4 - Por Que Ele Voltou?

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Demorei tanto tempo pra finalmente superar tudo aquilo que passamos aqui três anos atrás, que quando decidimos que estava na hora de voltar, eu tinha toda certeza que passaríamos um verão normal. Agora mais velhos, lidaríamos com as coisas de um jeito mais maduro e saberíamos tirar proveito das coisas. Eu realmente pensei, que não nos aconteceria nada dessa vez, pelo visto me enganei, novamente.

Na poltrona ao meu lado estava minha irmã distraída com canais aleatórios de música na tv. Em seu colo, estava uma tigela de cereais misturado com diversas porcarias doces como biscoitos, jujubas e castanhas.

- Se sua dentista visse isso... - Impliquei enquanto ela mudava de canal pela milésima vez.

- Xiu! Ela disse que posso comer doces com esse aparelho. - Ela justificou.

A um ano e meio Mabel passou de seu aparelho fixo para seu aparelho móvel, esse na qual ela pode remover sempre que quiser comer algo grudento, o que foi um paraíso pra ela, já que ela não aguentava mais sempre cortar suas bochechas quando atrasava alguns dias de manutenção.

Depois da sua puberdade, Mabel virou outra garota, digo fisicamente. Ela continua com sua essência boba e infantil, porem na medida certa. Seus enormes cabelos estavam presos em uma trança lateral, e suas roupas consistiam em um conjunto de pijama amarelo com coelhos roxos estampados.

- Você não vai mesmo me dizer porque tem um chupão no seu pescoço? - Ela perguntou pela quinquagésima vez aquela manhã.

Para todo meu azar, todo o showzinho que Bill fez ontem deixou não só um Pines confuso inquieto, mas também um belo de uma marca roxa em meu pescoço. Por sorte, Mabel foi a primeira que notou e isso fez com que eu conseguisse esconder dos nossos tios e Soos, mas obviamente ela não desistiria de me atazanar.

Desde que saímos do campo de golfe ontem, falhei miseravelmente em disfarçar meu desconforto com toda aquela situação. Eu sabia que eu precisava contar para ela, e eu queria isso, mas eu precisava de um momento certo, fora que não posso contar tudo nos mínimos detalhes, mas ela precisa saber de seu retorno. Nunca fomos de esconder nada um do outro, e isso permanece sem mudanças. O restante da noite foi uma tortura, não consegui agir naturalmente nem por um minuto, a minha sorte foi que todos estavam distraídos entre si para notar meu desconforto, exceto é claro, pela Mabel.

- Eu já disse! Não é um chupão, eu devo ter machucado em algum lugar. - Bufei irritado mais uma vez. - Eu estava com vocês o tempo todo, como você acha que isso é um chupão.

- Eu conheço muito bem um chupão quando vejo um, e você bro-bro não sabe esconder! - Ela sorriu depravadamente enquanto enchia a boca de jujubas.

- O que quer dizer com isso? Como reconhece?

- Nada hahaha! - Ela riu desajeitada.

Mabel sempre foi muito mais avançada que eu no quesito flerte. Obvio que suas experiencias com garotos são mil vezes mais promissoras do que qualquer experiencia que eu tive a vida toda. Desde criança ela sempre teve mais facilidade com flertes e comunicação do que eu, isso acabou que fez ela ser a irmã namoradeira, e eu o introvertido que não sabe flertar.

Eu sabia que ela ainda era virgem, mas sua noção e facilidade quando se trata desse assunto faz ela ser muito mais esperta do que eu e consequentemente sacar as coisas antes de precisarem serem ditas.

Mabel encheu os pulmões para mais uma pergunta, mas para minha sorte, antes que ela o fizesse, a porta da sala se abriu com um estrondo. Ford e Soos entraram primeiro carregando vários sacos grandes e embrulhos de papel. Por um segundo, agradeci mentalmente por aquela interrupção.

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