Motivo 19

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Seu jeitinho tímido

Lili Reinhart


Tudo parece parar ao meu redor, ao ouvir aquelas palavras.

Convulsão.

Uma porra de uma convulsão.

E tudo que eu falei para ele antes foi mandar ele ir a merda. Se algo acontecer com Cole aa minhas últimas palavras foi; "vai a merda". Eu quero bater em mim mesma.

Assenti e saí imediatamente dali, procurando por Barb, ela estava conversando com Luiza com os olhos tristes. Me aproximei e a mesma me abraçou.

– Ele tem que fazer os tratamentos. – ela disse para nós. – Eu não posso perder outro paciente sobre os meus cuidados para essa maldita doença!

Ela estava com lágrimas nos olhos, meu coração se apertou mais ainda e eu a abracei ainda mais forte.

Algumas horas havia se passado e sim, horas. Cole já estava recendo vistas. Primeiro seu pai e seu irmão logo depois sua mãe. Ela e o pai de Cole mal se olhavam direto, e o clima estava totalmente estranho entre eles.

Apriveitei que eu teria que ir no quarto do Cole verificar se ele estava bem e fui, assim que bati na porta ouvi sua mãe falando "entre". Respirei fundo e ajeitei meu rabo de cavalo antes de abrir a porta.

– Oi. – digo e os dois olham para mim.

Cole e eu ficamos nos encarando, depois desviamos o olhar. A mãe de Cole percebe que estamos meio incomodados.

– Vou deixá-los a sós, sei que vocês precisam conversar. – ela se levanta e me dá um leve sorriso.

Interessante como nossa amizade mudou daqui pra lá.

Continuei de cabeça baixa, Cole e eu não dissemos nenhuma palavra, mas eu resolvi quebrar o silêncio constrangedor que estava instalado naquele local. Suspirei antes de falar.

– Eu fiquei com medo. – sussurro mas ele entende.

– Achou que eu iria morrer e se sentiu mal por suas últimas palavras serem "vai a merda"? – ele diz rindo. – Não se preocupe, Lili. Suas últimas palavras para mim antes da minha morte serão melhor. Tipo, "um pé na sua bunda".

É sério que ele está fazendo piada uma hora dessas? Ele percebe meu olhar e tira seu sorriso do rosto.

– Você está achando essa merda toda engraçada? – digo me aproximando. – Você quase morreu e agora está fazendo piadas?

– Eu só quero que antes de morrer, saibam que eu morri feliz, fazendo piadas. – ele abre outro sorriso.

– Você imagina o quanto sua mãe sofreu achando que tinha te perdido? Seu pai? Seu irmão? Barb, Luiza...? Eu!? – digo um pouco mais alto.

Ele apenas me encarava.

– Oh, claro que não. Até porque você só pensa em você mesmo! – ele parece se arrepender das piadas sem graça que fez. – Olha, Cole. Eu entendo que você já tomou sua decisão, de que não vai continuar com o tratamento, mas em algum momento tomou essa decisão pensando em todos ao seu redor?

Ele ri sem graça.

– Eu só quero morrer logo, para tirar todos aqueles que gostam de mim do sofrimento.

– E você acha que morrendo vai melhorar a situação? Que todos irão pular de alegria porque você se foi? Para não terem mais que te aturar? Por favor, Cole! Pare de pensar em você pelo menos uma vez na sua vida! – percebo que estou chorando.

Ele apenas me encarava.

– Pense nas pessoas que te amam. Pense em sua mãe, seu pai, seu irmão, Barb, eu! – me aproximo ainda mais. – Você sabe melhor do que ninguém que se voltar com os tratamentos agora irá melhorar, você está se recusando a acreditar mas eu sei melhor do que ninguém que no fundo, você ainda tem esperanças! – pego sua mão. – Eu e todos aqueles que se importam com você não iremos aguentar ver você partir. Você só tem 22 anos! Ainda queremos te aturar por vários! – agora minhas mãos estão em seu rosto.

Seu olhar estava frio, ele não esboçou nenhuma reação, apenas ficou me encarando.

– Eu já tomei minha decisão. – ele diz frio.

Me levanto rapidamente da cama, enxugo minhas lágrimas e o olho ainda com esperanças, mas parecia que ele realmente não iria mudar de idéia.

– Eu sou uma tola. Uma tola por achar que iria te fazer mudar de idéia, que eu era importante na sua vida a esse ponto. Mas nem a mulher que te carregou no ventre por 9 caralhos meses convenceu, quem dirá eu, que te conheço nem três meses direito! – espero uma resposta.

– Eu te comrrompi, você está falando muitos palavrões.

Isso foi a gota d'água.

Saí correndo do quarto e ignorei a todos que me chamaram, tentei segurar as lágrimas mas não consegui. Fui para o banheiro e me tranquei em uma das cabines, me sentei na tampa do vaso sanitário e comecei a chorar mais ainda.

Como eu deixei um cara que conheci há 3 meses ser tão importante na minha vida? Só para me magoar de novo?

Ouvi a voz de Bárbara me chamando, e enxuguei as lágrimas.

Cole Sprouse

Devo confessar, ver Lili chorando e saindo de meu quarto partiu meu coração.

Eu não tenho mais esperanças, eu sei que não vou melhorar dessa maldita doença, mas fazer todos aqueles que se importam comigo chorar, é muito ruim. Senti que uma lágrima caiu e enxuguei a mesma. Respirei fundo e encostei minha cabeça no travesseiro.

Comecei a pensar em Lili, em como aquela garota está mexendo comigo. Em como em apenas 3 meses ela virou meu mundo de cabeça para baixo e se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Dylan entra no quarto e eu me levanto novamente.

– Por que aquela enfermeira saiu correndo e chorando de seu quarto? – ele me perguntou.

– Tivemos uma briga.

– Col... – ele chama minha atenção. – Eu achei estranho o quanto vocês parecem está muito mal. Então, desembucha.

Respiro fundo e aperto meus olhos.

– Eu gosto dela... – confesso. – Mas estou sendo um babaca, eu não a mereço.

– Vocês brigaram porque ela tentou te convencer a fazer os tratamentos, não foi?

Droga, ele realmente sabe muito sobre mim.

– Sim, ela nem ninguém entende que eu perdi minhas esperanças.

– Talvez ela apenas esteja com medo de te perder porque está muito apegada a você. Porque ela enxerga vocês, daqui a cinco anos casados, morando em uma casinha bem longe do centro, com dois filhos e um cachorro. Ela só tem medo de te perder, por isso não aceita que você já tomou sua decisão. Porque te ama.

Aquelas palavras me fizeram o encarar, bem no fundo de seus olhos, percebi que ele estava falando sério.

– Ela só me conhece a 3 meses.

– Quando o amor é verdadeiro, não tem tempo. – sua voz era suave.

De repente, tive uma ideia maluca. Bom, não uma idéia, e sim uma decisão. Agora, depois de ouvir essas palavras de Dylan e refletir por 5 segundos cheguei a uma conclusão.

– Chame a Barb, mamãe e papai.

– O que? Por quê? – ele diz confuso.

– Eu quero lhes dá a notícia. – me sento. – De que vou voltar com os tratamentos.

⊶─────≺⋆≻─────⊷

Uahsususuaua

até segunda!

50 Motivos Para Te AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora