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Quando eu te conheci
Você era o oposto e foi isso que me encantou
Eu tive que ralar pra conquistar o seu amor
Gastei todos os créditos que eu tinha com você
Eu enfrentei, todos os medos até o de andar de avião
Mas eu guardei um medo dentro do meu coração
E esse medo eu jurei não contar pra você...
-Lucas não me ligou até agora. To começando a me preocupar ainda mais.
-Relaxa, amiga. Ele deve ter encontrado com o pessoal do evento ou ainda tá preparando a sua surpresa. -Letícia tentou me acalmar.
Era o medo que eu tinha de um dia não te fazer mais sorrir
De não dar boa noite e um beijo na testa, antes de ir dormir
De olhar pra sua mão e ver que o anel que eu te dei não está mais lá
Esse é meu medo...
Senti um aperto no peito e beijei minha aliança. "Deus, proteja meu menino". -pedi em pensamento.
A estrada que eu iria passar estava bloqueada, devido a um acidente que tinha acontecido. Tive que fazer outro trajeto mais longo. Olhei meu celular e nada de Lucas dar sinal de vida.
Enquanto não chegávamos no hotel, Letícia tentava falar com Lucas.
-Ele só recebe as mensagens. Não visualiza, nem responde.
-Então liga. -respondi dirigindo um pouco mais rápido.
Chamada on:
-Sua ligação está sendo encaminhada para caixa de mensagens e será sujeita a cobranças após o sinal:
-Amor, tô quase chegando no hotel. Assim que puder me liga.
Chamada Off.

-Christian te mandou uma mensagem dizendo pra você ir pra casa do Leonardo.
-Será que naquele acidente não era Lucas? -perguntei desesperada.
-Claro que não. -Letícia respondeu brava. -Deve fazer parte da sua supresa. Vamos pensar positivo, okay? -ela disse e eu apenas assenti. Eu estava nervosa demais para conversar.
Rapidamente chegamos na casa de Leonardo. Eu não me dava bem com ele, mas ele é um dos melhores amigos de Lucas.

Desci do carro e vi Christian sentado na calçada com uma cara nada boa.
-Cadê o Lucas? -eu disse fazendo Christian me olhar.
-Calma, Dih. -ele disse percebendo meu nervoso.
-Eu tô calma, Christian. Eu só quero saber onde o Lucas está e por que é que ele não atende as minhas ligações.
-Você não quer entrar? -Leonardo disse e só então percebi que ele estava ali.
-Entra. -Christian insistiu.
-Acho melhor vocês pararem de me enrolar e explicarem logo o que tá acontecendo.
-Entra, lá vai ser melhor pra conversar. -Christian disse me dando passagem pra entrar.
Entramos e eu me sentei no sofá. Todos me olhavam com olhares tristes.

-Você quer uma água? -Leonardo perguntou.
-A única coisa que eu quero, é saber onde está o meu noivo. -respondi. No fundo eu já tinha certeza de tudo. Eu só queria que alguém me confirmasse.
-Vem cá. -Christian me chamou e eu o acompanhei. -Você vai ter que me prometer ser forte.
-Eu já sou. E eu também já sei o que aconteceu, eu só quero que alguém me confirme.
-Não, você não sabe. -ele afirmou sério. Nunca vi Christian daquele jeito. -Quando ele tava vindo pra cá, ele sofreu um acidente e levaram ele pro hospital.
-Mas ele tá bem? -Christian se calou. -Pelo amor de Deus, me diz que o Lucas tá bem e que só mais uma trollagem de vocês. Abre essa boca, fala alguma coisa. -a essa altura eu já chorava.
-Ele foi pro hospital, prestaram o melhor atendimento possível. -Christian disse com a voz embarcada. -Mas ele não resistiu. -MINHA VIDA ACABOU ALI.
Eu fiquei em choque e realmente não sabia o que fazer, eu só queria que aquilo fosse um pesadelo ou alguma brincadeira de mal gosto. Que Lucas me acordasse e dissesse que estava tudo bem ou aparecesse dizendo: "Eu to bem meu, amor. Era só uma brincadeira"
Mas infelizmente aquilo tudo era real. Meu amor realmente tinha ido para uma viagem sem volta.
-Por que vocês não me falaram antes?
-Foi tudo muito rápido. -Chris respondeu. Eu estava tão chocada que não sabia mais o que falar.
-A família dele também já sabe?
-Já. Não chora. -Chris respondeu chorando também. -Ele me disse pra você não se entristecer e pra eu cuidar de você e da Lê. -nesse momento eu desabei. Lucas se despediu e eu nem pude ver ele.
-Eu pedi tanto pra ele não pegar aquela moto. Mas o Lucas sempre foi tão teimoso. Parece até que ele sabia que iria hoje. Desde çedo se perdoando e dizendo o tempo todo que me amava. E eu não pude estar lá na hora que ele mais precisou. Eu não pude me despedir. Você sabe qual era a surpresa? -disse sem encarar Christian. Apenas encarava o chão.
-Sim. -Christian enfiou a mão no bolso e se abaixou em minha frente, entregando uma caixinha com alianças e a correntinha de Lucas. -Ele estava organizando uma cerimônia de casamento. Já estava tudo pronto, era só vocês chegarem e ele iria contar. -a cada segundo que se passava eu tinha mais certeza do amor dele por mim. Mas agora não importava, pois ele já não está mais aqui. Minhas lágrimas tinham se secado e eu estava começando a entrar em piloto automático.
-O fandom? -perguntei pensando em como seria tudo daqui pra frente. Eles eram tudo para Lucas e Lucas era tudo para nós. Eu ainda estava incrédula, desejando por dentro que tudo não passasse de um pesadelo.
-A essa hora já devem saber. Eu ainda não publiquei nada com medo que você visse e entendesse tudo errado.
-Valeu, Chris. -disse e o abracei. -Agora eu vou encontrar a família dele. Quer ir comigo? -disse saindo do abraço.
-Vai ser muito difícil, mas eu vou sim. Ele faria o mesmo por mim.
Cheguei na sala e Letícia também chorava. A abracei e tentei me manter forte para apoiá-la. Ela realmente o considerava um pai.
Fomos para onde seria o velório e eu realmente não sabia o que fazer, muito menos no que acreditar.
Aquilo não poderia estar acontecendo comigo, nem muito menos com ele. Ele estava tão radiante de felicidade e eu mal consegui me despedir.
Por que Deus? Era tudo o que eu pensava.
De manhã começaram a chegar as mensagens de solidariedade. Minha mãe também chegou. Assim eu poderia tentar ficar mais forte. Mas quem eu realmente queria que estivesse ali do meu lado, não poderia.
Fui uma das últimas pessoas a entrarem na sala onde o corpo estava sendo velado. E minha ficha simplesmente não caía. Eu não consegui ficar lá por muito tempo.
Queria ver seu rosto pela última vez, mas nem isso eu pude. O caixão estava lacrado.
Daquele momento em diante levei tudo no piloto automático. Não me lembro da cerimônia de despedida, muito menos do enterro. Nem fazia questão, pois aquilo só me faria mal. Já que parte de mim também foi enterrada. O meu coração.
























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