Como quando do mar tempestuoso
o marinheiro, lasso e trabalhado,
d'um naufrágio cruel já salvo a nado,
só ouvir falar nele o faz medroso;e jura que em que veja bonançoso
o violento mar, e sossegado
não entre nele mais, mas vai, forçado
pelo muito interesse cobiçoso;Assi, Senhora eu, que da tormenta,
de vossa vista fujo, por salvar me,
jurando de não mais em outra ver me;minh'alma que de vós nunca se ausenta,
dá me por preço ver vos, faz tornar me
donde fugi tão perto de perder me.ANÁLISE
O Soneto 43 narra a história de um marinheiro que teme o naufrágio, mas por sua natureza de argonauta sempre retorna à embarcação. Paralelamente é possível perceber a analogia: nauta é o poeta e mar, a amada. O eu-lírico vive a fugir da tormenta sempre a jurar o término do amor. Porém, como a ligação com ela é mais forte (minh’alma que de vós nunca se ausenta), ele, como um refém retorna a ela. Trata-se de uma luta vã, pois a mulher mulher é sempre o polo dominante - suserana.
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SONETOS
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