9. verdades

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AVISO: esse capítulo contém uma cena que retrata as consequências de um aborto mal-sucedido. não deixei nada muito pesado ou explícito, mas achei melhor já deixar avisado por aqui.

#EUTROUXEAMELANCIA🍉

Meus pulmões ardiam em protesto enquanto corria junto com Jimin e Taehyung até a área dos funcionários do Naksansa. Cada martelada do meu coração doía em meu peito, as batidas aceleradas representando todo o pânico que sentia. Meu deus, Jiyoung precisava estar bem, ela precisava estar...

— O que aconteceu com o médico, Tae? — Jimin perguntou, agoniado.

— O cara enganou a gente, Jiminie — respondeu Taehyung, a voz pesada de dor enquanto seguíamos o caminho. — Ele não era médico coisa nenhuma. Eu ouvi os gritos da Jiyoung e fiquei desesperado, quase arranquei a porta da cabine pra tirar o doido de lá. Quando ele saiu, já era tarde demais, ela já estava...

— Estava o quê? — Jimin gritou.

— E-estava sangrando muito...

Continuamos a correr ainda mais apressados que antes e quase derrapamos pelo caminho de pedras até a cabine da dançarina. Algumas pessoas estavam paradas na pequena varanda da cabine, mas eu não consegui prestar muita atenção em quem estava ali; a preocupação com Jiyoung me cegava completamente.

Jimin abriu a porta da cabine com rapidez, comigo e Taehyung logo atrás, e já correu em direção a amiga. Senti meu corpo gelar até o último fio de cabelo com a visão de Jiyoung deitada naquela cama: sua pele, antes tão bonita e levemente bronzeada, estava completamente sem-cor; seus olhos sempre tão cheios de vida reviravam alucinados de dor. Ela mantinha os braços cruzados na barriga, tremendo incontrolavelmente no colchão, a voz bem fraquinha gemendo de dor.

Eu estava sem reação nenhuma, meu peito apertado ao ver a situação da dançarina e com as exclamações desesperadas de Jimin ao seu lado, que tentava ajuda-la. Era dor demais, preocupação demais como eu nunca havia presenciado antes.

— Ela precisa de um médico de verdade! — gritou Jimin, angustiado. Eu conseguia ver os tremores passando pelos seus braços, abraçados ao corpo quase desfalecido de Jiyoung. Ela parecia mais pálida a cada minuto, sua respiração ficando mais curta e sem força.

Eu não estava pensando direito nas consequências que aquilo poderia me trazer; só conseguia pensar que Jiyoung, minha noona, precisava de ajuda. Saí em disparada até minha cabine — Jiyoung precisava de um médico, certo? Pois eu conhecia um dos melhores de Busan.

Cheguei no hanok familiar e entrei o mais silenciosamente possível a fim de não chamar a atenção de minha mãe e Jeongsoon. Dei muita sorte de encontrar meu pai sozinho na pequena sala, sentado na poltrona com um livro nas mãos. Ao ouvir minha aproximação, ele levantou os olhos até mim e me encarou, confuso:

— Jeongguk? O que aconteceu com você? Por que sua calça está rasgada?

Fui até o armário de canto da sala e peguei a maleta de primeiros-socorros do meu pai, já voltando pra porta da cabine. Eu acho que ele acabou percebendo que a situação era séria, porque assim que me viu com aquilo em mãos, se levantou e me seguiu, apressado.

A preocupação com a dançarina era o que mais me assombrava naquele instante, porém eu não pude deixar de me preocupar um pouquinho com a reação que meu pai teria com toda aquela situação — afinal, o aborto não era exatamente legal no nosso país...

ritmo quente • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora