4. resoluções

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Caminhando pelo gramado esverdeado do resort, eu observava as crianças correndo, brincando com balões de água, e os pais sentados em espreguiçadeiras enquanto tentavam ignorar toda a gritaria dos mais novos. Sentia meus olhos arderem, tanto pela confusão de sentimentos rodando no peito quanto pelos efeitos de uma noite em claro, já que não consegui dormir por um minuto desde que fugi do quarto de Taehyung na noite anterior.

Meu coração estava apertado de emoções que eu não conseguia segurar: impotência, por não poder fazer nada para ajudar Jiyoung; tristeza, por ter sido rejeitado por Jimin, alguém que admiro; e principalmente choque, por ter sido exposto a uma situação que nunca tive que lidar na vida, nem de longe. Estar dentro daquele quarto e ouvir os problemas de Jiyoung foi como ter meus privilégios esfregados na minha cara até que eu sufocasse.

Até ali, eu me considerava uma pessoa madura para minha idade. Eu achava que era bem preparado para enfrentar qualquer situação, que poderia dar conta de qualquer pedra em meu caminho. Porém, eu nunca tinha encontrado nenhum caso que não pudesse ser resolvido com uma conversa leve ou uma bronca de meu pai, nunca tinha saído da minha bolha particular. A cena da noite passada foi o meu primeiro encontro com a vida real, a primeira vez em que eu não tive resposta nenhuma. Eu parecia uma criança, completamente despreparado para a vida.

Eu não gostava de me sentir assim, tão desolado e sem saber o que fazer.

Sim, eu poderia denunciar Gun para o senhor Kim, mas as chances de ele acabar protegendo-o e demitindo os amigos da equipe de dança eram muito maiores. Pelo o que me lembrava da conversa espiada no outro dia, o hoteleiro era muito mais parcial aos garçons, vindos das melhores universidades da Coreia e todo aquele papo de favoritismo. Uma prova viva de que você pode até ser inteligente, mas não necessariamente uma boa pessoa.

Sem um rumo específico, fui caminhando pelo hotel todo, a brisa leve de verão bagunçando meus cabelos sem corte e refrescando minha nuca. Cheguei até a escadaria que leva à área dos funcionários e, cansado de andar sem rumo, me sentei em um dos degraus com os cotovelos apoiados nos joelhos.

Coincidentemente, não muito tempo depois de ter me sentado ali, ouvi as passadas de alguém descendo a longa escada e virei o rosto em direção ao som, dando de cara com Jiyoung. Seus cabelos caíam como uma cascata azul em seus ombros e pareciam uma nuvem fofa emoldurando seu rosto pálido.

— Oh, Jeongguk! Não esperava te ver por aqui — chegou até o degrau onde eu estava e se sentou do meu lado, as duas mãos apoiadas nos joelhos. Me encarou por alguns segundos, mas logo abaixou a cabeça, como se estivesse envergonhada.

— Oi, Jiyoung — respondi com a voz baixa, um pouquinho envergonhado por tê-la encontrado. Imagens da noite anterior rodavam pela minha mente cada vez mais rápido, quase me deixando tonto.

Respirando fundo, Jiyoung começou:

— Eu... Queria te agradecer por ontem, na verdade. Se você não tivesse despistado Chaewon, eu nem estaria aqui ainda — disse, me observando de lado com um pequeno sorriso sem alegria nos lábios bonitos.

— Não precisa me agradecer, eu não fiz nada demais... — a respondi, coçando a nuca. Esperava que ela não visse meu rosto quase roxo de vergonha.

De repente, senti sua mão macia em um dos meus braços:

— Fez sim. Fez muito mais do que qualquer outra pessoa faria — seus olhos eram sérios, mas bondosos. Parecia que eu ia derreter sob aquele olhar. — Aliás, também queria pedir desculpas pela forma como Jimin falou com você. Ele 'tá bem estressado com toda essa situação e é muito protetor, sabe? Não leva nada daquilo em conta, por favor.

ritmo quente • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora