10. entrelaço

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#EUTROUXEAMELANCIA🍉

Bati três vezes na porta, a mão suada fechada em punho a fim de tentar conter a tremedeira nos dedos. Cada segundo passado era contado pelo pulsar em meu peito e meu coração parecia querer explodir, nervoso.

A porta se abriu revelando um Jimin descalço e de camisa larga. Seu pescoço e o início do peito eram evidenciados pelos botões soltos da peça de tecido branco, quase transparente; seus cabelos repartidos emolduravam o rosto bonito, que naquele momento estava marcado pela confusão.

— Posso entrar? — perguntei, minha voz um pouquinho trêmula.

Sem me responder, Jimin apenas abriu mais a porta e se afastou do batente, me dando o espaço suficiente pra entrar em seu quarto e logo fechando a porta atrás de nós.

Entrei lentamente no cômodo iluminado apenas pelas luzes penduradas nas paredes, uma música suave tocando ao fundo. Um tanto tímido, fiquei sem saber o que fazer e me sentei num banquinho encostado em uma das paredes desgastadas.

Jimin me observava quieto, as mãos nos bolsos da calça escura e a pose ereta, impassível. Eu precisava começar aquela conversa, mas fiquei completamente desnorteado com aquela visão – ele — à minha frente. Engoli em seco, tentando organizar a bagunça de pensamentos dentro de mim e pigarreei, sem-graça:

— É, então... E-eu só queria... — respirei fundo. Vai lá, você consegue, Jeongguk. — Saber como você 'tá — completei.

Jimin parecia um pouco surpreso com a minha fala, mas me deu um sorriso simples que não chegou aos seus olhos.

— Eu 'tô ok, acho — respondeu, evasivo. Caminhou até sua cama arrumada e se sentou ali, com as mãos entre as pernas e os ombros erguidos. — Na verdade, ainda bem que 'cê veio. Eu preciso te agradecer pela apresentação, por ter chamado seu pai... Sei lá, por tudo mesmo.

— Ah, que isso... — disse, coçando a nuca. Fiquei envergonhado com aquilo; eu não merecia nenhum agradecimento.

— É sério, Jeongguk. Você já fez muito por mim enquanto eu... — Jimin balançou a cabeça lentamente — ...eu só me intrometi na sua vida, te fiz treinar uma coreografia enquanto você deveria estar aproveitando as suas férias, fui grosso com você—

— Para, por favor.

Me levantei e fui até Jimin, me sentando ao seu lado. Eu não queria ouvi-lo dizer aquelas coisas, a culpa em sua voz tão explícita que me fez sufocar.

— Você não me forçou a fazer nada, treinei com você porque quis te ajudar. Não perdi nada fazendo isso, na verdade ganhei a dança e... — e você, minha mente completou. — E precisava te pedir desculpas também. Meu pai foi horrível com você naquela noite.

Jimin desviava seu olhar de mim, seu corpo travado enquanto ele respirava fundo. Ele parecia querer impor uma distância entre nós, motivado pela carga de sentimentos ruins que o assombrava. Eu podia ver através de sua linguagem corporal a batalha travada na sua mente.

— Seu pai não fez nada que eu não merecia.

— Não, isso não é verdade! Você nunca deveria ter sido tratado daquela forma. Ninguém deveria.

— Não sei não... — murmurou.

— Mas eu sei — respondi, agarrando um de seus braços por impulso. — Por favor, não se maltrata assim. Machuca muito.

Jimin levou seus olhos até os meus, angustiados. Eu odiava vê-lo se colocando pra baixo quando eu sabia que ele era incrível, a melhor pessoa do mundo. Ele levou seus dedos até os meus, ainda em seu braço e me disse de voz baixa:

ritmo quente • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora