A curiosidade atende mais do que um pedido.

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Após uma longa navegada, os vikings ancoraram o dracar. Já estavam em terra firme, numa ilha que costumavam acampar como base temporária. Cansados pela longa caminhada feita pela mata que havia após o mar, cada qual descansava em sua própria cabana. No entanto, como Chanyeol e Polaris eram prisioneiros e estavam lá até segunda ordem de Suho, continuavam sendo tratados como presos.

O capitão andava de um lado para outro, hora ou outra olhando pela pequena fresta que havia na única abertura, averiguando quantos vikings estavam os vigiando. Havia dois homens em prontidão e outros dois dormiam sentados para o revezamento durante a madrugada. Os quatro homens armados diante da situação faziam com que o corsário estivesse a ponto de explodir de raiva.

― Se eu estivesse com minha rapieira, todos eles se tornariam míseros cadáveres ― comentou alto para si mesmo.

Polaris suspirou pesadamente. A impaciência de Chanyeol o aborrecia, então ele se ajeitou no pano esticado no chão e utilizou um dos braços como travesseiro.

― Deveria ir dormir, amanhã pensamos em algum plano ― aconselhou enquanto fechava os olhos, com o corpo virado de costas para o capitão.

― Eu não trabalho com "amanhãs", sujeito medroso. Nós estamos perdendo tempo ficando aprisionados nesse lugar imundo. Poderíamos estar longe, aproveitando da nossa liberdade.

A tentativa de ignorar o capitão era um fardo enfadonho. Polaris virou metade do corpo, buscando encará-lo de relance.

― Nós? Não existe "nós" para você, Chanyeol. Eu salvei a sua vida e ainda exige conquistar liberdade assim, se matando? Se não fosse por mim, a espada de Suho teria adentrado sua garganta, então acho que não custa nenhuma moeda confiar um pouco em mim. Ele é um homem justo, mas não significa que não seja um matador tão bom quanto sua fama alega ser. ― Sua voz foi ficando cada vez mais baixa, saindo quase num sussurro. ― Certo! Vamos pensar como o capitão deseja. ― Ficou sentando e bateu sobre as pernas, encenando. ― O que recomenda, capitão? Que contemos a verdade, tentando rendê-lo com essa sua voz grossa e potente?

― Obrigado.

Polaris piscou, irritado. Não era para a última parte transparecer como elogio.

― Há muitos homens lá fora. ― Tentou expor racionalmente. ― Fora que há grandes chances de morrermos na floresta.

― Ou então, nos perdemos. ― Chanyeol reconheceu.

― Eu sou Polaris, não se lembra? Eu jamais permitiria que nos perdêssemos.

― Ainda está insistindo nisso? Argh! ― Sentou-se num canto e buscou se acomodar do melhor jeito que conseguiu. ― Por enquanto, o certo a se fazer é dormir.

― Sendo assim, eu tenho razão.

Chanyeol não respondeu. Polaris sorriu de canto, sabia que nunca conseguiria amolecer aquele homem de aço. Ele o conhecia muito bem.

― Eu posso te dar um pano para se cobrir, caso queira. Parece desconfortável.

― Está tudo bem. ― Chanyeol balbuciou, fechando os olhos e acomodando os braços, cruzando-os no próprio colo. ― Eu já dormi várias vezes nessa posição. Sou um capitão e comandantes não sentem frio.

― Você quem sabe, capitão! ― Polaris ironizou e virou-se de volta a posição. Sabia que a afirmação era puramente mentira.

Chanyeol era acostumado a regalias desde a infância, mas era valente o suficiente para conseguir vencer qualquer circunstância que aparecesse e jamais admitiria uma fraqueza, mesmo que esta fosse humanamente normal. E era isso que Polaris mais admirava no capitão, sua tola persistência.

POLARIS |  ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora