5º dia, 5º mês, 1º ano

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As rodas do skate rolavam pelo piso liso enquanto o pé dava o impulso para ir cada vez mais rápido.

Diversos bruxos e bruxas precisavam se desviar do garoto para não serem atropelados. Alguns o xingavam e outros saltavam para o lado, tentando não colidir.

O menino freou abruptamente assim que se deparou com uma cena que ocasionou em seu cachecol amarelo e preto escorregar pelos ombros.

Apertou os olhos.

Johnny Tomlinson zombava de um primeiranista soltando diversas azarações que fizeram o grifinório inchar como um sapo-boi e flutuar no ar.

A maioria ao redor ria.

Dennis cruzou o amontoado de alunos se desviando em curvas perigosas e com manobras bem feitas até o alvo.

Com a varinha o fez planar suavemente e chegar normal até o chão.

O novato em Hogwarts agradeceu e correu, envergonhado.

Todos soltaram um muxoxo de decepção por não mais de divertirem a custa do azarado e encararam o herói da situação.

Dennis bufava de raiva.

— Escute, Johnny — mandou apontando para seu colega de Casa e causador do tumulto. — Não quero que faça mais isso com ninguém ou seu nome estará na mesa de McGonagall pela manhã.

O garoto grandão e bobão riu sem interesse na ameaça e se foi.

Outros admiravam pois entre eles só o menor dos Sacages era corajoso o suficiente para peitar o valentão.

Shamiran saiu em meio aos demais para cumprimentar o amigo.

— Isso foi incrível, Denn — elogiou, os olhos brilhando.

Ele desconsiderou.

— Tomlinson precisa tomar jeito e deixar de pegar nos pés dos novatos — criticou.

A menina revirou os olhos.

— Ele se acha agora que estamos no segundo ano e pensa que pode tratar os primeiranista como lixo.

De repente os dois amigos encontraram o olhar do outro.

Dennis sorriu. Shamiran Kovalski desviou a atenção para os pés, corando graciosamente.

— Quais as novidades? — mudou de assunto tentando dispersar a vermelhidão da face.

O sangue-puro deu de ombros e contou:

— Drew me mandou uma carta negando meu pedido de casamento — pisou na ponta do skate, que pelo impulso na força cerca, foi parar em sua mão. — Ela explicou que jamais gostaria de magoar a Ben, mas que em seu coração eu sempre seria o preferido dela — abriu um sorriso. — Astória apenas disse que a sociedade não aceitaria nosso enlace por conta da idade, mas que estava disposta a esperar eu chegar aos dezessete.

Agora as pequenas unhas furavam a carne das mãos por um forte aperto de raiva.

— Você pediu as duas em casamento? — questionou revoltada e infantil. — No mesmo dia?

Negou.

— Claro que não, Shamir — não soube porque utilizou o apelido que só Benedict a chamava. — Só na mesma carta.

A bruxa piscou inúmeras vezes.

Sacage sorriu, relembrando.

— Pedi primeiro a Astória a chance de se tornar minha esposa — explicou. —Mas como ela sutilmente declinou, a honra passou para Drew. Detalhei bem na carta que destinei as duas para não ficar confuso.

Um silêncio.

— Ah — lembrou de comentar. —Drewanne não ficou magoada por ser minha segunda opção, mas Astória se vangloriou muito disso.

A pequena sentia um misto de alívio pelo (amado) amigo não ter se comprometido com nenhuma das citadas, porém o ciúme corroeu e inflamou o corpo da menina de maneira mais completa.

Aquele fetiche infernal por garotas mais velhas.

— Se me pedisse em casamento... — exigiu coragem de si mesma para continuar: — Eu aceitaria na hora.

Dennis abriu a boca e não a fechou.

Por fim, diante do espanto, sorriu.

— Você é uma ótima amiga — disse e após jogar o skate de volta ao chão e subir, deu impulso. — Obrigado por me fazer sentir melhor!

Shamiran suspirou de modo infinito e profundo. Teria muito trabalho pela frente com Sacage.

Durante Esses Quatro Anos...Onde histórias criam vida. Descubra agora