vegetação tropical e por um cheiro agradável de maresia, mas não era o nosso caso.

Eu não conseguia enxergar nada além de um breu negro diante do barco.

Os únicos sentidos que me restaram para tentar captar algo que me confirmasse a presença de uma praia metros à frente, foram a audição e o olfato.

A primeira, me permitiu apenas escutar o barulho que o casco metálico fazia ao rasgar a água oleosa. O último apenas captar o cheiro do submundo, uma mistura de mofo preto e alguns panos suados.

Desço da proa e levam alguns minutos para que Melinda faça o mesmo.

O seu ânimo estava um pouco mais enérgico do que durante a nossa conversa. O sequestro de sua mãe sugava as suas energias, mas ao se deparar com a chegada do nosso primeiro destino, a energia voltou tomar seu corpo.

Não era animação de fato, esse sentimento era quase inexistente no submundo. Era ansiedade mesclada ao medo, coisa que todos nós sentíamos a todo instante nesse lugar.

Eu orava ao pai celestial para que o caminho que nos aguardava fosse pacato e nada emocionante. Nada de lutas malucas contra bestas gigantes ou qualquer tipo de demônio homicida.

O meu coraçãozinho de sensitivo é duas vezes mais fraco do que o comum poxa e um tanto medroso também.

Acho que estou exigindo demais do submundo...

— Tem certeza que há terra firme? Questionei, incerto.

Era difícil imaginar uma ilha paradisíaca abaixo daquele céu macabro.

Melinda virou-se em minha direção e eu quase morri de infarto.

— Tenho... — afirmou convicta, os seus olhos estavam negros como a noite à nossa volta ou talvez bem mais que isso. Os seus lábios resumidos a duas linhas roxas e bochechas claras como papel, tomada por veias avermelhadas evidenciadas pela superfície. A visão macabra era como a garota ficava ao acessar os seus dons. Eu deveria está acostumado a essa altura, mas aquilo era chocante demais para passar despercebido e sem ao menos uma leve reaçãozinha. — ...Alguns metros mar a dentro há um banco grande de areia, então eu acho que o barco não vai poder se aproximar muito da praia. Mais em alguns metros entrando na praia, está o tal vale que precisamos percorrer e… — ela parou de falar, eu com certeza fiquei a encarando pálido e balbuciando sons sem sentido. — Kang... Tá tudo bem?

Forcei a garganta procurando palavras.

— É-é… o seu rosto. Ele tá… hmm diferente.

Põe ênfase no diferente aí, por favor.

— Diferente como? Perguntou tocando as bochechas como quem procura por migalhas perdidas de uma refeição passada.

— Meio sinistro. Digo engolindo o receio.

— Ah, sei... — falou sem graça. —Desculpe.  Pediu um pouco constrangida.

Herdeira do EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora