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   Depois que Tyler foi embora, o dia passou normalmente

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   Depois que Tyler foi embora, o dia passou normalmente. Pelo restante da semana, estudei, ensaiei com a banda, saí para correr, toquei guitarra, ensaiei com a banda, ajudei minha mãe a arrumar a casa... Aquela minha mania de preencher o tempo para não pensar demais.

Quando deitei na cama para finalmente descansar, veio à mente justamente o que evitava: meu genitor. Minha mãe não falou sobre o assunto e eu não perguntei sobre a conversa que ouvi acidentalmente. Meu genitor...Ele não vai ser solto, não é? A sensação de afogamento me tomou. Sentei ofegante e levei a mão ao meu peito apertado. Procurei desesperado o remédio nas gavetas, o empurrei pela garganta em seco e esperei fazer efeito. 

A minha mente gritava "liga pro Tyler", mas não podia fazer isso. Ele passou a semana toda me perguntando se eu estava bem,  tirando-me a paciência. Além disso, é o primeiro ataque dos últimos 2 anos.

Quando éramos mais novos, na escola, Tyler me viu, pela primeira vez, tendo um ataque de pânico. Eu tinha acabado de passar atordoado pelo corredor e me abriguei dentro da cabine do banheiro. Sentado no vaso sanitário, levei as mãos à cabeça com as lágrimas molhando o meu rosto.

Tyler bateu na porta, mas eu não conseguia assimilar o que estava acontecendo. O ar não encontrava passagem em minha garganta e o som das batidas desesperadas tornaram tudo mais difícil. A sensação de morte me sondava, chamava-me lentamente.

— Eric, me responde! — As últimas palavras que ouvi antes de eu tombar no chão procurando ar.

Enquanto mergulhava aos poucos na escuridão, vi Ty arrombando a porta e apaguei. Acordei horas depois na enfermaria da escola com ele ao lado da minha cama.

— Eric, você está bem? — Tyler me perguntou com semblante aflito e dei um leve aceno de cabeça. — Você me assustou.

Naquela fatídica manhã, contei para ele o motivo dos meus ataques de pânico.

A lembrança não falhou em me acalmar. Tyler sempre esteve comigo em todos os momentos difíceis e a presença dele me sustenta. É a alma do meu corpo morto. 

Não há timidez entre nós, contamos tudo um ao outro. Bom, a não ser pelo ocorrido da bebedeira. Quando segurei o queixo dele, os olhos azuis brilhavam tanto que pareciam duas piscinas. Claro que sempre foram daquela cor, mas havia algo diferente.  

  No daí seguinte, despertei com a friagem que entrava pela janela. O sol resolveu se esconder por trás das nuvens escuras. O relógio marcava 5:30 am. Ainda é muito cedo para ir à escola, mas do jeito que eu me arrasto, ainda é capaz de eu me atrasar. Desci as escadas arrumado.

— Eric? Você acordado? — Minha mãe perguntou surpresa. Ela estava na cozinha preparando o café, que eu nunca tomava. Cheguei a me sentir um pouco mal por isso.

— Sim, mãe. A janela do quarto estava aberta e acabei acordando. Vou a escola mais cedo para ensaiar, não se preocupe comigo. — beijei a bochecha dela antes de sair.

Quebrando muros (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora