III

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Não há nada mais constrangedor do que uma conversa entre pessoas tímidas. Mary olhava para os convidados de seu irmão. A moça e o velho - a coisa só piorava desde o acidente.

Mary suspirou. - Então... - disse. - vocês são amigos do Noah, é?
- Eles são do RPG - seu irmao respondeu - e continuou, nervoso - Hey! Vocês ouviram? - Freya e o velho se encararam - e continuou. - Acho que a mamãe está te chamando, irmãzinha.
- O quê? - ela respondeu. - ... já entendi, seu chato. Não precisa me expulsar. Ok? - mostrou a língua e saiu, furiosa.
Noah passou a mão na testa. - Acho que agora podemos conversar mais à vontade - disse, ansioso.
Mas houve apenas mais uma sessão de silêncio.
- Ok! Eu faço a primeira pergunta, então - disse o rapaz, sentado no braço do sofá. - O que era aquela coisa no ônibus?
- Uma serva das trevas - respondeu o velho. - Há muitas delas soltas por aí ultimamente. É melhor tomar cuidado por onde anda.
- Serva das trevas? - Noah retrucou. - A gente não deveria chamar a polícia ou as Forças de Defesa Nacional?
- Não adianta - respondeu Freya. - Humanos não têm força para lutar contra as criaturas das trevas.
O rapaz se calou por um momento, reflexivo. - Isso quer dizer que o ser humano mais forte do mundo não aguentaria lutar contra uma criatura das trevas? - e disse.
- Não me leve a mal, rapaz. O que eu quis dizer é que só magia ofensiva ou uma arma encantada seriam capazes de causar dano a uma lamia.
- Entendi, moça - Noah respondeu.
- Me chame de Freya, por favor. E este aqui é o Dragão Vermelho que você invocou.
Noah congelou. - Vocês estão tirando uma com a minha cara, né? Saibam que eu não lido muito bem com ironia.
O velho levantou, aborrecido. - Eu avisei que falar de tudo pra ele não era uma ideia boa, Freya.
- Eu não tenho motivos para fazer piada com algo sério - Freya disse. - Viemos aqui para explicar o que você precisa fazer para controlar o poder que o velho te deu.
Noah sentiu um aperto no peito. - Eu estou drogado? Isso ainda é efeito da anestesia, não é? - e apagou.

***

-Por quanto tempo eu fiquei no chão?
- Acho que por trinta segundos - respondeu Freya.
- Nós estamos aqui para ajudar - disse o velho. - Acreditamos no seu potencial, porque só alguém muito poderoso pode receber a Centelha sem entrar em combustão espontânea.
- God's Vision? - retrucou, confuso.
- Exatamente - respondeu Freya. - O seu corpo está de posse de um dos artefatos mais poderosos do Outro Mundo.
- Outro Mundo?
A fada apertou os lábios. - Eu vou contar tudo, mas você promete que não vai desmaiar? - disse.
Noah sentiu medo. Pensou em centenas de explicações lógicas para as memórias que tinha e chegou à conclusão de que as peças que não se encaixavam estavam com seus convidados.
- Pode falar - declarou, confiante. - Eu lembro do ônibus, das pessoas mortas, da mulher-cobra e do dragão. Mas no hospital, tudo o que me disseram é que eu estava no meio de um acidente sem sobreviventes, exceto por mim.
Freya ergueu as sobrancelhas - Acidente?! Então foi assim que ela arrumou tudo - ela pensou. E disse - Tudo o que aconteceu com você foi real. Não houve acidente. Mas um ataque de uma criatura das trevas. Eu era o alvo daquela lamia.
Noah cortou a explicação de Freya, nervoso - Que Outro Mundo é esse que você disse?
- É melhor mostrar do que falar - falou o velho. - Mais ação e menos blá blá blá.
-- Se você acha que assim é melhor - respondeu Freya. - Então vamos atravessar.

***

O tempo parou - a sala tornou-se um turbilhão de cores indefinidas e brilhantes. Paredes desapareçam e deram lugar a prédios de arquitetura futurista. Noah ouviu o som de vozes - então percebeu que estava longe de casa.
A rua estava cheia de pedestres de vários tamanhos, cores e formas. Alguns caminhavam, outros flutuavam.
- Bem-vindo ao Outro Mundo! - disse Freya.
D

OUTRO MUNDO - em hiato Onde histórias criam vida. Descubra agora