Capítulo 17

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Aquele clima e a tensão sexual entre as duas durou o resto do encontro e o caminho de volta pra casa. Na cabeça de Tobin passava mil e uma possibilidades do que Chris diria se não fosse a interrupção do garçom. Na cabeça de Chris, a certeza de que havia mexido com a mente e sanidade da amiga/ficante/colega de apartamento.

A cada semáforo em que elas paravam, acontecia a troca de olhares e ao fundo a voz de Day dando a trilha sonora ao momento:

Fica, mina
Tu é tipo minha sina
Eu piro de vez
Eu quero uma vez
Eu vi o que cê fez

- Tu faz de propósito, né?

- Pode ter certeza que sim, Tobin. - Chris se divertia com a situação e com todas as reações de Tobin. Sabia que estava levando a outra ao extremo e estava disposta a aguentar as consequências. Totalmente disposta. 

Entraram na garagem do prédio e Tobin parou o carro na vaga destinada ao apartamento de ambas. Não eram necessárias muitas palavras. Nenhuma, na verdade. Ao entrar no elevador, parece que sincronizaram o tempo que as portas levaram pra se fechar e o tempo que as duas levaram pra se agarrar.  Provavelmente dando um show para o porteiro da noite, nada disso se passou pela cabeça de nenhuma das duas. Tobin apertava o corpo de Chris contra a parede do elevador mas por volta do quinto andar, o jogo virou e Tobin viu seu corpo ser jogado contra a parede do lado oposto da caixa de metal.

Por sorte delas e de um possível processo, ninguém pediu o elevador até que ele chegasse no décimo terceiro andar, fazendo com que ambas voltasse momentaneamente pra realidade, passassem as mãos pelas roupas amassadas e saíssem como se nada tivesse acontecido, mas foi só fecharem a porta do apartamento e a agarração voltou com força.

Tobin teve seu corpo empurrado até o sofá e sem ter tempo de processar, viu Christen ligar a TV, pegar seu celular e espelhar uma playlist. Ao som de Pouca Pausa, Press caminhou até o sofá, sentando no colo de Tobin e fazendo questão de fazer tudo bem lentamente.

Press dançava, rebolava, provocava Tobin, que por sua vez já havia perdido a última gota de juízo. Ainda rebolando no colo da outra, Press tirou sua própria camisa e jogou no chão, encarando o olhar de Tobin por seu tronco coberto apenas pelo sutiã de renda. O olhar sedento e as mãos de Tobin passeando desde suas coxas até seus seios cobertos fizeram Press soltar um pequeno gemido. 

- Há quanto tempo tu tem essa playlist, Press? - Tobin perguntou entre os beijos e mordidas que distribuía pelo pescoço de Chris, arrancando mais suspiros  e gemidos da outra.

- Desde quando eu percebi que queria transar com você... - percebendo o efeito que sua frase tinha feito na outra, Chris aproveitou pra se livrar das mãos de Tobin e levantar de seu colo, caminhando até seu quarto e deixando seu short pelo caminho. Parou na porta do quarto, olhou pra Tobin ainda sentada no sofá a encarando com aquela cara de besta que era exclusiva apenas para admirar Press. - Tobs, eu espero que você chegue aqui com muito menos roupa do que você está agora.

***

Tobin acordou na manhã seguinte e percebeu que estava sozinha na cama. Sentou e fez uma retrospectiva da noite passada, ainda sem acreditar nos acontecimentos. Olhou ao redor no quarto e as roupas íntimas espalhadas pelo chão do quarto eram provas de que tudo tinha sido real. Ela fez uma pequena comemoração e olhou seu relógio, ainda eram 9 horas da manhã. Provavelmente o primeiro sábado de sua vida que ela acordara antes do meio dia e também de bom humor. Levantou e fez sua higiene, vestindo a primeira roupa que encontrou em seu quarto e saindo pra procurar Press.

Encontrou uma Press apenas de calcinha e usando a camisa que Tobin havia deixado ontem pela sala. Ela segurava em uma mão o coador de café e na outra uma panela leiteira. O cheiro de café já invadia o apartamento. Press percebeu que estava acompanhada.

- Bom dia! Eu quero gravar essa cena pra sempre na minha memória. Você é linda. - Press riu, terminou de passar o café e fechou a garrafa térmica, passando por Tobin e parando na sua frente. Ficou na ponta dos pés e enlaçando o pescoço da outra com a mão livre, deixou um beijo molhado e demorado nos lábios de Tobin.

- Bom dia! - Press disse ainda com os lábios colados aos de Tobin - Dormiu bem?

- Sim, as poucas horas de sono foram perfeitas, mas não mais do que as horas em que estávamos acordadas. - as duas riram e Chris seguiu para a mesa de jantar que já estava posta com pão, queijo, bolo e ovo frito, recebendo um tapa na bunda assim que ficou de costas pra Tobin.

- Eu quero saber se te dei essa ousadia, Tobin Heath!

- Chris, você me deu muito mais do que essa ousadia ontem! - as duas gargalharam e Tobin recebeu um tapa no braço.

- Tu ta toda engraçadinha, né? Vai fazer o que hoje?

- Vou levar o carro da Alex de volta pra ela e depois vamos... é, nós vamos... - Tobin parou por um segundo pois não conseguia pensar em uma desculpa boa o suficiente - Eu vou acompanhar ela ao hospital.

- Alex ta doente? Eu vou tamém.

- NÃO! Não precisa, é só exame de rotina, não precisa, Press.

Mesmo achando aquilo muito estranho, Press não questionou e preferiu dar um voto de confiança a Tobin. Ela mal sabia que suas amigas planejavam uma festa surpresa do seu aniversário em alguns dias e que essa festa não seria a única surpresa.

Futebol e outras drogasOnde histórias criam vida. Descubra agora