NEVIO
Eu tinha subestimado minha sorte. As semanas na casa de praia eram preguiçosamente confortáveis. O mar, o barco e Aurora. Passávamos os dias debaixo do sol e da água, e nunca era o suficiente. Ela não era o suficiente. E estar longe era pior. Toda essa merda de longe mais ao mesmo tempo perto. Eu podia ver sua casa de longe da porra minha janela. Imaginar o que ela estava fazendo. Como ela estava. Eu ardia por ela.
Alessio tinha se negado a cobrir para mim na noite anterior. E depois do inferno de dia que tivemos hoje, até eu tinha consideração o suficiente para não perguntar. Mas era exatamente os eventos do dia que faziam meu corpo fisicamente doer. Eu precisava dela mais do que nunca. Mais do que antes.
-Massimo. - não me incomodo em bater. Ele não tira o olhar do computador. - Preciso da sua ajuda.
-Tio Remo não disse nada.
Eu sento em uma das cadeiras giratórias, puxando um cigarro entre os dedos.
-Não é para Camorra. É para mim. Particular.
Isso parece atrair sua atenção. Eu explico o plano, e ele não parece convencido. Não é nenhuma novidade para ele o que está acontecendo entre eu e Aurora. Ele estava no barco, nas férias. Ao contrário de Alessio, Massimo tem a decência de não dar opiniões onde eu não quero, mas dessa vez parece ignorar seu bom histórico.
-Não é uma boa ideia.
-Não perguntei se era uma boa ideia, perguntei se pode fazer isso.
Massimo suspira. Ele sabe melhor do que comprar essa discussão. Com certeza o dia não foi fácil para ele também.
-Claro que consigo. É fácil. - ele estala os dedos que pairam sobre o teclado. - Tem certeza disso?
Não me dou o trabalho de responder, apenas me encosto mais confortavelmente na cadeira que ocupo.
-E por falar nisso, foi bom que você estivesse lá.
Eu ergo uma sobrancelha. Massimo completa.
-Com Alessio. Deveria ter sido eu, mas nós somos todos como irmãos.
-Família não é só sangue. - eu dou de ombros, a raiva ameaçando voltar. O que o merda que o doador de esperma do Alessio teve hoje foi pouco perto do que ele merecia. Saber que meu pai e tio Nino tinham acabado com a prostituta que o trouxe ao mundo era bom também, mas estar lá quando ele fazia justiça com as próprias mãos era fodidamente excelente.
Nós tocamos nossa tatuagem. Não a da Camorra, mas sim a que fizemos junto com Greta alguns anos atrás. Nós éramos os Falcones. Nada ficaria no nosso caminho de cuidar uns dos outros.
-Pronto. - Massimo diz, alguns minutos depois. - Me dê seu celular. Vou instalar um app. Você pode controlar as imagens da câmera.
Eu ofereço um aceno de cabeça enquanto ele me mostra como funciona. Finalmente esse inferno de dia vai ter alguma coisa positiva.
Ninguém me pergunta para onde vou quando cruzo a sala, mais vazia do que o normal para essa hora. A casa está tensa hoje, e eu preciso sair daqui.
Quinze minutos depois, estou batendo na janela dela. Parei alguns segundos para admirá-la antes. Seu cabelo loiro solto pelos ombros. Os shorts cinza do pijama. As alças do seu top parecem frouxas, e ela não está usando sutiã. Raramente usa. Aurora está distraída o suficiente para se assustar quando bato de novo. É a casa de praia toda de novo, mas dessa vez vim de mãos vazias. Escalar uma parede e trazer uma garrafa de vinho parecia excessivo.
Ela corre até a janela, me deixando entrar.
-Que diabos, Nevio. - ela consegue soltar antes da minha boca colidir com a dela.

YOU ARE READING
Twisted Desire
FanfictionEla era a única que ele queria. E a única que não poderia ter.