Capítulo 7 - Abstinência

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Hoje fiz hora extra no trabalho e também cantei, preciso relaxar urgentemente.

Chego em casa exausta, e caio no sofá, porém sinto um montinho de papel em baixo de mim.

-Contas, contas, contas. - Jogo as cartas que B.B havia deixado no sofá, no chão.

Ele rosna bravo.

-Essas drogas de remédio..Conta de hospital.. Aquela droga de enfermeira dela, Lesly, pediu aumento, olha só! - Mostro a carta para B.B como se ele pudesse ler algo, e então ele guincha em concordância.

Tamborilo os dedos no queixo e penso em uma solução. Vou ter que fazer alguns cortes de orçamento, como parar com meus vícios temporariamente. Mesmo que o chefe me de 75% de desconto nas garrafas e pacotes, ainda me toma muito dinheiro.

Só tenho medo que isso me mate.

Me levanto até o frigobar, e conto as garrafas. 4 no total. Vou até o gaveteiro no quarto, contar as caixas de cigarro. 3.

-Mas que porra..- Murmuro. - Isso me sustenta o que? Menos de uma semana Bluebonnet? - Pergunto ao gato, e a cara que ele faz equivale a um dar de ombros.

Ando de um lado pro outro, e dou tapas no rosto.

-Vamos lá Anne, aquela velha é mais importante. - Continuo andando, até que suspiro e me jogo na cama. - Tudo bem Bluebonnet - Me viro para encara-lo. - Eu vou tentar.

[...]

Estou a caminho do metrô, para chegar a Faculdade. E também estou no meu sétimo dia da greve do álcool e Nicotina, uhul que bela notícia. Quando sou interceptada por Matthew.

-Oi. - Ele bate de leve na lataria do carro. - Que tal uma carona?

-Já que não tenho outra opção. - Entro carrancuda no carro e afundo no banco.

-O que você tem, garota? - Ele pergunta e minha carranca se aprofunda ainda mais.

-Nada. Estou bela como sempre. - Assopro a franja para o lado enquanto ele franze as sobrancelhas.

-Esse finco no meio da sua testa também está muito belo esta manhã. - Viro a cara enquanto ele dirige. - Você sabe que pode me contar, sua inútil.

-Essa é a questão. - Dessa vez olho para ele descontraída, fingindo o maior divertimento possível em meus olhos. - O Universo poderia ter me feito nascer uma Hippie, uma virgem puritana, uma cabeleireira, um pote de massinha ou um mosquito. Mas não, ele disse, "Essa porra é especial," então eu nasci um ser humano, um ser humano que gosta de álcool. Um ser humano que gosta muito, muito de álcool.

-Por acaso você ta bêbada? - Ele vira a cabeça para mim ligeiramente - Por que você sabe, eu posso te levar pra casa e..

-CALA A PORRA DA BOCA, POR QUE NÃO, EU NÃO TÔ BÊBADA. E EU JURO, O QUE EU MAIS QUERIA NESSE MOMENTO ERA TER ALGUM RESQUÍCIO DE ÁLCOOL NAS MINHAS PORRAS DE VEIAS.

-Nossa. - Ele ergue uma sobrancelha. - Se acalma.

-NÃO EU NÃO ME ACALMO. SABE O QUE É FICAR 7 DIAS SEM BEBER? SABE? ENTÃO SÓ ME LEVA PRA AQUELA FACULDADE SEM MAIS PERGUNTAS.

-Você tá sem beber? Como assim? Por que?

-Eu não te disse sem mais perguntas? - A maneira na qual ele me olha, equivale a, como se eu tivesse girado a minha cabeça 360º antes de olhar na direção dele.

Ficamos em silêncio por quase todo o curto caminho, até que tento ligar a rádio. Adivinhe o trecho da música 400 lux que eu peguei.

"We're hollow like the bottles that we drain"*

Anne (revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora