eu quero mais que um, mais que mil e mil e um

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S O O B I N

Querido Diário,
Eu nunca mais vou beber.

A bebida é uma coisa criada pelo próprio capeta para fazer a gente, seres humanos, passar por situações constrangedoras, vergonhosas, vexaminosas e outros adjetivos horríveis.

Pelo menos, quando você bebe até o cu fazer bico, nenhuma dessas coisas é lembrada por você e como diz aquele ditado: se eu não lembro, eu não fiz.

Infelizmente, para o meu grande azar, eu ainda lembro com detalhes vívidos a vergonha que eu passei na noite passada e eu juro, por tudo que há de mais sagrado nesta Terra, que se eu pudesse cavar um buraco e viver embaixo da terra pro resto da vida eu faria. Deve ser incrível a vida de toupeira.

Depois de sair correndo do quarto como se estivesse em algum dorama e meus amigos virem atrás de mim preocupados, eu simplesmente gritei e mandei que eles fossem a merda. Dentro da casa da minha avó. Já eram quase duas da manhã.

Meu tio saiu do quarto com sangue nos olhos e quase me esfolou quando viu a minha situação, ele simplesmente me levou pro meu quarto me puxando pela orelha e disse:

"— Deita nessa merda e dorme, bêbado fedorento"

E aí saiu do quarto batendo a porta com tanta raiva que eu ainda estou impressionado de como ela não caiu.

Minutos depois minha avó entrou, e eu só sei que era ela pelo carinho que recebia no cabelo e pelo fato de que ela se deu ao trabalho de tirar meu tênis dos meus pés. Eu só me sinto mais merda ainda por saber que eu a acordei e ainda dei trabalho, como se eu fosse a porra de um adolescente de quinze anos.

Enfim, eu acordei sozinho de manhã, deitado todo torno nos colchões nada confortáveis da minha "cama de casal", e ainda estava vestido de Mavis. Minha boca com um gosto amargo e minha cabeça explodindo feito fogos de artifício no ravellion em Copacabana, as imagens do dia anterior inundando minha mente sem delicadeza nenhuma me fazendo rolar de um lado ao outro, desejando esquecer tudo, principalmente a cara de preocupação que Yeonjun fez depois que eu disse que ele nunca mais ia me beijar.

Eu sou muito trouxa.

Saí da cama a muito custo, porque por mim eu ficaria deitado até criar raizes ou até que minha bexiga explodisse e eu acabasse nadando num mar de xixi. Feito um inválido e um velho com a fralda cheia eu me arrastei para fora, me segurando nas paredes como se a casa toda girasse. Minha disposição para viver sendo tão real quanto o bom governo bonossauro.

— Escuta, garoto. — eu sinto uma gotinha de xixi vazar assim que escuto da voz do meu tio. — Preciso ir na IKEA hoje e quero que você vá comigo.

O dito cujo está parado no meio da sala, as mãos na cintura como se ele fosse o Super-Homem — só falta a capa — e o olhar fixo em mim.

Ainda acho que ele quer me bater depois da noite passada, mas meus neurônios ainda estão um pouco lentos por causa do álcool.

— IKEA? Em Seoul? — pergunto todo grogue, tentando manter meus olhos abertos e falhando, a claridade que entra pela janela quase me cega.

Eu pensei que fosse sete horas da manhã, mas o relógio na parede indica quase dez, o que significa que eu perdi o café da manhã e que agora faz sentido o ronco que meu estômago acaba de dar.

Peraí... Meu tio quer me arrastar para Seoul? De novo? Só pode ser algum tipo de brincadeira com a minha cara, porque não é possível que queiram me enfiar num carro e me levar para Seoul de novo, pela segunda vez na semana. Acho que nem quando eu morava lá eu saía tanto pra vagabundear pela cidade.

Hot tub, nice buttOnde histórias criam vida. Descubra agora