Entre o céu e o inferno

Capítulo 11: Terra de ninguém

 Quanto mais os dias se passavam, mais May odiava aquele lugar. Agora, além do seu irmão, com quem saia a noite, tinha também o Marcelo, e aquilo era tudo. Sua mãe passava a maior parte do dia com serviços domésticos: Era ela quem lavava as roupas, limpava a casa, fazia comida,etc.

 May ainda pensava em se integrar a cidade. Queria amigos. Queria ter mais gente com quem conversar e sair, para quem contar segredos e poder contar em casos de dificuldades, além de sua familia, é claro.

 Contudo, May desistiu mais uma vez do seu objetivo, quando em seu colegio, uma garota , de apenas 15 anos, apareceu grávida . O pai desse filho: um dos policiais da cidade. Era costumeiro, mas ela ainda não sabia: Os policiais daquela misera cidade, sempre levavam garotas a casa que servia como quartel. Oferecendo uma quantia as garotas , eles a usavam e depois se negavam a dar qualquer ajuda em casos como uma gravidez ,por exemplo, principalmente pelo fato de serem casados.

 Eles não eram os unicos! Várias personalidades daquela cidade faziam isso. Não era raro ver garotas grávidas aos seus 14 ou 15 anos. Alguns rapazes, pais desses filhos, tinham essa mesma idade, e quem sustentava as crianças eram os avós. Outros pais, eram rapazes bem mais velhos, na maioria casados, e nesses casos as garotas criavam seus filhos sozinhas, apenas com o auxilio da familia.

 Resumindo, aquele lugar era a terra de ninguem. Ninguém se respeitava, ninguém se gostava. Era tudo um jogo de interesse. As pessoas só pensavam em puxar sacos para garantir a cerveja e o sexo no fim de semana. Fora isso, não estavam nem aí para a cidade ou para os outros habitantes.

 Um das personalidades mais famosas desse lugar era o Cláudio. Um homem na casa dos 50 anos, que sempre estava atrás de garotos. Mesmo todos sabendo das suas práticas, ele fazia questão de tentar ser discreto. Chamando os garotos até o seu local de trabalho, ele oferecia 50 reais para que os garotos o deixasse fazer oral e, quando o fogo era muito, para que o comessem. Cláudio tinha um passado hétero. Forçado pela familia a casar, ele teve 1 filho. Após se separar da mulher, resolveu satisfazer seus instintos carnais.

 Esse era o retrato da cidade. Homens pevertidos, garotas grávidas, politicos corruptos e cidadãos interesseiros e sem senso de responsabilidade. Fácil imaginar que a maioria das histórias ali não acabavam bem.

 A garota do inicio do capítulo, foi mais uma vítima. Não tendo o apoio do pai de seu filho,que a ameaçava constantemente a acusando de querer destruir seu casamento, e sendo uma menina de familia pobre, resolveu abortar com metodos caseiros. Pobre decisão. Talvez, sabendo que não teria condição de sustenta-lo, a garota não quis que seu filho viesse ao mundo para passar necessidade, ou simplesmente não queria ter a dificuldade de ser mãe naquele momento. Tomando algumas pilulas de antibioticos e chás "milagrosos" ensinados por curandeiras locais, a garota acabou falecendo. O cara que a engravidou, continuou sua vida tranquilamente, com seu casamento "blindado" e sua mulher que ficou grávida meses depois da morte da pobre jovem, que não teve sequer a presença do seu algoz em seu enterro!!!