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Dois meses. Haviam se passado dois meses desde a partida de Louis. Harry acordou no horário de sempre, fazendo sua higiene matinal e tomando o café da manhã. Estava com tanta fome, parecia que tinha passado a noite amarrado.

Ajeitou o casaco em seus ombros após terminar a refeição, pegando as chaves do carro. De uns dias para cá, sentia-se muito mais cansado que o normal, seu corpo inchado e pesado. Acho que não estou bem, pensou. Julgava ser um problema circulatório, passava o dia todo com as pernas para baixo e de calças apertadas, o que contribuía para que suas extremidades inferiores inchassem.

Mas não era só isso. Seus pulsos estavam ligeiramente mais largos e o rosto também. Aquilo o assustava, não tinha mudado nada em sua alimentação, o que não explicava o ganho de peso.

Deu de ombros e saiu do apartamento, esbarrando com alguém. Teria ido ao chão se não tivesse sido agarrado por braços fortes. Reprimiu um grito quando ficou de pé, um rosto bonito e másculo muito próximo ao seu. Barba rala e olhos castanhos, os cabelos cortados baixos.

- Olá. - o desconhecido sorriu, afastando-se alguns passos, parecendo constrangido. - Não tivemos a oportunidade de nos conhecer.

- Você deve ser Benjamin Bonnet. - ajeitou seus cachos. - Louis me falou de você, mas nunca nos encontramos.

- Louis? O Sr. Tomlinson, sim? - indicou o apartamento que pertencia ao jornalista viajante. - Sou o novo colunista de astrologia do The British One e ele me alugou o apartamento por um precinho camarada. - ajeitou sua própria bolsa nos ombros e caminharam para o elevador.

Harry apoiou seu corpo na parede metálica, mantendo certa distância de Bonnet.

- Ele é um bon homem. - falou. Seu sotaque francês era presente, embora bem disfarçado na maioria das frases.

- Sim, ele é. - sorriu, seu coração quentinho ao se lembrar do namorado.

- Suponho que o conheça bem. Ele me disse que mora aqui há quase quinze anos.

- Bem, eu moro aqui desde o começo deste ano. - mordeu o lábio. - Ele é o meu namorado, por isso o conheço tão bem.

- Oh. Achei que fosse solteiro, já estava planejando te chamar para tomar um café. - confessou e Harry arregalou os olhos, totalmente surpreso.

Eu tenho mel?, se questionou. Na primeira vez que conversou com Louis, ele flertou discaradamente, frequentemente recebia sorrisos e olhares sedutores de alguns homens na rua e agora Benjamin! Só posso ter mel para atrair tantos homens, ora bolas!

- Infelizmente não posso aceitar. - sorriu cortês, queria encerrar logo aquela conversa. - Não que eu esteja recusando porque namoro, não vejo problema em tomar um café de maneira amigável, mas não estou me sentindo muito bem.

- Quer uma carona?

- Não, obrigado. - balançou as chaves do carro. - É só um desconforto abdominal.

Benjamin nada disse, apenas se despediu do cacheado com um aceno e caminhou para seu carro. Styles engoliu em seco e entrou no veículo de Louis, respirando fundo e sentindo o aroma de menta. Havia comprado uma chaveiro para colocar no retrovisor, deixando o ambiente sempre perfumado.

Dirigiu para a Payne Advertising e grunhiu ao sentir um incômodo abdominal. Aproveitou um semáforo e caçou em sua bolsa um antigases, dando boas esguichadas em sua boca, esperando que o medicamento fizesse efeito.

- Jesus, que péssimo dia para trabalhar! - resmungou. Sono o consumia, sua barriga doía e estava com fome, apesar do desjejum reforçado.

Chegou ao seu destino e estacionou o carro, logo subindo para seu andar. Sorriu para alguns colegas e entrou na sala que dividia com Liam, vendo seu amigo acomodado na cadeira. Ele levantou o olhar quando Harry apareceu e franziu o cenho.

- Está tudo bem, Hazzy? - indagou, vendo seu amigo pálido e abatido. Styles ligou seu computador e respirou fundo.

- Sim, estou. Estou ótimo. - engoliu em seco, sua dor havia aliviado um pouco.

Trabalhou normalmente, queixando-se de incômodos no baixo-ventre vez ou outra, mas nada que o preocupasse. Seu cérebro emitiu um alarme quando Liam ficou ao seu lado e seu estômago revirou com o cheiro do perfume do amigo.

- Liam. - chamou e ele virou a cabeça para olhá-lo. Harry tinha os olhos fechados, sentia-se enjoado e nauseado. - Liam, acho que tem algo errado. Algo muito errado.

- Por quê? O que está sentindo?

- Estou com um puta enjôo. - resmungou, irritado. - Parece que meu estômago foi pisoteado e jogado na sarjeta.

- Oh. Comeu algo diferente? Pode ser somente um mal-estar.

- Minha dieta é a mesma de sempre. - seu coração já começava a acelerar com a possibilidade que se recusava a falar. Aquilo não poderia acontecer. - Liam, acho que vou dar uma passadinha no hospital.

- Claro. Eu seguro as pontas. - sorriu e se levantou, servindo um copo de água para o amigo. Harry bebeu calmamente e o agradeceu, apanhando sua bolsa e as chaves do carro.

Beijou a bochecha de Payne e saiu do escritório, não havia completado nem quatro horas desde que saíra de casa. No elevador, analisou seu celular e viu se havia alguma mensagem de Louis, mas o namorado estava trabalhando. Harry engoliu em seco e rezou baixinho para que suas suspeitas não estivessem corretas.

Entrou no veículo e não demorou nem dez minutos até chegar ao hospital. Felizmente estava vazio, apenas alguns pacientes de rotina. Após passar pela recepção, sentou-se e aguardou, apreensivo.

Tomara que sejam gases. Ou uma comida que me caiu mal, pensava. Não queria que aquele desconforto se transformasse em choros e fraldas daqui nove meses. Não quando estava sozinho.

O médico o chamou e ele contou todos os sintomas. Saiu do consultório com o pedido de um exame de HCG e rapidamente o fez, plantado na cadeira, não sairia dali até ter o resultado. Sua barriga roncava e aquilo estava começando a irritá-lo, nunca foi de comer demais e utimamente parecia uma draga.

Por fim, não aguentou mais seu estômago roncando e foi até a lanchonete, servindo-se com um copo de suco e um lanche natural. Aquilo era o suficiente para matar sua fome.

Voltou para a sala de espera e conferiu seu relógio, mordendo o lábio apreensivo ao ir até o laboratório do hospital e mostrar seu papel de retirada. A enfermeira entregou-lhe o envelope e Harry sentiu seu coração afundar no peito, não queria abrir, mas tinha que saber o que tinha.

- Que Deus me ajude. - pediu e se sentou, abrindo o envelope devagar. Tirou a folha lá de dentro e abriu, segurando um grito ao ver o grande "positivo". - Não, não, não! Não posso estar grávido!

Desesperado, foi até o laboratório mais uma vez e fitou a moça.

- Tem certeza que não confundiu as amostras de sangue? Huh? Acho que se enganou! - lágrimas grossas já escorriam por suas bochechas, ele não conseguia se conter. - Moça, pelo amor de amor de Deus, este exame não pode ser meu!

- Tenho certeza que nenhum dos nossos analistas confundiu sua amostra de sangue, Sr. Styles. - disse calmamente. - O resultado que está aí corresponde à sua enfermidade. - pegou o papel de sua mão. - Oh, vejo que não está enfermo. - sorriu. - Está grávido.

Ele soluçou, sem se importar em abaixar suas muralhas. Chorou ali, na frente de todos, completamente desolado. Foi ao banheiro e lavou o rosto, indo à recepção e pedindo uma consulta com o obstetra de plantão.

Estava desesperado. Sempre quis ter um bebê, mas não daquela maneira. Não sozinho, com seu namorado do outro lado do mundo. Estava tão assustado! Como cuidaria de um bebê? Nunca havia trocado uma fralda, como daria o cuidado necessário ao seu filho? Você aprende, Harry, seu subconsciente o encorajou. Você é forte, vai conseguir passar por isso.

Enxugou suas lágrimas e subiu para o pronto atendimento de ginecologia e obstetrícia. Aguardou ser chamado pelo obstetra, pensando em seu futuro. Agora não se preocuparia apenas consigo, tinha outro alguém que precisava de seus cuidados.

Via gestantes de diferentes estágios ali e não conteve seu choro. Daqui alguns meses sua barriga estaria tão redonda quanto a deles, mas sozinho. Eles tinham alguém para encontrar quando chegassem em casa, perguntando como havia sido o dia. Harry não tinha ninguém. O outro pai do neném estava na Austrália, temia contar para Anne, não encheria Gemma com aquilo, já que ela tinha que cuidar do pequeno Paul e não achava certo pedir ajuda para sua sogra sendo que não tinha um grau de intimidade tão grande.

O que farei?

- Com licença. - uma mulher sentou-se ao seu lado. Ela era jovem, talvez nem tivesse trinta anos, cabelos compridos e olhos azuis. Sua barriga estava redondinha e ele chutaria cinco meses. - Está tudo bem?

- Estou péssimo. - confessou, não conseguindo se segurar. Precisava desabafar com alguém ou sairia dali direto para um hospital psiquiátrico, para tomar calmantes potentes. - Péssimo!

- São os sintomas da gravidez?

- Sim! E não! - passou as mãos pelos cabelos. - Descobri a gravidez há poucos minutos e estou completamente em choque! Sinto-me tão sozinho... meu namorado, pai da criança, está trabalhando na Austrália e não voltará tão cedo. Tenho tanto medo de minha mãe me julgar. Não tenho intimidade suficientecom a família de minha sogra e... Céus, tenho que arcar com isso sozinho!

- Tudo vai se ajeitar. - confortou-o. - Sua família vai saber em algum momento e o melhor é que seja através de você. - sorriu. - Seu namorado tem que ser o primeiro a saber, afinal é o pai.

- Ele... Ele está realizando o sonho dele. - fungou. - Não quero estragar este sonho.

- Você não fez o filho sozinho, fez? - sorriu compreensiva. - Ele te ajudou nisso e deve saber.

- O-Obrigado. - agradeceu e decidiu perguntar sobre ela, seria mal educado não querer saber mais de uma pessoa que o tratou com tanta doçura. - Está de quantos meses?

- Quatro. Minha menininha, Anna.

- Que adorável. - sorriu, pedindo gentilmente para tocar sua barriga. Ela permitiu e ele pousou sua mão ali, curioso. Sua neném chutou e Harry se assustou, dando um pulinho.

- Está de quantos meses? Tem alguma ideia?

- Dois ou mais. - afirmou. - Louis viajou dois meses atrás.

- Harry Styles! - o médico chamou e ele se despediu da grávida com beijinhos na bochecha, caminhando com seu exame para o consultório do médico. - Olá. - um homem na mesma faixa etária que ele o cumprimentou quando entrou.

Styles sorriu tímido e entregou o exame a ele, que indicou uma maca no fundo da sala.

- Deite-se ali, sim?

Harry assentiu e desabotoou sua calça, ficando na maca. O doutor passou o gel e o aparelho em seu ventre, pressionando sua pele e indicando a televisão pequena acoplada à parede.

- Este é o seu bebê. - indicou uma bolinha minúscula. Na verdade, estava mais para uma sombra disforme. - Está com oito semanas de gravidez, Sr. Styles. Ou dois meses, como preferir.

- Um bebê, certo? Minha sogra teve duas gestações de gêmeos e isso me assuta. - mordeu o lábio.

- Sim, você está esperando um bebê. - sorriu. - Ele está do tamanho ideal.

- Ah, que ótimo. - engoliu em seco, olhando para a TV. - Já dá para saber o sexo?

- Ainda não. No próximo exame, com quatro ou cinco meses, já conseguirá saber. - entregou papéis a Harry para que se limpasse e tirou o aparelho de sua barriga.

Ajudou o paciente a descer da maca e voltaram para a mesa. O cacheado se sentou e fitou o médicoRespondeu algumas perguntas necessárias referentes à família e à sua saúde e o médico calculou a data. Saiu do local com uma lista de exames para fazer e levar na próxima consulta. Pegou as imagens do ultrassom na recepção e guardou em seu bolsa.

Estava mais calmo, o choque inicial tinha passado e o desespero havia sido substituído pela preocupação e insegurança. Ligou para Liam, informando que não tinha condições de voltar a trabalhar naquele dia, embora não tivesse lhe contado o motivo. Foi direto para seu apartamento e sentou-se no sofá, apanhando a imagem do ultrassom.

Alisou o papel, passando os dedos sobre seu pequeno feto, uma onda de amor tomando seu coração. Aquele bebê era fruto de um amor fortíssimo entre Louis e ele, como poderia não amar uma criaturinha tão pequena? Apesar da preocupação de ter que criar um neném sozinho até a volta do namorado, sentiu um alívio enorme ao saber que tinha alguém que também esperava o retorno de Louis. Seu filho.

Daquele dia em diante, Harry respondia por dois. Ele era duas pessoas em uma só, uma união fantástica entre os dois era responsável pelo maravilhoso milagre da vida que estava acontecendo em seu ventre e aquilo o deixava sem palavras. Mesmo assustado, era mágico.

Apanhou seu celular e tirou uma foto do exame, mandando para Louis. Rapidamente foi vista e ele não respondeu de imediato. O celular tocou e Harry atendeu a chamada via FaceTime.

- Harry Edward Styles, aquilo é um ultrassom? - ele estava em um cômodo claro e haviam muitas portas de armário atrás de si, provavelmente era a cozinha. Os cabelos de Tomlinson estavam despenteados e seu tronco estava nu.

- Sim. - seu coração acelerou, temendo a reação do mais velho. - Não queria te dar a notícia desse jeito, através de uma ligação, mas é o único modo que consigo conversar com você além de mensagens.

- Você está grávido? - parecia não acreditar. Apoiou seu celular em algum lugar e se serviu de um copo d'água, saindo brevemente da frente da câmera e voltando logo depois.

- E-Estou. Vamos ser papais, Louis.

- Eu... Eu não consigo acreditar. - deu um sorriso enorme, desejando estar com seu cacheadinho para lhe dizer alguma palavra de conforto ou simplesmente abraçá-lo apertado. Sabia que era um momento delicado. - Quero... Quero pegar o primeiro vôo para Londres!

- Não faça isso, Lou, você estará aqui no Natal. - mordeu o lábio. Estavam em novembro e a promessa de que seu namorado estaria com ele nas festas de fim de ano o deixava feliz e mais relaxado. - Não vai brigar comigo?

- Por que eu brigaria? - arqueou a sobrancelha. - Você está gerando o meu filho! O meu bebê! Como brigaria com você, amor? Se não fosse por mim, este neném não estaria crescendo em seu ventre. Eu sou o pai e sou responsável por isso tanto quanto você. Não tenho motivos para brigar.

- Como... C-Como vamos fazer? Digo, você está aí e eu aqui...

- Vou pensar nisso. - suspirou. - Agora tenho dois motivos para voltar para a Inglaterra, não? Você e o nosso filho.

- Acha que vai ser um menino ou uma menina?

- Fico feliz com o que vier. - disse, sonhador. - Se for menina, vai ser a princesinha do papai. Se for menino, vai ser o príncipezinho do papai. - falou e Harry não tinha dúvidas de que Louis seria um pai babão. - Vocês estão saudáveis? Como descobriu? Está de quantos meses?

- Acalme-se, sunshine. - sorriu, mais tranquilo. - Estamos bem. De uns dias para cá ando mais cansado e inchado. Hoje de manhã estava com dores de barriga e quando Liam se aproximou de mim, meu estômago embrulhou. Fui para o hospital e fiz os exames. Fiquei desesperado, Louis! Não queria um filho agora, não nessa situação.

- Bem, ele já está aí. - sorriu. - Ele já se mexe?

- Não, Lou, é muito pequenininho para eu sentir qualquer coisa. Minha barriga mal cresceu. Está mais inchada, mas nada perceptível. - explicou, colocando um cacho atrás da orelha. - Estou com dois meses de gestação. Nossa despedida no estacionamento do aeroporto gerou este neném. - tocou sua barriga reta.

- Já sabe quando o neném vai nascer?

- Em junho.

- Droga! Só vou poder voltar em julho ou agosto. - resmungou. - Queria tanto estar aí, amor. Mimá-lo, atender aos seus desejos... Já ouvir dizer que em alguns casos, a libido aumenta na gravidez. Oh, como você vai lidar com isso?

- Não se preocupe, compro um vibrador se eu precisar. - segurou o riso.

- Serei trocado por um vibrador. - resmungou e Harry riu.

Conversaram por um bom tempo, já que ainda era início de noite na Austrália e passava um pouco de duas da tarde na Inglaterra. Deram boas risadas e conversaram muito sobre a gravidez, Louis estava radiante com a notícia de ser pai.

Harry sabia que nunca seria abandonado por ele, mesmo estando tão longe. Tomlinson estaria ao seu lado em todas as situações e o cacheado já começava a pensar na ideia de casamento com mais carinho.

Quem sabe?

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