Doces águas e claras do Mondego,
doce repouso de minha lembrança,
onde a comprida e pérfida esperança
longo tempo após si me trouxe cego;de vós me aparto; mas, porém, não nego
que inda a memória longa, que me alcança,
me não deixa de vós fazer mudança,
mas quanto mais me alongo, mais me achego.Bem pudera Fortuna este instrumento
d'alma levar por terra nova e estranha,
oferecido ao mar remoto e vento;mas alma, que de cá vos acompanha,
nas asas do ligeiro pensamento,
para vós, águas, voa, e em vós se banha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SONETOS
PoetryREPUBLICAÇÃO AUTOR: LUÍS DE CAMÕES AQUI SÓ POSSUE OS SONETOS SELECIONADOS PELA UNICAMP PARA O COMVEST 2021 O desejo de plenitude amorosa, as dificuldades existenciais e a injustiça dos homens estão entre os grandes temas do Renascimento presentes na...