Excepcionais incoerências durante a viagem.

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A fisgada ocasionada na cabeça o fez despertar aos resmungos. Chanyeol sentia fortes dores nas costas, sinal de que havia recebido algum golpe brutal. O cheiro de vômito junto à dejetos incomodou seu nariz, mas ele estava dolorido demais para tampar seu olfato. Ele queria urrar de raiva, mas não tinha energia suficiente nem para abrir a boca seca. Sentia-se um completo inútil.

― Finalmente você despertou.

― Quem... Está aí? ― abriu os olhos, mas a penumbra que batia na parede à sua frente, não ajudava no reconhecimento da voz que o fazia companhia.

O desconhecido balançou a algema de aço, gerando um barulho estridente no ar. O grilhão era comprido, se esticava do tornozelo de Chanyeol para dentro da assustadora sombra. A única coisa que sabia é que havia sido traído.

― Eu tentei avisar o que eles fariam com o próprio capitão. ― Era o que se intitulava Polaris, caminhando para fora da escuridão, completamente sem roupas.

Chanyeol desviou o olhar e tentou pender o peso nas mãos, pressionando o chão abaixo de si para se levantar, mas não conseguiu fazer o movimento com êxito, o cansaço o puxou de volta para baixo.

― O que fizeram comigo?

― Eles forçaram o seu desmaio, depois o jogaram aqui dentro e ficou desacordado por horas. Está a ponto de amanhecer lá fora. Por sorte, eu consegui improvisar uma ruptura na madeira para que a luz pudesse te acordar.

― Quem fez isso comigo?

― Sentinelas a comando do seu primo desleal.

O capitão forçou o corpo para trás até obter a posição que queria e poder analisar todo o ambiente.

― Kai? Como ele seria capaz? Esse lugar é horrível.

― E foi você quem me jogou aqui, se lembra? Estrelas não merecem receber esse tipo de tratamento, fazemos muito por vocês e veja o que ganhamos em troca: cumprimentos nada generosos.

― Ainda está falando asneiras?! Está preso, não há por quê mentir.

― Não é mentira. Eu realmente vim de lá ― o sujeito apontou para cima.

― Do convés? ― Chanyeol questionou com deboche.

O sujeito revirou os olhos em reprovação. Chanyeol ainda não havia se acostumado com aqueles olhos de cores diferentes o olhando tão atentamente. Eram hipnotizantes.

― Deveria acreditar em mim. Eu te avisei que eles queriam a sua morte e não irão descansar até conseguirem. Realmente, eu adoraria estar errado, mas não há nada que eu possa fazer quanto aos fatos. Sua incredulidade não torna a minha história menos verdadeira, capitão. Estou aqui para te ajudar, mas não está facilitando as coisas.

Era a primeira vez que ele ouvia a nomenclatura sair de forma tão irônica. O corsário tinha que admitir, Polaris tinha talento para provocá-lo.

― Você não me conhece, não me venha com tamanha familiaridade.

― Sei muito bem que doou sua vida para estar aqui hoje, com sua tripulação. Eu o conheço, te vi crescer e ouvi todos os seus desejos. Se me pedir, posso recitá-los desde o primeiro até o último que escreveu.

― Conte-me! Estou curioso para saber o que vai inventar. ― Chanyeol sorriu de canto, incrédulo.

― Vamos do início. "Querida, estrelinha! Hoje minha mãe disse que sou o menino de nove anos mais inteligente que ela já conheceu, mas creio que ela não conheça tantos meninos no mundo para ter chegado nessa conclusão, certo? Eu queria te pedir para que guiasse meu pai nessa navegação, pois ele me disse que quando voltar, irá trazer um mapa espanhol original e nós sabemos muito bem que esse seria um ótimo presente no meu aniversário." ― disse enquanto forçava uma voz aguda.

POLARIS |  ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora