Ah! minha Dinamene! Assi deixaste
quem não deixara nunca de querer-te?
Ah! Ninfa! Já não posso ver-te,
tão asinha esta vida desprezaste!Como já para sempre te apartaste
de quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te,
que não visses quem tanto magoaste?Nem falar-te somente a dura morte
me deixou, que tão cedo o negro manto
em teus olhos deitado consentiste!Ó mar, ó Céu, ó minha escura sorte!
Que pena sentirei, que valha tanto,
que inda tenho por pouco o viver triste?ANÁLISE
Uma revolta inicia o texto: o eu-lírico não concebe a ideia da morte de sua amada. Entende, porém, o fim da vida como algo que não impossibilita o diálogo com Dinamene e, então, promove uma conversa diretamente com ela, não em sonho, mas por conexão afetiva, desesperadora...
O segundo quarteto se vale outra vez do verbo “perder” como sinônimo de amar – o poeta se perderia se ela ficasse/estivesse viva. Ele então revela a causa mortis: as ondas do mar.
O primeiro terceto parece um espasmo de dor no “EU”: chora o fato de a ingrata lhe deixar por companhia a morte, como se isso fosse uma escolha de Dinamene.
Subitamente a ironia se forma na última estrofe: o poeta arruma força nietzschiana (mesmo sem ele existir!) para sobreviver, ainda que na tristeza...
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SONETOS
PoesiaREPUBLICAÇÃO AUTOR: LUÍS DE CAMÕES AQUI SÓ POSSUE OS SONETOS SELECIONADOS PELA UNICAMP PARA O COMVEST 2021 O desejo de plenitude amorosa, as dificuldades existenciais e a injustiça dos homens estão entre os grandes temas do Renascimento presentes na...