Twisted Desire

AURORA

AURORA

Quando os lábios dele encontram os meus, sinto como eu fosse me desfazer. Nevio já deve ter beijado muitas vezes, várias vezes. Feito muito mais que um beijo, enquanto eu nunca fiz nada. Mas aqui, com a boca dele contra a minha, delicadamente pedindo passagem, eu estou feliz que nunca fiz antes. Porque parece certo. Porque, diferente das histórias de terror que ouvi a vida inteira, isso é bom.

A boca de Nevio é macia contra a minha, delicada e forte ao mesmo tempo. Me mostrando o caminho. E quando a língua dele traça meus lábios, não parece forçado. Parece... Perfeito. É quase combustão instantânea quando nossas línguas se encontram e eu tento seguir o ritmo lento que ele impõe. Descobrindo e me ensinando. É delicado e selvagem ao mesmo tempo, como se estivessemos contendo nossa verdadeira natureza porque esse momento é, por essência, assim.

Quando ele se afasta, seus olhos escuros parecem preocupados. Eu ergo minhas mãos e traço o seu maxilar.

-Isso foi... - não falar muito. Não quero estragar o momento. Mas não posso mentir. - Nevio.

Repito o nome dele, e ele parece entender. Ela me puxa para perto, a mão na minha cintura, outro beijo rápido.

-Eu nunca fiz isso antes. - eu solto, sem saber se devo pedir desculpas. Deve ter sido péssimo para ele.

Quando ele ri, sua voz está levemente rouca.

-Você tem um talento natural.

-Não minta para mim! - eu digo, batendo no braço dele.

Nevio rouba outro beijo.

-Não menti. - ele se afasta de leve e enrosca os dedos para brincar com meu cabelo. - Mas se quiser eu te ensino, princesa.

Meu rosto esquenta com o convite. Mas eu quero dizer que sim. Eu quero aprender, eu quero tudo. E agora que beijei Nevio... eu não quero parar.

Ele parece adivinhar o que penso, porque se inclina e me beija de novo. Nevio é mais paciente do que eu jamais esperaria que fosse. Ele conduz tudo com delicadeza, sabendo a hora de parar e conversar, sabendo como me fazer relaxar quando fico tensa.

A lua está alta no céu, e eu estou encostada no peito dele. Nevio gosta de brincar com meu cabelo, e eu gosto das mãos dele lá. É seguro, é como estar em casa. No lugar certo. É como se isso, nós dois juntos, fosse como tem que ser.

-E amanhã?

-Amanhã? - ele para.

Eu me viro sorrindo.

-Não vou conseguir voltar a te ignorar.

-Você me ignorava? - ele brinca. - Não é o que parecia.

-Para! Tô falando sério. Não tem como voltar atrás.

Ele pensou por um instante.

-Não tem. Mas não precisamos. Podemos nos encontrar.

-Aqui?

Nevio riu.

-Ou em outro lugar. Algum lugar mais confortável. - ele me virou para olhar seu rosto. Aqueles olhos tantas vezes sombrios, o cabelo tão negro quanto o céu da noite. - Agora que eu te beijei, princesa, eu não pretendo parar.

-Bom. Eu não quero que você pare.

Ele me beija mais uma vez e é tudo que eu posso pensar.

X

Meia hora depois, estou escorrendo pela parede de pedra e caindo nos braços de Nevio.

-Eu falei que te pegava.