Capítulo 9: Olho por olho, dente por dente!

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 Quando as aulas terminaram, May foi até o garoto de botas, que, sentado em um banco de praça, soltava "cantadas de pedreiro" para as garotas que passavam e ria dos foras que tomava.

 -Por que voce faz isso? - Pergunta May

-Ah, desculpe! Não sabia que estávamos namorando! -respondeu o garoto

-Grosso! Era só uma pergunta!

-Realmente é muito grosso! - respondeu o garoto com ironia - Agora vamos ao que interessa: Voce já usou as mãos para dar um soco em alguém ou tem medo de quebrar as unhas??

- Além de grosso é machista! Voce devia ter vergonha!!

- Eu não tenho um pingo de vergonha! Aliás, foi voce quem veio falar comigo. Pode dar meia volta e ir embora se quiser, ou pode olhar para trás e ver o rosto no qual voce vai enfiar as unhas...

 May se vira e vê, atrás de si, uma das garotas mais populares da escola. Filha de um dos comerciantes, a garota sempre ostentava do bom e do melhor! Nunca dirigiu uma palavra a May, mesmo assim, May não tinha nada contra a garota de cabelos longos e pele amarela. 

- O que ela te fez? Recusou uma das suas cantadas ridículas? - Questiona a garota

-Voce faz perguntas demais! Vai topar ou não??

 Os pensamentos ferviam na cabeça da garota da cidade grande. O que ela perderia com isso? Talvez apanhasse um pouco, mas teria ao menos um amigo. Mas e se ele só quisesse rir da briga, e depois a ignorasse como todo mundo ali fazia? Bom, ela não tinha nada a perder, a não ser mechas de cabelo. Valeria a pena a amizade com aquele garoto de atitudes tão grossas?

-Eu topo! - Disse May

-Otimo - Respondeu o garoto, puxando a garota pelo braço - Mexe essa bunda antes que ela suma de vista!

 Seguindo a vítima, os dois jovens seguiam calados. Aproveitando que a garota de cabelos longos entrou em um dos becos da cidade e que o mesmo estava vazio, o parceiro de May a incentiva:

- É agora!!

 May, ainda com medo, começa a correr em direção a vítima. O pavor vai dando lugar ao ódio, conforme lembrava de tudo que passou até ali. As provocações, os chingamentos, o isolamento forçado. Alguém tinha que pagar por tudo aquilo, e seria aquela garota. Se aproximando da outra garota, May a puxa pelo cabelo. A garota agredida perde o equilíbrio e cai.

 -Você está maluca? - Grita a vítima

-Ah sim, muito. Nada pessoal, mas voce vai ter que pagar - Diz May cravando as unhas na cara da oponente

-Mas eu não te devo nada. O que eu te fiz? - A garota indaga enquanto tenta se defender de May

May não responde. Com todo o ódio que tinha em seu coração, começa a estapear sua oponente, que sem entender o por que daquilo, não esboça reação. Nesse momento, o garoto que acompanha May, grita:

-Bate nessa vadia que nem homem!! Dá socos!

 May continua derramando sua raiva na garota. Agora, de punhos cerrados, ela acerta o nariz da garota, que começa a sangrar. Ao olhar para o lado, May vê seu companheiro passar correndo a toda velocidade. Antes de se virar, ela sente um golpe nas costas e com o impacto, é arremessada no chão, distante de sua oponente. Com o ódio dissipado,May começa a correr, sem olhar para trás. Quatro ruas depois, encontra seu companheiro sentado em frente a uma casa. Ao ver a garota, ele começa a rir:

-Olha se não é a lutadora de UFC. Então voce conseguiu fugir !!

-Sim, mas não graças a você. Minhas costas doem. Pode me explicar porque correu?- Pergunta May

-Quando eu olhei para trás, uma das amigas da garota estava entrando no beco, acompanhada de dois garotos. Bom, eu não podia bater em 3 pessoas, então corri- Explica o rapaz

-E não me falou nada? Caralho, voce é um filho da puta!!

-Olha lá como fala! Voce estava batendo com tanto ódio, que eu não quis atrapalhar a matança - Ri o garoto

- Idiota! Eles podiam ter me quebrado no meio - Diz May

-Eu voltaria para buscar a metade de baixo - Ri o garoto - Só para colocar esse bundão que voce tem em um quadro! 

- HaHa - Desdenha May - A propósito, como é o nome desse grande idiota? - Diz May apontando para ele

- Eu me chamo Marcelo. E voce deve ser a....

- Mayara, mas pode me chamar de May

- Ou Xena, a princesa guerreira - Explode em gargalhadas Marcelo - Entra aí, eu moro aqui! Vamos jogar videogame!

 Os dois entram na casa. Marcelo coloca Need for Speed no seu console. May, mesmo sabendo que deveria ir para casa, passa algumas horas jogando e conversando com Marcelo. Quando o medo de ser pega no meio do caminho pela garota em que batera horas atrás diminuiu, May correu até chegar em casa. Quando sua mãe a questiona o que havia acontecido para que ela chegasse horas depois do horário que deveria ter chegado, May contou apenas que foi a casa de um amigo fazer um trabalho de colégio. Sua mãe, já estressada com a rotina e irritada com o fato da filha sequer ter avisado que não voltaria direto para casa, a coloca de castigo por uma semana, depois de dar-lhe uma surra. O irmão de May, depois de saber que a irmã tomou uma surra, apenas sorri e diz:

-Que pena que eu não estava aqui para ver!!!

Entre o céu e o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora