[EM ANDAMENTO]
🌈 O mundo que Jeon Jungkook enxergava através de seus olhos, transmitiam uma melancolia infinda, onde apenas o azul frio perdurava como um fardo em seu interior. Ele não compreendia com exatidão o que era ser feliz de verdade. Um bu...
Minha terapeuta alertou-me uma vez, — quando eu ainda tinha o costume de comparecer às consultas de forma regular — que crises vão e voltam frequentemente, independentes se estão sendo tratadas da maneira adequada ou não. Ao menos eu teria um conhecimento básico de que com o tempo, o extremismo delas seriam em uma escala bem menor, ajudando-me a se adaptar e a lidar aos poucos com todas as turbulências.
Suas durações poderiam variar entre dias, semanas ou até mesmo meses e eu não saberia muito bem como se comportariam durante esse meio tempo. Todavia, eu tinha absoluta certeza sobre uma coisa em específico dentre tudo isso: nenhuma teria um desenvolvimento indulgente. Todas fariam com que eu acabasse sempre da mesma forma: triste, chorando, trêmulo, jogado sobre minha cama após no calor do momento ter escolhido fazer alguma merda que estivesse ao meu alcance. A única diferença, eram os processos que me levariam a chegar até este final.
As vezes o caminho seguia de uma maneira não tão tortuosa, tendo menos buracos para se tropeçar do que o esperado. No entanto, ainda assim carregavam sua parcela significativa de dor. Ele cravava a sua marca em meu ser com cicatrizes densas e profundas, que afetavam tanto meu psicológico quanto o meu físico.
Por isso que durante essas crises compridas, a minha cama parecia ser meu único porto seguro, e sair de seu conforto inebriante virava um trabalho muito dificultoso para se realizar, uma vez que meu corpo ficava pesado demais para aguentá-lo por mais de 2 segundos em pé.
Viver em minha pele durante esses ciclos intermináveis de ansiedade, insônia e depressão, se tornava algo incrivelmente insuportável, como um fardo que eu estivesse sendo condenado a carregar por toda a minha vida. E a única coisa que eu mais desejava durante esse meio tempo, era arrancar aquela fantasia idiota de Jeon Jungkook e poder viver uma vida nova usando a fantasia de outra pessoa completamente diferente.
Era tudo tão estranho, inquieto e chato. Mil vozes conversando ao mesmo tempo, passos corridos, risadas altas, respirações ofegantes, espirros e tosses, barulho de aplausos, bexigas estourando, crianças chorando, adolescentes berrando e tudo de mais barulhento, na companhia singela de pequenas notas desafinadas de um violão velho. E de repente, do nada, como se tivessem apertado algum botão de desligar em mim, tudo voltava ao silêncio melancólico da minha mente confusa. Uma calmaria tristonha que afogava meu peito em lágrimas e me abraçava em seus braços sonolentos e incapacitantes.
Meu quarto ficava entediante; os livros que eu lia — com muita dificuldade, por não conseguir manter minha atenção presa por um longo período — ficavam entediantes; sair de casa me parecia uma ideia entediante; abrir os olhos de manhã soava entediante; dormir era muito mais do que entediante e continuar respirando normalmente todos os dias, era com toda a certeza o mais entediante de todos.
