Capítulo 6 - O fantasma do Hamster

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Preguiça.

É isso que me resume em uma manhã, sem o Bluebonnet como despertador. Sério, ele te faz levantar de qualquer jeito.

E neste momento eu nunca mais quero levantar. Não tenho motivos para isso.

Um Sol batendo pela cortina (que não é minha), manchas reconfortantes no carpete que cheiram a Smirnoff (que obviamente não são minhas, as minhas estão na cozinha), um vazinho rachado no canto (que também não é meu).

E revistas masculinas. Definitivamente, não estou em casa.

Espera. Me viro devagar para trás, e me deparo com um par de olhos atentos e um sorriso sacana.

-Curtindo a estadia, cantora? - Neste momento me dou conta que ele está mexendo no meu cabelo, e me afasto.

-Estaria curtindo mais, se o frigobar já estivesse na minha casa como garantia. - Me sento na cama, mas logo caio de volta quando ele me puxa.

-Sem problemas. Cumpro promessas. - Me puxa mais para si, e encaixa sua mandíbula em meu ombro. Seu nariz estava em meio a meus cabelos.

-Você tem um cheiro ótimo pela manhã. -Ele sorri, e o movimento faz meus poros arrepiarem. - Seus cabelos azuis..Boa escolha.

-E agora é da sua conta com que cor eu pinto o meu cabelo? - Murmuro já irritada.

-Não. É que é a minha cor favorita. - Ele se afasta para olhar meu rosto, e seu sorriso agora é torto. - Pode parecer clichê, um garoto ter a cor favorita azul. - Avalio seu rosto, e vejo uma covinha antes desconhecida,  que só aparece nessa expressão.

-Oh, legal. Pena que eu não te perguntei. - Tento me levantar novamente, mas sou puxada.

-Já te disseram que você é uma porrinha muito meiga?

-Não. - bato com o indicador no queixo. - Filha da mãe, alcólatra, transtornada, sádica, doente, cantora, multi uso, todos os derivados possíveis de Maluca.. Não, acho que meiga ainda não.

-Então adicione na lista. - finjo que estou fazendo uma nota mental e me viro um pouco de lado.

-Já te disseram que quando você fica descabelada desse jeito, parece que tem um smurf morto na cabeça?

-Não, e já te disseram que você tem alguma falha na coordenação motora? Com toda essa bebida acumulada no seu carpete, posso fazer um bar pra mendigos.

-Claro, por que não. - Ele ri e finalmente vejo uma brecha para sair.

Salto da cama e corro até a sala para pegar meu casaco e bolsa, ouço ele tropeçar no quarto e correr em direção a sala. Vamos lá frigobar, não decepcione, seja leve.

-Onde pensa que vai? - Ele se encosta no batente da porta de entrada, assim que chego com o Frigobar até ela.

-Indo pra casa, instalar esse lindo frigobar com quem irei me casar? - Digo como se fosse óbvio.

Ele sacode a cabeça negativamente.

-Você ainda tem um contrato. - O olho incrédula.

-O contrato era eu dormir aqui POR ESSA NOITE.

-Ok, então novo contrato. - O olho pelo canto de olho. - Pegue tudo o que precisa na sua casa e traga aqui, e então irá até a faculdade comigo.

-E eu irei fazer isso por...? - Mexo as mãos em sinal que ele continue.

Ele suspira e vai até a parede em que estava o barzinho. Se agacha ali na frente e então não consigo ver nada, até que..

O deuses, quero viver dentro do buraco daquela parede.

Anne (revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora