PRÓLOGO

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Ariezad de Mariale era um pictobiólogo, ou seja, responsável por ilustrar imagens de novas criaturas e trazer dados visuais para a grande sociedade científica de Mariale, seu reino natal. Meli de Cartage fazia parte da Esquadra de Exploração Marítima Real como atiradora de precisão, seu nome ficava cada mais famoso conforme ganhava medalhas em cerimônias pomposas da realeza. Cartage era bastante popular em sua comunidade, mas é apenas natural que seu nome fosse fugindo da boca do povo com o tempo.

Os sobrenomes der Mariale e Der Cartagi - como chamavam os antigos - tem muito peso na região e isso está nítido ao se observar o status da atiradora, entretanto, os Mariale tiveram seu nome cravado na história por um motivo completamente diferente: Eram eles os "descobridores" de terras misteriosas além dos limites do continente,  lendários navegadores responsáveis pela descoberta de mais de 400 ilhas escondidas através do globo em apenas 40 anos, mas ele não carregava nada disso, por quê? Porque era apenas um pictobiólogo de pais simples, seu sobrenome - apesar de trazer o ar de superioridade - era apenas um rastro perdido de um legado ancestral. Poucas eram as vezes em que seu sobrenome trazia algum efeito nos mais jovens, apenas os mais velhos realmente o tratavam com mais respeito.

Há muitos anos que Ariezad não publicava uma nova obra, sentia que sua carreira ia lentamente acalmando-se após publicar um grande compêndio que continha gravuras e descrições sobre animais inéditos que haviam invadido a cidade conforme a urbanização crescia em alguma cidade do Sul. Havia um exemplar da maior obra que o jovem havia publicado enquadrado na sala principal de seu apartamento em Amellie (cidade central de Mariale) e havia razão para isso; a fama que o autor ganhou após a publicação foi inacreditável. Orgulhava-se do fato de foi condecorado pela família real, que comprou uma edição e a declarou digna da Biblioteca Real, Esta fama crescente o levou para uma posição de respeito entre os pictobiólogos do reino.

A Srta. Cartage morava em um apartamento regular que ficava de frente para o mar, na parede iluminada pela luz que entrava por sua varanda, ficavam as medalhas e manchetes em que já havia aparecido. Amargurava-se por não ter uma parede inteira coberta com estes, sentia-se ultrapassada pelos novos heróis da marinha. Antes uma corajosa guerreira do mar, passava seus dias escondendo-se em casa, com sonhos febris de glória e aventura.

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