Entre o céu e o inferno

Capítulo 18: A estrela de Marcelo

 - Você acredita que existem seres vivos em outros planetas, May?

- Acho que seria impossível não haver!! - responde a garota - O universo parece gigante! Mas a pergunta que sempre me fiz é: Se eles existirem, assim como nós somos, será que passam pelos mesmos dilemas? Será que são forçados a se integrar em uma sociedade, escolher uma profissão, ou mesmo deixar de fazer o que ama para fazer algo que odeia e garantir o sustento?

 Marcelo se vira e olha fixamente para a garota. Deitados na grama da praça principal, os dois olhavam as estrelas enquanto conversavam sobre milhares de assuntos. Aos olhos do garoto, May era perfeitamente atraente. O cabelo caindo por cima dos olhos, o olhar perdido no horizonte e a respiração leve e doce, tudo parecia ensaiado. Ele nutria esses sentimentos mas não tinha coragem de dize-los!

 Ora, mas para que dize-los? Se mesmo como amigos, ainda assim os dois se beijavam de vez em quando. Talvez um relacionamento estragasse tudo. Não se mexe em time que está ganhando.

 Por outro lado, o garoto tinha medo. E se ela aparecesse com um namorado? Não que May o abandonaria de uma hora para outra, mas ficaria bem mais distante. A beleza cintilante do começo de um relacionamento certamente o ofuscaria. Isso era uma coisa que ele realmente não queria.

 Seguia assim. Sem saber do sentimento dela por ele e sem coragem de contar os seus. Mesmo com toda a fachada de badboy , com as frases prontas dignas de um espartano, perto daquela garota, se sentia vulnerável. Como se a respiração dela pudesse rasga-lo em mil pedaços ali mesmo.

 Marcelo sorri. May , reparando que Marcelo a olhava fixamente, pergunta:

-O que foi?

Exitando em contar tudo o que se passava em sua cabeça, o garoto responde:

-Será que esses extraterrestres tem cerveja?