8 - Dipper Ladrão

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Eu tinha 9 anos quando visitei uma biblioteca pública pela primeira vez. A Califórnia conseguia ser precisamente cultural e histórica quando era necessário, e isso foi algo que contribuiu para que eu me interessasse por leitura. Acabei sendo obrigado a buscar uma papelada dos meus pais enquanto eu e Mabel voltámos da escola, e me lembro como se fosse ontem a sensação de como eu era tão pequeno quando acessei o interior da biblioteca. Naquela época, eu só lia o que fosse estritamente necessário, o que consistia em livros escolares para fazer trabalhos ou deveres de casa.

Aquele dia, passei longos minutos impressionado com a quantidade de livros que uma biblioteca podia ter, e foi por esse grande motivo que no dia seguinte eu estava lá mais uma vez. Por muito tempo acreditei que ter acesso ao conhecimento geral eram coisas de luxo, que somente pessoas com poder poderiam ter, e foi naquele dia que percebi que qualquer pessoa, da mais humilde até a mais rica poderia ter acesso a conhecimento se passasse um dia inteiro em uma biblioteca.

Eu tinha a ideia que se eu me tornasse alguém com conhecimento sobre diferenciados assuntos, poderia ser taxado como um sábio ou algo assim, e demorou muito para que eu concluísse que ninguém precisa saber tudo pra provar ser alguém de valor, as vezes, demonstrar dominância de um determinado assunto mesmo sendo extremamente simples, já é algo inspirador e produtivo.

Ao entrar na biblioteca da pequena cidade de Gravity Falls, pude me relembrar da exata sensação que senti quando eu era mais novo, a diferença é que por ser uma cidade com um peso histórico muito grande, a biblioteca conseguia ser muito mais antiquada e ultrapassada do que a da California.

O local possuía dezesseis mesas retangulares distribuídas por um longo corredor. Circulando a fila de mesas, se encontravam as enormes prateleiras contornando toda extensão da biblioteca. A madeira cor de âmbar era antiga possuindo diversas rachaduras e ressecamentos que era possível ver de longe, assim como a poeira acumulada. No final do conjunto de mesas estava localizada a enorme mesa circular com uma plaquinha escrito "recepção" logo na beirada, onde se encontrava uma senhora de meia idade sentada.

Percorri os olhos pelo local enorme com o objetivo de encontrar o que realmente me interessava, o que não demorou muito que acontecesse. A penúltima prateleira havia uma espécie de cerca de madeira em volta com um portãozinho pequeno com uma placa surrada e desbotada na sua frontal. "Sessão Reservada"

A sessão reservada consistia em basicamente uma prateleira exclusiva de livros voltados para conteúdos considerados "inadequados" ou simplesmente historicamente importantes demais para ficarem junto com os livros comuns. Eu sabia que ali eu poderia encontrar tanto um livro de receitas para porções mágicas até um livro de recorde dizendo quem foi o primeiro em Gravity Falls que conseguiu comer 27 cachorros quentes na competição de comida.

- Ahnm... com licença. - Sussurrei um pouco desconfortável.

A senhora usava um vestido florido nas cores verde e azul combinando com seu lenço posicionado em sua cabeça. Seus cabelos grisalhos estavam presos em um coque se misturando um pouco com a tira transparente de seus óculos de meia lua.

- Sim? - Ela respondeu desinteressada sem levantar o olhar.

Ela segurava uma prancheta abarrotada de papeis desorganizados onde ela anotava a etiqueta de alguns livros sobre sua mesa.

- B-bom... eu gostaria de saber o que preciso fazer para ter acesso a sessão reservada por alguns min...

- Seus documentos por favor? - Ela estendeu sua mão direita com a palma virada para cima.

Um pouco incrédulo, fiz uma careta para a senhora mal humorada e sem um pingo de educação.

- Ahnm... Por que precisa dos meus docum....

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