Constellations | Larry Stylinson

6. I Don't Like Him!

Segunda-feira de manhã, Harry chegava mais cedo no trabalho. Louis ligou para ele e informou que ainda estava na estrada, ia partir domingo à noite, mas acabou perdendo a hora em uma conversa animada com a família e preferiu vir de manhã.

Como sempre, o cacheado estava em sua sala, lendo o The British One antes de o expediente começar. Abriu em sua coluna favorita, a de astrologia, e seus olhos foram diretamente para o signo de Aquário.

Aquário
Não aja com impulsividade na hora de tomar decisões, aquariano, não dê o veredito em momentos de estresse, ou poderá prejudicar quem está à sua volta.

O amor e os negócios estão andando juntos em sua vida! Suas energias se renovam na presença da pessoa amada e isso te dá um gás para prosperar financeiramente!

O publicitário sorriu, franzindo o cenho. Mais uma vez, parecia que tinha sido escrito sob medida para si. Apanhou o copo de café que estava sobre a mesa e deu um gole, confuso. Será que deveria acreditar em horóscopos? Lia por hobby, mas não botava fé nas previsões. Tudo que está escrito aqui está acontecendo!

Fechou o jornal, deixando-o em uma gaveta. Olhou para lá desconfiado, tinha que conversar com Louis, ele poderia lhe explicar melhor, não? Trabalhava no The British One e certamente conhecia o colunista que escrevia tais coisas.

Respirou fundo e se concentrou no trabalho que deveria fazer, sua propaganda era para a próxima semana e tinha muita coisa para planejar e excecutar.


~•~


Louis havia mandado um e-mail para Doniya domingo à noite com a coluna de segunda-feira, explicando seus motivos. Chegou em Londres acabado, foi direto para seu apartamento tirar um cochilo, para se encontrar com Harry na hora do almoço e terminar seu expediente no jornal.

Acordou e tomou um banho para tirar seu cansaço, vestindo uma skinny preta, camisa azul-marinho e ajeitando a gola, tinha que estar devidamente arrumado para ver seu namorado. Penteou os cabelos com cuidado e passou a mão pela barba, sorrindo para si mesmo no espelho. Borrifou seu melhor perfume e apanhou a bolsa de couro, saindo de seu apartamento.

Dirigiu até onde Styles trabalhava e estacionou em uma das vagas diante da empresa. Saiu do carro e se encostou na lataria, checando o horário em seu relógio de pulso.

Sorriu quando viu Harry através da parede de vidro. Ele usava um casaco marrom e comprido, cobrindo parcialmente a camisa rosa que vestia por baixo. Estava com uma calça jeans preta e botas castanhas. Em suas mãos, apenas a carteira e celular. O cacheado riu para um colega, pareciam bem íntimos e Louis se aprumou, crispando os lábios.

Tomlinson o observava, maravilhado com a beleza do parceiro. O publicitário o viu assim que passou pela catraca e sua atenção se tornou toda de Louis. O colega foi deixado de lado enquanto ele caminhava em sua direção e mais uma vez o colunista se imaginou naqueles filmes de romance, em câmera lenta, com Only You tocando de fundo.

- Oi. - Harry o abraçou apertado e ele retribuiu, com o rosto em seu pescoço. Inspirou seu perfume gostoso e o fitou, selando seus lábios com carinho.

- Oi, Hazz. - afagou sua bochecha. - Como você está?

- Bem, e você?

- Melhor agora.

- Ótimo. - riu e olhou para trás. Chamou o colega com a mão e ele se aproximou relutante. Louis envolveu sua cintura, acariciando suas curvas. - Lou, este é Liam, meu amigo. - apresentou os dois. - Liam, este é Louis, meu namorado.

- Olá. - o colunista apertou sua mão, sorrindo simpático, analisando o desconhecido. Topete castanho, olhos escuros, bochechas um tanto grandes com uma barba não muito espessa, um sorriso adorável e amigável. Usava um sobretudo escuro fechado, calça preta e botas tratoradas um pouco surradas. - Liam, certo? É um prazer conhecê-lo.

- Igualmente, Louis. - sorriu. - Então você conseguiu achar um coração no Harry? Em quesito romance, ele não tinha um até se mudar para Londres.

- Liam! - o cacheado repreendeu.

- Estou mentindo? - riu. - Você era seco feito pedra para romances.

- Ora, me respeite. - brincou, segurando rosto do namorado e selando seus lábios. Não esperava que ele viesse para o almoço. - Lou, eu combinei de almoçar com Liam. - explicou, não queria que ele ficasse magoado.

- Oh. - engoliu em seco, havia atrapalhado seus planos. - Tudo bem. E-Eu... vou ligar para os meus amigos.

- Desculpe-me. - pediu.

- Ei! - Liam se manifestou. - Por que não almoçamos juntos? Louis chama os amigos dele também e vamos para aquele restaurante em Chelsea.

- Chelsea é... é bem distante. - Tomlinson murmurou. - Conheço um ótimo de culinária italiana em Southwark! Creio que vão adorar! Vamos, entrem! - destravou o carro.

Os dois se acomodaram no carro. Liam o reconheceu das fotos que Zayn lhe mostrou e achou o namorado do amigo mandão e cabeça-dura nos poucos minutos que passou com ele. Permanecia neutro, tinha que conhecê-lo mais para poder ter uma opinião formada. Mas, se Harry estava feliz com um homem como Louis, quem era ele para dizer o contrário?

Durante o trajeto, Tomlinson chamou seus dois amigos para se reunirem no local indicado. Após alguns minutos, chegaram no restaurante. Sugeriu culinária italiana porque era algo democrático, a maioria das pessoas gostava de massas.

Desceram do carro e o colunista sorriu para o namorado, abraçando-o pela cintura enquanto caminhavam para dentro do estabelecimento. Apesar da estranheza inicial com o ato, Harry estava gostando daquele gesto, ter a mão de Louis em seu corpo o tranquilizava e o aquecia. Colocou sua mão no bolso de trás da calça do outro e aconchegou-se mais a ele.

Dois homens já ocupavam a mesa para onde se dirigiam. Um era de altura mediana, com cabelos castanhos e brilhantes olhos azuis. Tinha um sorriso contagiante e parecia ser o mais animado dos cinco. Vestia uma jaqueta escura e pólo azul, acompanhada de uma jeans de lavagem clara e botas tratoradas como as de Liam. Simples e bonito.

O outro era Zayn, namorado de Liam. Vestia-se como um modelo. Calça e blusa preta de gola rulê, com um blazer vinho sobre ela e uma medalhinha em seu pescoço. Seus cabelos eram negros em um topete e abriu um sorriso singelo na hora de cumprimentar os recém-chegados. Tirou seus óculos de armação dourada e lente espelhada e o colocou sobre a mesa, revelando as íris cor de avelã. Harry sentiu seu amigo se derreter por dentro com a beleza do namorado.

- Liam, Harry, estes são Niall. - indicou o de olhos azuis. - E Zayn. - apontou para a amostra de modelo. - Meninos, este é Liam, colega de Harry, e... bem, Harry, meu namorado.

- Amém! - Horan fez uma espécie de dancinha da vitória, atraindo olhares de alguns clientes para a infelicidade dos outros. Abraçou o cacheado e deu um beijo estalado em sua bochecha. - Você conseguiu! Você conseguiu amolecer o gelo desse coração! Parabéns pela vitória, Harry.

Meio sem jeito, ele riu por educação, sentando-se junto do namorado. Zayn ficou entre Liam e Niall, de frente para o outro casal. Malik sorriu amigável para Styles.

- Niall é assim mesmo, muito espontâneo. - tentou melhorar a imagem do colega, que tinha estragado em poucos minutos. - É uma graça.

- Pare de ser falso, Malik. - ele riu, dando um soquinho em seu ombro. - Não vai me apresentar ao seu namorado?

- Oh, então você é o famoso Liam. - Louis murmurou. - Não liguei o nome à pessoa. Ouço seu nome praticamente todos os dias, mas nunca soube quem era. - cerrou os olhos para o amigo. - Está com ele há seis meses e nunca me mostrou uma foto do seu homem, Malik! Estou namorando há menos de uma semana e vocês já conhecem Harry! Cadê a reciprocidade da nossa amizade, seu idiota?

- Lou, você sabe que sou muito reservado quando o assunto é minha vida pessoal. - respirou fundo. - Sabe aquele ditado que quanto menos pessoas sabem, mais chance tem de dar certo? Somente nossas famílias sabem do nosso namoro. Quando nos casarmos, espalho para o mundo todo!

- Isso é papo furado. - teimou, entristecido por Zayn não ter lhe mostrado uma foto ou o levado para conhecer seu namorado.

- Louis, sem drama. - o outro capricorniano repreendeu, sabia que Tomlinson era extremamente dramático quando queria.

- Nem para me falar o sobrenome. - continuou e Zayn o olhou sério, com cara de poucos amigos. Niall segurava o riso, Liam olhava os dois como se fossem loucos e Harry acariciava a coxa do namorado.

- Estamos quites agora! Você conheceu Liam e eu conheci Harry. Pronto. - respirou fundo.

- Hm, tudo bem. - fez um biquinho. - O único que perdoo por não marcar um evento com o marido é Niall. Ed tem uma agenda lotada, é compreensível.

- Ed? Ed Sheeran? - Styles arregalou os olhos, surpreso. Havia ido em diversos shows do ruivo e amava suas músicas. - Oh, meu Deus, diga que é mentira!

- É a mais pura verdade, sweet. - Louis beijou sua têmpora e Horan ergueu sua mão esquerda, mostrando sua aliança. - Niall e Ed casadíssimos!

- Há dois anos. - sorriu. - Estamos tentando ter um bebê.

- Oh, que adorável! Eu amo bebês!

- Logo serão os nossos. - Tomlinson sussurrou em seu ouvido e ele engasgou com a própria saliva, tendo um ataque de tosse. - Eu disse algo errado?

- E-Eu... Eu preciso de uma água. - guinchou, recuperando-se do choque. Namorar com Louis era coisa de louco, a cada segundo uma surpresa diferente. Jesus Cristo dai-me forças, pensou.

- Louis, você já assustou o menino? - Zayn brincou e o colunista mostrou-lhe o dedo do meio. - Pobre coitado.

- Só falei que em breve serão os nossos bebês. - arqueou uma sobrancelha. Sabia que era muito cedo para pensar nisso, mas já deixou Harry avisado. Queria filhos.

- Louis! Isso é coisa que se diga assim? - Niall repreendeu. Ele era o que mais tinha experiência amorosa naquela mesa.

- Ora, estou mentindo?

- Está tudo bem. - Harry sorriu após tomar um longo gole de água. Liam tinha corrido até um garçom para salvar o amigo. - Eu sei os planos de Lou. - entrelaçou seus dedos. - E são os meus também.

Payne evitou arregalar os olhos, estava preocupado com o mais novo. Zayn amava Louis e ouviu muitas histórias dos dois, mas conhecia Harry. Sabia que quando ele se apaixonava, ficava totalmente entregue e Liam não confiava em Tomlinson.

Não ainda.


~•~


Quando voltaram para a Payne Advertising, Harry percebeu que Liam estava calado. Sentou-se em sua mesa e o amigo permaneceu na porta de sua sala, pensativo.

- Desembucha. - Styles arqueou a sobrancelha, respirando fundo. Odiava quando ele ficava com aquela cara de quem comeu e não gostou.

- Hm?

- Eu conheço você, Liam. - cruzou os braços. - Não esconda coisas de mim, você está calado e pensativo demais para o meu gosto.

- Oh, não é nada.

- Vamos, fale. - sua voz ficou mais grave.

- Oh, homem, você é impossível! - resmungou e sentou-se diante do cacheado, encarando-o com preocupação. - Eu não gostei de Louis.

- Cara, ele é o melhor amigo do seu namorado. - franziu o cenho, certamente ele sabia algumas histórias.

- Eu sei. - engoliu em seco. - Mas não é porque é melhor amigo de Zayn que eu confio nele. - suspirou. - Sei lá... ele me pareceu mandão demais, metódico demais. Tenho medo de ele te fazer de gato e sapato.

- Li, eu agradeço sua preocupação. - sorriu terno, segurando suas mãos sobre a mesa. Amava muito seu amigo. - Agradeço mesmo, mas... eu gosto de Louis. Ele é um cara legal, gentil. Parece ser mandão, eu sei, é um pouquinho controlador, mas vamos aprender a lidar com isso. - mordeu o lábio. - Um homem como ele... Li, não posso deixar passar essa oportunidade.

- Harry, você parece um velho de oitenta anos. - arregalou os olhos. - Você só tem vinte e sete, não precisa se desesperar para ter um amor, você ainda tem tempo.

- Liam! - ralhou. - Eu realmente gosto de Louis, ele me faz bem. - sorriu bobo. - Nós dois somos adultos, solteiros e maduros. Sabemos no que estamos nos metendo.

- Tenho medo de você aparecer grávido e ele te abandonar!

- Eu não vou aparecer grávido e ele não vai me abandonar. - riu baixinho. - Louis é muito respeitoso e bondoso. Sei que não faria tal coisa.

- Você conhece esse cara há menos de um mês. Como pode saber se ele não faria tal coisa? Você não sabe se ele está te enganando ou não! Você sabe o que ele escreve no The British One? Não sabe! Sabe se ele tem um blog na deep web onde faz comentários de ódio?

- Liam, você está paranóico. - murmurou.

- Eu me preocupo com você. - respirou fundo. - Na última vez, o cara te tratou como lixo. Ele te magoou muito.

- Eu conheço meu passado, Liam. - fechou a cara com as lembranças. Em seu último relacionamento, chegou a noivar com seu ex e pouco antes do casamento ele descobriu estar sendo traído. Harry amava aquele verme. Amava verdadeiramente e foi um baque para ele pegá-lo na cama com outro. Na cama da futura casa que compartilhariam. Na cama que posteriormente seria o leito nupcial do casal. - Sei que aquele traste pisou muito no meu coração e isso foi há três anos.

- Harry...

- Louis não é como o meu ex. - sentiu seus olhos marejarem. - Louis é bom, me trata com muito respeito. Não acredito que ele me trairia como o outro fez. - respirou fundo. - Eu... Eu gosto dele, Liam. Você tem o seu namorado, deixe-me... deixe-me ter o meu. - pediu. - Sei que foi precipitado, mas poxa, já esperamos demais.

- Você está fazendo isso porque ele está velho e fica colocando caraminholas em sua cabeça.

- Ele não está velho. - começou a se irritar com a implicância de Liam. - Eu sinto muito se você não gosta dele, mas ele é o meu namorado. - soltou suas mãos. - Quem namora ele sou eu, quem tem que gostar ou não dele sou eu.

- Eu só...

- Conseguiu me incomodar com essa paranóia! Deixe-me viver minha vida, eu sou um adulto! Eu não fico metendo o bedelho em seu relacionamento, por que tem que meter no meu?

- Tudo bem, Harry. - Payne se levantou, se dando por vencido. - Mas não venha pedir um ombro amigo quando ele te largar.

- Com essa sua energia negativa é capaz que ele me largue mesmo. - resmungou, bravo.

Liam saiu da sala de vez e deixou Harry sozinho com seus pensamentos. Ele balançou a cabeça e ligou o compurador, entrando no programa que usava para fazer as propagandas. Continuou de onde parou, analisando os detalhes e seguindo as orientações de seu cliente.

No fim do expediente, Harry não viu o carro de Louis o esperando. Aguardou alguns minutos, talvez fosse um atraso devido ao trânsito, mas ele não veio. Fechou os botões de seu casaco e apertou a bolsa contra o seu corpo, começando sua caminhada para casa.

Inevitavelmente, aquilo dava oportunidades para pensamentos vaguearem em sua mente, tanto bons quanto ruins. Andou por alguns minutos, sorrindo ao ver o Big Ben com toda sua imponência. O monumento o revigorou, há tempos que não passava por ali e o via. Continuou seu trajeto pela ponte sobre o rio Tâmisa, a brisa fria do fim de tarde beijando seu rosto como um sopro gélido.

Era primavera, mas as temperaturas eram baixas, o que o impedia de usar uma camisa de mangas curtas sem precisar de um casaco por cima. Viu um Starbucks e parou no estabelecimento, sorrindo ao fazer seu pedido. Seguiu para seu destino com o copo grande de café com leite, suas botas batendo na calçada úmida.

Queria que Louis estivesse consigo, sabia que o capricorniano estaria com as mãos em seu corpo, para ser mais específico em sua cintura. Sorriu pequeno, aquilo estava indo rápido demais. Mas o que poderia fazer se Tomlinson o fazia se sentir tão bem e querido?

Não sabia o motivo que não permitiu sua ida para Westminster, mas conversaria com ele quando chegasse. Respirou fundo e sentiu seu celular vibrar no bolso do casaco. Pegou o aparelho meio sem jeito e deslizou o dedo pela tela.

- Lou?

- Oi, Hazz. - soube que ele estava sorrindo do outro lado. - Perdoe-me por não ter te buscado, fiquei preso no The Brirish One, ainda está no trabalho? Posso te buscar agora.

- Não precisa, estou chegando no prédio. - falou, já vendo o edifício residencial no fim da rua. - Está vindo?

- Estou no estacionamento. - murmurou. - Daqui dez minutos chego aí.

- Ótimo. - mordeu o lábio, passando em frente a um restaurante. - O que acha de jantarmos no Nando's?

- Boa escolha. Só vou dar uma passada em casa para tomar um banho, ok?

- Certo, vamos juntos. - mordeu o lábio. - Até daqui a pouco.

- Até, sweet. - mandou um beijo e desligou.

Harry sorriu consigo mesmo e guardou o celular, pegando sua chave. Entrou no prédio e cumprimentou o porteiro. Subiu para o seu andar e destrancou seu apartamento, jogando sua bolsa no sofá. Tirou seu casaco e foi para o seu quarto, desabotoando a camisa e a deixando no cesto do banheiro.

Removeu sua calça e cueca, enfiando-se no box e ligando o chuveiro. Lavou seu corpo pacientemente, esfregando seu couro cabeludo com o shampoo de marca popular. Enxaguou-se e enrolou-se na toalha, saindo do box e hidratando seu corpo com um creme de frutas vermelhas.

Vestiu uma roupa simples, calça jeans, camiseta e um blusão largo com bolso na frente. Colocou ali seu celular e carteira e esperou Louis dar sinal de vida.