Harry se sentia sozinho. Desde que assumirá a empresa do pai como diretor interino dois anos antes, toda a sua vida se baseava em reuniões sem fim, atas com palavras difíceis demais e assinaturas rubricas do seu nome no final de páginas que valiam alguns milhões.
Voltar para casa era apenas mais um dos momentos de constatação gritante daquele sentimento. Tudo era muito grande, largo, espaçoso e vazio.
Talvez ele devesse aceitar a ideia de viver com a própria companhia de uma vez – por mais difícil que pudesse parecer –, encontrar um coach, praticar polo ou qualquer coisa igualmente britânica para resolver aquele problema. Mas – porque sempre haveria um mas em qualquer decisão na sua vida – nenhuma daquelas opções parecia certa, uma solução a longo prazo ou mesmo funcional para si.
Montar a cavalos exigia um esforço físico e psicológico que ele não estava disposto a fazer. Um coach, solução de sua irmã mais nova na semana passada sobre o problema, mais soava como usar fita adesiva para juntar uma barragem que se rompeu. E. Ah. Conviver consigo mesmo era algo que ele vinha fazendo há vinte e cinco anos e, por experiência própria, ele poderia fazer uma avalição de duas estrelas sobre isso.
Então, enquanto descia as escadas da sua casa naquele dia – após um contrato fechado com uma antiga empresa concorrente que o deixou com vontade de se jogar do topo de um prédio – Harry apenas pensava a mesma coisa de todos os dias; algo, alguém, qualquer coisa para que ele se sentisse menos como um mártir ou eremita e mais como um ser humano real.
Era seu aniversário, pelo amor de Deus. E nem assim Gemma poderia vir vê-lo, por exemplo. Era apenas... Harry. Outra vez. Depois do trabalho – com uma festa tosca com cupcakes feita por alguns de seus funcionários – e exausto.
Sua irmã estava em algum lugar da América Central salvando algumas vidas – vidas de pessoas ricas com preguiça de resolverem seus próprios problemas – como representante da Styles, a pedido de Des. A garota queria provar que poderia fazer aquilo. Ser uma mulher de negócios. Pegar o lugar de Harry – o lugar que ele lhe daria de muito bom grado, se pudesse – e assumir o mundo.
Sinceramente, o Styles não precisou fazer muito para estar ali. Era um aluno razoável, faculdade de administração e economia em Oxford. Um estágio idiota e pronto. Mesmo que ele não quisesse aquilo como Gemma queria.
Desmond proprôs que ela teria que fazer o dobro do que Harry fez para ter aquele mesmo lugar depois de saber as verdadeiras vocações dos seus filhos – com a premissa de que Harry lhe daria o seu lugar (sim, na primeira oportunidade). Então, ter sua irmã longe, atrás de seus sonhos, não era algo que ele poderia reclamar ou fazer algo a respeito. Porque era injusto. Ele não deveria complicar mais.
Ao invés disso, o homem apenas olhou o relógio na parede da sala e puxou o celular do bolso. Ele poderia ter um feliz aniversário, pelo menos. Certo?
Sua irmã atendeu no terceiro toque e, sim, certo, porque aquilo foi a primeira coisa que ele ouviu num grito meio sussurrado tendo como fundo vozes masculinas em espanhol.
— Obrigado, Gemms. — O mais velho suspirou, segurando um pequeno sorriso. — Estranho se eu disser que passei o dia esperando por isso?
A garota riu. Deus. Ele poderia imaginá-la quase na sua frente agora. Sentia saudades.
— Na verdade, seria um pouco triste, sim. Mas eu dou um desconto por hoje. De qualquer forma, estarei de volta a Londres em breve e quero te ver, também. Em um restaurante legal e com você pagando, de preferência
— Em breve quando? — Perguntou em expectativa, a voz aumentando um tom antes de continuar. — Mas, sim. Sim, claro. Restaurante. Soa bom.
— Se tudo der certo com a conferência de amanhã e nossos queridos amigos americanos concordarem em mandar um representante para a Inglaterra como experiência na empresa, em uma semana. Uma e meia, no máximo.
— Você vai conseguir fazê-los assinar, tenho certeza.
— Ah, eu também tenho. — Gemma assentiu, confiante. — Mas agora vamos falar da parte boa: Você já abriu seu presente?
Harry franziu o cenho, apertando um pouco o celular contra a orelha antes de encostar-se nas almofadas brancas do sofá.
— Presente? Que presente?
— Harry, há uma caixa enorme na sua sala de jantar. E vermelha. Tem um laço de cetim! Como você não viu?
Como ele não viu?
No mesmo instante, Harry leventou-se do móvel, correndo como uma criança hiperativa direto para a árvore de Natal. Ele murmurou algo sobre sua irmã não precisar gastar nada com ele mas ambos conseguiam sentir a felicidade do homem, ação que rendeu um resmungo satisfeito de Gemma e um: fale comigo depois para me dizer o que achou. Amo você. Harry respondeu um tanto relapso, mas animado. Largou o aparelho de qualquer jeito em uma das cadeiras do corredor e então. Lá estava. Ele se arrependeu de ter pulado o jantar e não ter visto aquilo antes.
Era mesmo uma caixa vermelha, com um laço de cetim. E, estranhamente, haviam alguns furos nas laterais enquanto, desengonçadamente ela movia-se de forma trêmula. O que era estranho. Estranho o suficiente para quase fazer Harry voltar, pegar seu celular e gritar com Gemma. Quando ele falou com ela um tempo atrás queria dizer que a solução não seria um cachorro. Deus.
Ele olhou a caixa outra vez, por um tempoquase longo. Olhou para o corredor e de volta antes de dar dois passos a frente do objeto, puxando a fita e desfazendo o laço enquanto escutava o balanço inquieto outra vez, olhando para dentro até que...
Não era um cachorro. Era só... Era um... Harry olhou o pequeno ser humano dentro do cubículo com as sobrancelhas franzidas, ele tinha orelhas de gato marrons, uma carinha irritada, e os braços minúsculos empurrando a lateral da caixa como se quisesse movê-la para algum lugar.
Pocket. Um gatinho. Híbrido. Na sua casa, dentro de uma caixa. Quando Harry soltou um suspiro surpreso o serzinho bravo levantou a cabeça, orelhas achando-se depois de um chiado assustado. Se Styles fosse atendo o suficiente, seria capaz de notar as mãos vermelhas em um provável esforço para se livrar de onde estava preso.
Puta merda. Ele também iria matar a sua irmã.
— Alô! Ei, me tira daqui! — A criaturinha falou, assustando Harry dessa vez. Eles falavam? Por que Harry não sabia disso? E, ok. Calma. Eles também tinham ficha de devolução, não é? Ele vai matar Gemma. Duas vezes. — Ei, você!
— Ahn... Oi. — O maior tentou, ainda olhando para dentro da caixa. Havia uma pilha de caixinhas transparentes um pouco menores ao lado do... garoto-gato. Um pouco mais de balanço e iriam engoli-lo inteiro. — Oi.
— É só colocar a sua mão! — Tentou outra vez, nessa, seu tom de voz tinha um tom quase manhoso, como se estivesse com medo. O menor apontou freneticamente para o ar, abrindo e fechando os punhos como se chamasse Harry. E... Ok. Certo. Tudo bem. Ele poderia fazer isso. Pelo menos em teoria.
Styles estendeu sua mão para ele, o rapaz tinha, se desse sorte, o tamanho do seu antebraço e uma cauda marrom para acompanhar as orelhas puladas. Deus sabe o quanto ele estava segurando-se para não gritar quando sentiu o serzinho engatinhando sua mão, usando o polegar como apoio antes de segurar na barra da sua camiseta social.
Para Harry, aquilo era esquisito para cacete. Para o pequeno híbrido, era como escalar uma montanha inteira, sem ajuda de cordas.
Quando Harry estendeu sua mão para cima, na altura do rosto em total confusão, o menor encontava-se sentado sobre sua palma com um sorrisinho. Suas pernas penduradas no ar balançando tênis vermelhos.
— Oi, eu sou o Louis. — Disse, empinando um pouco seu queixo, enquanto levantava as mãozinhas e gesticulava para si mesmo. — Feliz aniversário.
Harry solenemente não sabe como não desmaiou e deixou o ser na sua palma cair no chão junto a si.
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little pocket love ♡ larry stylinson
Hayran KurguHarry Styles é diretor interino da empresa do pai há dois anos e se sente solitário por ter aquilo tomando parte de toda a sua vida. Como solução para isso - e depois de ver Harry quase definhando no trabalho -, no seu aniversário de vinte e seis a...