Capitulo 6

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Era incrível como eu nunca tinha reparado na beleza do Rodrigo, ele tem 1,84 de altura, branco, cabelos pretos, olhos castanhos, um corpo de causar invejar a qualquer um. Sabe aquele cara que a gente vê na rua e mesmo sendo hétero olha? Assim era o Rodrigo. Tinha um ar de moleque, mas com jeito de homem. Engraçado que foi só eu me ver apaixonado por ele pra poder ver realmente como ele era lindo.
— Feliz aniversário! — quase que não saiu. Estendi a mão pra ele, fiquei um tempo até que fui chegando a mão e abaixando o braço. Quando ele apertou, meio que automaticamente os pelos do meu braço foram ficando arrepiados, era incrível as sensações que ele me causava.
— Valeu!
A gente ficou mais um tempo segurando a mão um do outro até que eu tirei a minha mão da dele.
— Foi mal, eu não queria ter vindo, mas a tua mãe meio que me arrastou pra cá.
— Eu sei bem como ela é! — ele me olhava nos olhos e eu não conseguia olhar pra ele — Come aí!
— Não, só vim mesmo porque a tua mãe me trouxe.
— Tu que sabe! — ele falou isso e me deixou ali. Quando ele saiu parece que o ar voltou pro local. Eu respirei fundo, coloquei o prato em cima da mesa, foi quando a mãe dele veio com um sacolinha na mão.
— Mas menino, tu não comeu nada.
— Perdi a fome, tia!
— Vocês homens, o Rodrigo é assim mesmo, de uns tempos pra cá ele do nada perde a fome, mas leva isso caso ela volte.
— Brigado.
Peguei a sacolinha da mão dela e saí dali o mais rápido possível, entrei em casa e me encostei na porta. Meu coração ainda batia rápido. Fui até a cozinha, coloquei as coisas que a tia Silvia tinha me dado na geladeira, tinha perdido completamente a fome. Fui até o sofá e me joguei nele. Era incrível como o Rodrigo mexia comigo. Quando a campainha tocou, me levantei e abri a porta. Era o Guga.
— Fala Vinícius! — ele veio e me abraçou.
— Tudo bom Guga?
— Tudo cara, tava com saudades de ti.
— Também, mas tu já viu, época de prova.
— Sei bem como é!
— Tá bonito, tudo isso é pra mim, é?
— Vai tomar no cu, rapaz! — a gente começou a rir — Depois vou sair com uma gata.
— Oi? Sair como uma gata? Como assim?
— Ficou com ciúmes?
— Vai tomar banho né, só perguntei, achei estranho, só isso!
— Af, só porque eu tô afim de ti tu acha que eu não vou comer ninguém?
— Tu és um idiota, não sei como eu ainda falo contigo.
— Ah, fica assim não.
Ele veio pra cima de mim e me agarrou e ficou deitado por cima de mim no sofá.
— Para Gustavo, sai de cima.
— Qual é? Cai pra dentro playboy.
— Eu sei que isso é só uma desculpa pra ti me agarrar, mas agora me solta.
Ele me soltou, mas não saiu de cima de mim, e me olhava com um olhar de que ia me beijar a qualquer momento. Ele foi chegando mais perto do meu rosto e meu coração foi acelerando, ele parou bem perto da minha boca e deu um sorriso cínico.
— Achou mesmo que eu fosse te beijar?
Ele riu e saiu de cima de mim. Não sei porque, mas aquilo me deu uma raiva, eu me levantei do sofá e fui até a porta.
— Rasga daqui!
— Ah, para de graça!
— Tô falando sério! Vai embora!
Ele fez uma cara feia e se levantou, parou na minha frente.
— É esse jeito que me faz ficar doido por ti! — e começou a rir.
Eu empurrei ele e fechei a porta. Fui pro meu quarto, tomei um banho e me deitei. A semana seguinte foi no mesmo esquema, da casa faculdade.
Enfim as férias chegaram e sempre a gente viajava, mas dessa vez eu não fui com a galera. Meus pais iriam viajar pra Natal então eu decidi ir com eles. Nós passamos quinze dias lá. Eu fiquei com umas duas meninas lá, mas sabe quando tu sente falta de algo? Eu não conseguia mais sentir aquele tesão, enfim.
A gente voltou de viagem e no último final de semana depois de muito que a galera reclamou eu acabei viajando com eles. A gente foi pra casa do Fábio em Cotejuba (é uma ilha daqui do Pará, não sei vocês já ouviram falar) é um lugar lindo, bem rústico mesmo. A casa dele era linda e ficava de frente pra praia, nós éramos nove sendo eu, Fábio, Rodrigo, Guga, Vanessa, Carla e mais alguns, a casa tinha três quartos então ficou três em cada. Ficou eu, o Fábio e o Guga; eu e o Guga ficamos na cama de casal e o Fábio no colchão, a gente arrumou tudo.
Eu particularmente acho aquele lugar tão lindo, fui logo tomar um banho na praia. Fiquei lá um tempo sentado na areia olhando pra água quando o Guga sentou do meu lado.
— Pensando em que?
— Em como isso aqui é lindo.
- É bom pra namorar, ficar do lado de quem a gente gosta!
Eu olhei pra ele e só ri.
— Deixa eu tomar um banho.
Ele levantou, tirou a bermuda ficando só de sunga. Aquela cena vendo ele andando fez meu pau dar sinal de vida, era só que me faltava! Me deitei na areia e fiquei olhando pro céu até que o Guga me jogou água passando a mão no cabelo.
— Tu adora me atentar né?
Ele riu e se espreguiçou, fazendo cada músculo do corpo dele ficar mais exposto e não teve como não olhar pro volume que tinha na sunga dele.
— Né Vinícius?
— O que?
Ele riu.
— Tô falando contigo cara, a água tá uma maravilha né, mas tu tá viajando aí não sei no que.
— É uma maravilha mesmo, a água uma maravilha.
— Bora lá com a galera ver o que tem pra comer.
— Bora sim!
A gente foi andando até chegar na casa, o Rodrigo tava rindo, mas quando viu a gente chegando junto ele ficou sério. Passei por ele e fui pro quarto tomar um banho. Bem, o resto do dia correu normal.
À noite a gente decidiu fazer tipo um luau na praia com direito até uma fogueira, lembro bem daquela noite, o céu tava complemente estrelado e com uma lua minguante. Eu fui o primeiro a ir pra praia enquanto eles faziam bebida e algo pra comer. Quando eu vou pra esses lugares eles me ajudam muito a pensar, a calmaria me fazia colocar os pensamentos em ordem.
Tava com os olhos fechados sentido o sentir, quando eu senti alguém passar por mim, eu abri os olhos e vi o Rodrigo indo pra água. Eu pensei em me levantar, mas que se foda, eu não ia passar o resto da vida tentando fugir dele, então continuei sentado na areia. Ele não demorou muito na água e saiu. Ele saindo da água, a luz da lua iluminando ele, parecia cena de filme da década de 60, 70. Ele veio vindo e foi quando ele parou e sentou a quase um metro de mim. Sabe quando a gente tenta manter a calma, mas é difícil? Assim que eu tava naquele momento. Ninguém falou nada, eu só ouvia a respiração dele funda.
— Estranho né? — ele disse.
— O que?
— A gente aqui, um do lado do outro, sem briga, sem mandar um ao outro pra longe. Cara, porque a gente nunca se deu bem?
Eu respirei fundo, e não sabia responder o que ele tinha me perguntado. Notei que ele me olhava.
— Sei lá... — dobrei as minhas pernas, coloquei meu braço envolta delas e a cabeça apoiada no joelho e fiquei olhando pra frente, mas sentia que ele me olhava. Talvez eu até soubesse a resposta, muitas vezes em situações eu me via nele, no modo de agir, de pensar, a gente era muito parecido.
— Bora esquecer tudo? — olhei pra ele e dessa vez ele olhava pro chão, mas logo voltou a olhar pra mim — Esquecer tudo o que a gente fez um pro outro, as brigas, os socos, tudo mesmo, até o... — nessa hora ele parou —O que tu me diz? Não tô dizendo pra gente se tornar amigos de infância, mas acho que a gente pode ter uma convivência legal, um respeitando o outro.
Eu não sabia se queria ter a aproximação que ele tava sugerindo, eu tava apaixonado por ele e a última coisa era começar um amizade.
— Tu acha mesmo que isso vai dar certo?
— Não sei, mas se a gente não tentar não tem como saber, né?
Eu voltei a olhar pra água e foi me dando uma vontade de chorar. Era muito foda aquele turbilhão de sentimentos dentro de mim.
— Se depender de mim, a gente pode tentar. — ele falou isso e se levantou e foi andando pra casa.
Fiquei pensando no que ele tinha falado, quando eu ouvi algumas vozes. A galera tava vindo com uma caixa térmica, o Guga vinha com um violão na mão.
— Porra, pensei que não ia rolar mais!
— Calma meu amor, eu sei que a saudade de mim é grande, mas acho que a gente precisa ficar um pouco separados pra manter a chama da nossa paixão!
Todo mundo começou a rir. O Guga dava em cima de mim e a galera achando que era graça dele. Eu olhei pra ele, que piscou pra mim.
A gente fez tipo um círculo e ficou em volta da fogueira. O Guga começou a tocar e cantar algumas músicas. Nesse tempo o Rodrigo voltou, ele tinha tomado banho, e sentou entre o Fábio e a Vanessa.
— Cara, vou tocar uma música que retrata bem o que eu tô sentindo nesses últimos meses. — disse o Guga.
Todo mundo ficou zoando ele que só deu um sorrisinho. Eu fiquei olhando pra ele pra ver o que ele iria aprontar, ele começou a tocar o violão e começou a cantar:
— "Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar"
Ele parou e olhou pra mim, na hora meu coração acelerou. Ele voltou a cantar.
— "Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar
Meu amor, juro por Deus
Me sinto incendiar"
Nessa hora quem sabia a letra já cantava junto, e eu como sei também cantava só pra mim.
— "Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus
Já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus
Sem mais larirurá"
Ele já cantava olhando pra mim, era um olhar calmo que conseguia transmitir a calma que ele sentia.
— "Pela luz dos olhos teus
Eu acho, meu amor
E só se pode achar
Que a luz dos olhos meus
Precisa se casar"
Nessa hora não sei porque eu fui olhar pro Rodrigo. Foi quando eu vi ele olhando pro Guga e depois pra mim, o olhar dele era sério, como se tivesse sacado que a música era pra mim. Tirei meu olhar dele e voltei pro Guga, que já tinha terminado de cantar.
— Meu amigo tá apaixonado, que lindo! — disse a Vanessa.
— Tô mesmo nessa porra!
Todo mundo riu, até eu, menos o Rodrigo, que continuava sério. O Fábio pegou o violão e começou a tocar umas músicas doidas. O Guga veio e sentou do meu lado.
— Tu é muito filho da puta!
— Sou mesmo, mas vai dizer que não gostou?
— Era pra mim?
Ele riu e ficou me olhando.
— Tá merecendo levar umas porradas, moleque!
Eu só ri.
— Me diz, tu gostou?
— Gustavo, já disse que não vai rolar nada entre a gente.
— Mas eu só quero saber ser tu gostou.
— Tá, gostei, foi legal.
Ele deu um sorriso tão bonito. A gente ficou conversando besteira e às vezes eu pegava o Rodrigo olhando pra gente sério, eu acho que foi o único que reparou. Com o tempo a galera foi entrando e ficou só eu, o Guga e o Fábio.
— Tô caindo de sono. — o Fábio falou.
— Vai dormir então.
— Isso que eu vou fazer, e juízo vocês dois hein! – O Fábio deu um sorriso e foi andando.
— Tu falou pra ele Gustavo?
— Não, ele tá é porre.
— Gustavo, Gustavo...
— O que meu amor?
— Para com isso, cara.
— Porque amor?
— Isso é chato.
— Tá bom amor, parei!
A gente riu. O Guga me fazia sentir tão bem, e me veio porque eu não sentia por ele o que eu sentia pelo Rodrigo. Eu olhei pra ele, porra ele era bonito, gente boa, me fazia rir, porque não tentar? Passei a mão pelo cabelo dele, ele me olhou meio que espantado, mas não falou nada. A gente ficou se olhando, minha mão já tava na nuca dele.
— Para! — ele disse.
— Por quê?
— Porque eu vou fazer algo que tu não vai gostar.
— Como tu sabe que eu não vou gostar? — ele me olhou meio confuso, tirei minha mão da nuca dele — Tudo bem, eu paro!
Me levantei e fui andando em direção a casa, quando ele me segurou dizendo:
— Promete que tu não vai mais fazer isso?
— Já disse que não, porra!
Ele passou a mão pelo meu rosto, até que encostou o dedo na minha boca. Foi chegando perto, colocando o braço na minha cintura, fazendo meu corpo encostar no dele, meu coração batia forte, senti a respiração dele. Quando ele me beijou foi uma das melhores sensações que eu tinha sentido até aquele momento, era um beijo calmo, mas com pegada. O nosso beijo tinha encaixe, nossas línguas tinham uma sincronia incrível. O beijo terminou com um selinho.
— Foi perfeito, nem nos meus sonhos eu imaginei que seria tão bom.
Eu não respondi, o beijo tinha sido realmente bom. Bom não, perfeito, mas eu tava com vergonha, ali de certa forma eu tinha "virado gay".
— Eu vou indo nessa!
— Fiz merda não foi? Caralho, não era pra eu ter feito isso!
— Relaxa Gustavo! Tu não fez nada, eu só preciso de um tempo, só isso.
Eu fui andando, mas parei e olhei pra ele:
— Até que tu beija bem!
Ele riu e eu voltei a andar. Entrei na casa e tava um silêncio. Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei água, quando fechei vi o Rodrigo encostado na parede me olhando.
— Caralho! — eu comecei a rir.
— O que foi?
— Porra, entro aqui e não tem ninguém, quando eu olho te vejo, me assustei.
— Porra, não sou tão feio assim!
Não é mesmo, pensei comigo. Eu me sentei à mesa, o Rodrigo puxou a cadeira da frente e sentou também.
— Cadê o Guga?
— Ele ficou lá na praia.
— Sozinho?
— Foi.
Me levantei e fui ver se tinha algo pra comer, quando ele falou:
— E aí, tu curtiu as músicas que o Guga cantou?
— É, sim, até que ele canta bem. Vou comer nada não, vou dormir.
Saí da cozinha deixando ele só. Tomei um banho, vesti uma cueca e me deitei na cama. Já dizia a minha vó: lugar bom pra pensar é a cama, e foi o que eu fiz, pensei no beijo do Guga e nessa aproximação do Rodrigo. Até que dormi. Me espantei com o Guga do meu lado, como aquele cara era folgado! Tinha tomado conta de toda a cama. Ele tava só de cueca também e sem lençol, como o corpo dele era bonito! Me deu tesão só de olhar ele ali, mas não fiz nada, empurrei ele.
— Que foi?
— Arreda daí, tô quase caindo da cama, Guga.
— Chato!
Eu que era chato! Ele foi pro outro lado da cama, fiquei acordado um tempo, depois dormi. A gente veio embora no domingo à noite.
Eu acabei voltando à minha vida normal, faculdade, festa, casa, jogar bola e depois de mais uma bola a gente tava bebendo quando o Guga apareceu, ele falou com todo mundo e depois veio falar comigo. Ele tinha um sorriso lindo.
— Tudo bom amor?
— Tu não vai parar com isso mesmo?
— Ainda vai ter um dia que tu vai implorar pra eu te chamar de amor.
Eu dei uma risada alta que olharam pra gente.
No outro dia na faculdade só se falava do congresso que ia ter em Fortaleza, tava na cantina da faculdade quando o Caio, colega meu da sala chegou falando:
— Tu vai pro congresso, né?
— Vou sim, por quê?
— Eita, então é tu mesmo! Tu tá sabendo que é o Carlos (professor) que tá escolhendo com quem cada um vai ficar no quarto, né?
— É, fiquei sabendo, como se a gente fosse criança.
— Então, ele divulgou a lista com os nomes de cada dupla por quarto e vai lá ver a lista pra ti ver com quem tu vai ficar!
Me levantei e fui até o mural. Tinha algumas pessoas vendo, eu cheguei perto, procurei meu nome. Foi quando eu vi com quem eu ia ficar.
— Como é? — eu falei alto. Era só o que me faltava! Ficar com o Rodrigo cinco dias num quarto, nem em novela isso acontecia. E isso seria a prova de fogo

Eu não sou gay, eu só me apaixonei por outro cara. Onde histórias criam vida. Descubra agora