me cerco de boas intenções e amigos de nobres corações

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S O O B I N

Enfim estou de volta ao lar. Eu sempre pensei que esse momento seria o mais maravilhoso da minha vida, já que eu desejei isso desde o meu primeiro dia em Sokcho, só agora tudo parece tão... estranho.

Não tem o meu tio acordando de mau humor e resmungando alguma coisa que deveria ser um bom dia, nem a minha avó saindo de seu quarto já toda trabalhada no azul e muito menos o gato gordo se esfregando na minha perna, pedindo que eu dê algo para ele comer. Na minha casa é tudo completamente diferente do Éden, e em outras circunstâncias eu agradeceria por isso, mas agora eu meio que sinto falta.

Acho que eu me acostumei com toda a simplicidade e falta de espaço da casa da minha avó, me acostumei em ter refeições com várias pessoas em um salão, me acostumei a dormir em uma cama um pouco menor e em um quarto onde mal cabiam quatro pessoas ao mesmo tempo. No pouco tempo que eu vivi no Éden eu simplesmente esqueci como era a vida que eu levava em Seoul.

Lá não tinham festas, nem meus amigos de bebedeira, muito menos havia coisa além do trabalho para se fazer. Sim, eu sei que eu aproveitei bem o tempo com os meus amigos lá, que foi divertido, mas esse é o ponto: foi divertido. Se eu não tivesse ido, se lá no começo eu tivesse batido o pé e dito que eu não iria nem a força para Sokcho, meus últimos dois meses seriam do mesmo jeito que tem sido a minha vida desde que eu me formei no colégio.

Ir em festas de gente que eu não conheço, fazer umas amizades que não prestavam pra porra nenhuma, voltar tarde pra casa depois de virar a noite enchendo a cara e dando mais e mais decepções aos meus pais.

Acho que no fim das contas eu meio que amadureci um pouco no tempo que fiquei no Éden.

Se qualquer uma daquelas pessoas me chamasse agora para uma festa mais tarde, com certeza eu ia preferir ficar em casa do que ir encher a cara com um bando de gente que não moveria nem uma palha por mim. Em algum momento eu devo ter aprendido a dar valor as minhas amizades de verdade, não sei muito bem quando que aconteceu, mas fico grato que tenha acontecido.

Imagina se eu tivesse brigado com os meus pais sobre ir para o Éden? Nada do que eu tenho agora existiria. Eu não conheceria o Yeonjun, Beomgyu não teria se descoberto e se apaixonado por um cara, Kai não teria ido a um encontro com a minha prima e Taehyun e Yeonjun teriam só tido dois meses de puro tédio. Como é que é o negócio do simples bater de asas de uma borboleta?

São pequenas coisas que são capazes de afetar as grandes. Algo assim.

Faz só um dia que voltei para casa, mas já sinto como se tudo tivesse mudado drasticamente.

A começar com o fato de que eu não quis tomar leite de morango pela manhã, e isso espantou meus pais e a senhora Kim, já que eu sempre dizia que beberia aquilo até quando fosse um senhor idoso com três gatos e dois cachorros. Claro que não significa que eu tomei café, ainda é um pouco difícil para mim tomar esse negócio horrível, mas eu tomei um suquinho de laranja e comi torradas. E detalhe: eu mesmo que preparei tudo.

Então é assim que começa o dia da independência de Choi Soobin? Fazendo o café da manhã sozinho?

Eu também arrumei o meu quarto, tipo, ele toda, não só a cama. E mais uma vez fiz isso sozinho, mesmo que a senhora Kim tenha dito que me ajudaria, eu disse que ela não precisava se preocupar, que eu conseguiria dar conta. Foi sofrido, eu fiquei com uma puta dor nas costas no final, mas foi tão bom ver meu cantinho todo arrumar e saber que eu que tinha feito aquilo.

Beomgyu não me ajudou e eu nem pensei em pedir para ele, o meu amigo ainda parece bem pra baixo sobre o que aconteceu em relação aos pais dele, sem contar que ele estava criando coragem para contar para Taehyun o que havia acontecido.

Hot tub, nice buttOnde histórias criam vida. Descubra agora