Capítulo 1 - O início de uma amizade

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POV da Ana

Tudo começou quando eu tinha apenas 8 anos de idade. Era um dia comum, sábado, morava em Taguatinga, Brasília. Neste dia meus pais resolveram almoçar fora, fomos ao restaurante andando, ficava muito perto, chegamos lá em menos de meia hora. O lugar é aconchegante, um"selvie serfice"de comida caseira. Havia muitas mesas de madeira, em todas haviam flores dentro de jarros, em uma delas, havia uma rosa que estava quase murchando, desde criança sou muito observadora.

Minha mãe e meu pai estavam pegando os pratos para colocar a comida deles, e eu observava tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Olhava para a porta, daquele pequeno restaurante, quando de repente, entrou uma família de quatro pessoas, um casal e dois filhos, eles vieram em nossa direção. Minha mãe, Cristine, olhou para eles e logo fez uma cara de reconhecimento.

A mulher que eu não conhecia veio até minha mãe, as duas logo se abraçaram e ficaram falando coisas do tipo: Quanto tempo! Essa é sua filha? Cresceu. Depois das perguntas e respostas, minha mãe finalmente lembrou de mim e meu pai, então finalmente, ela nos apresentou a eles, descobri que a mulher se chamava Lídia. Reparei em um dos meninos, ele é muito bonitinho, têm os cabelos loiros, olhos verdes e pele clara, foi amor a primeira vista. Havia outro garoto, que parecia ser mais velho que seu irmão, então ele não me chamou muita atenção. Cristine convidou a família para sentar conosco.

Terminamos de nos servir. Estávamos sentados, todos reunidos, conversando, e eu ,como sempre, fiquei na minha, não tinha facilidade de fazer amigos. O menininho fofinho e bonito resolveu se aproximar de mim no banco. Senti um frio na barriga na hora, ele começou a falar:

- Oi.

- Oi - disse sem jeito.

- Qual é o seu nome?

- Ana, e o seu?

- Dean - ele respondeu dando um sorrisinho.

- Bem diferente - comentei hipnotizada por seus olhos.

- E o seu é bem legal. Vou te chamar de Aninha!

À partir daquele momento, nós nos tornamos grandes amigos. Íamos um na casa do outro, quase todos os dias praticamente, frequentávamos a mesma escola e igreja. Havíamos nos mudado para um prédio de 10 andares; no primeiro andar morava Dean e seus pais, já eu, junto com meus pais vivíamos no terceiro andar. Minha mãe achou bom ter uma amizade com alguém confiável, e que ela conhecesse seus pais, neste caso ela conhece até demais.

Um dia, perguntei à minha mãe como ela havia conhecido a senhora Lídia, ela me respondeu que elas duas foram amigas de faculdade, só que se distanciaram com o tempo, pois a mãe de Dean tinha ido para Nova York, e conheceu o pai de Dean lá; ela acabou tendo Soren e Dean. Eles vieram para cá ainda muito novos, bebês praticamente, e acabaram aprendendo português, mas sabiam falar muito bem inglês.

***************

O tempo passou. Já estou com com 14 anos e Dean, 16. Era tarde de sábado quando recebi uma notícia trágica. Os pais de Dean iriam voltar para Nova York amanhã, ou seja, só tenho um último dia com ele. Era amiga dele faz anos, cinco para ser mais específica. Tomei um banho bem gelado para ver se acordava desse pesadelo!Meu melhor amigo vai embora!

Resolvi descer e ir até a casa dele. Quando bati na porta, Soren atendeu, vi seus pais indo de um lado para o outro, pegando caixas e arrumando as coisas. Soren olhou para mim e disse:

- Pode entrar Ana. O Dean está no quarto dele - ele falou dando um sorriso, Soren é gente boa.

Não recusei o convite. Fui logo entrando. Caminhei até o quarto de Dean, bati na sua porta, e ele me deixou entrar, quando a abri, vi que meu melhor amigo estava sentado em sua cama, segurando uma foto de nós dois juntos num parque de diversões (amo essa foto), ele estava com um olhar tristonho e perdido no chão. Dean finalmente olhou para mim, deu um sorriso encantador e falou com voz fraca :

- Vou sentir muito a sua falta - ele se levantou, veio em minha direção e me abraçou.

Minhas lágrimas foram mais fortes que eu, me venceram, não consegui segurá-las. Ele me soltou devagarinho, olhou para mim e perguntou, limpando meu rosto:

- Você está chorando?

- Não, imagina! - respondi sarcasticamente.

Ele deu uma gargalhada e seus olhos começaram a encher de água (aqueles lindos olhos verdes), dei um abraço nele e sussurrei em seu ouvido:

- Também vou sentir sua falta! Você foi meu melhor amigo Dean!

Ele me abraçou ainda mais forte quando eu disse isso. Mas, infelizmente momentos bons acabam rápido. Depois disso, o ajudei à arrumar suas coisas, empacotando, enrolando os troféus de esportes no jornal, e colocando em caixas de papelão. Depois de fazer tudo isso, Dean me chamou para vermos juntos o pôr do sol, fiquei pouco tempo, pois tinha que voltar para casa, minha mãe havia me ligado, dizendo que iríamos receber visitas para o jantar.

Cristine convidou Lídia e sua família para jantar conosco. Meus pais também estavam super tristes por tudo isso, principalmente minha mãe, ela iria ficar novamente distante de sua amiga.

Assim que cheguei em casa, fui até meu quarto tomar um banho e me produzir. Quando saí do banheiro, minha mãe bateu na porta de meu quarto, dizendo que Dean já havia chegado, e que ele estava na sala; eu ainda estava de toalha, então fui logo me arrumando. Coloquei um vestido florido 'tomara que não caia' e coloquei uma sapatilha melissa azul escura. Arrumei meu cabelo e pus uma tiara vermelha.

Quando abri a porta de meu quarto, Dean estava encostado na parede daquele extenso corredor, ele se virou para mim, assustado por eu ter aberto a porta de uma vez só. Meu amigo olhou para mim e disse:

- Ana, você está linda! - congelei naquele instante.

- Obrigada você também está!

- Eu tô linda?

- Não seu bobão! Tá bonito - começamos a rir juntos.

Já estava acustumada com essas piadas sem graça faz anos, sempre me fazendo rir de tão bestas que eram.

Te espereiOnde histórias criam vida. Descubra agora