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  O som alto de buzina invadiu a escuridão e minhas pálpebras se abriram lentamente

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  O som alto de buzina invadiu a escuridão e minhas pálpebras se abriram lentamente. O cansaço usurpou a minha vontade repentina de suspirar.  Deslizei o braço para fora do edredom e os dedos preguiçosamente pela tela do celular para desligar o alarme.

O toque falhou em me irritar, de me fazer sentir qualquer merda que fosse, mas funcionou ao me fazer perder o hábito de chegar atrasado na escola. Não que eu me importe. Apenas não quero ouvir os professores me enchendo sobre eu ser o "senhor atrasadinho".

Arrastei meu corpo até o banheiro e, após tomar banho, encarei no espelho o conjunto de fios negros e lisos, a pele morena e olhos cor de mel. Passei a mão pelo cabelo e a franja em ondas cobriu parte do meu rosto. Talvez, eu corte.

Vesti a minha companheira calça preta rasgada, uma blusa branca e blusão quadriculado vermelho por cima. Calcei meu coturno preto e dei aquela conferida no espelho antes de sair do meu quarto. Assim que desci as escadas, vi minha mãe cozinhando algo no fogão.

— Hey, mãe! — Cumprimentei e empurrei pela garganta o copo d'água que me esperava no balcão.

— Oi, meu filho. Não vai tomar café? —  Exibiu um largo sorriso.

— Não, mãe. — Fingi uma cara triste. — Estou atrasado.

— E isso é uma novidade, filho?

Dei um beijo na bochecha dela e corri pela porta até o meu maravilhoso Ford Maverick Super Luxo 1974, a belezinha que acabei de reformar e pintar de vermelho com faixas centrais pretas. O destino? O mesmo de todos os dias entediantes, Colégio Northwest. Aumentei o volume do rádio e curti o som, tentando me livrar desse meu clima ruim.

Todas as manhãs são corridas e arrastadas, não importa se o celular desperta uma, duas ou três horas mais cedo. Até respirar, que é um ato involuntário, é difícil para mim. E, nos últimos dias, meus pés carregavam duas bolas de ferro. Tudo isso porque ouvi, sem querer, minha mãe implorar desesperadamente ao advogado uma forma de manter meu pai, ou melhor, meu genitor atrás das grades. Não sei de onde ela tirou tantas lágrimas, e o celular tremia em suas mãos.

O meu genitor está preso desde os meus 4 anos, um alívio para mim e minha mãe, que o largou assim que o denunciou. Pensar que ele pode ser solto é como uma faca entrando no meu peito.

— E aí, Eric.

    Noah bateu na porta do carro e meu corpo se arrepiou com o susto. Parei no estacionamento do colégio e sequer percebi quando cheguei.

— Ei, Noah. Não bate no meu bebê desse jeito. — Zombei.

— Estava meditando? Te vi viradão aí, respirando. Aconteceu alguma coisa?

Ouvi pelos corredores que Noah veio da Califórnia, culpa dos cabelos loiros compridos, barba por fazer, pele bronzeada e, claro, o sotaque forçado de surfistão. Nunca perguntei, mas também nunca me incomodou.

Quebrando muros (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora