Pesadelo e Luxúria - Mais crônicas vampirescas

Procura-se um demônio

"Não, de maneira alguma eu irei permitir que isto aconteça!" Me sentei na cama, passando as mãos pelo meu rosto , frustrado.
"Não é uma ideia louca, Louis! Você não entende!"
"Não, é você quem não me entende. Você é inteligente, Morgana. Já leu demais e sabe muito sobre nosso respeito. Logo, sabe que está vida é uma vida amaldiçoada, onde não posso ter filhos e ver todos os que amo morrerem!"
"Louis, qual é! E não tenho família, não há nada e nem ninguém esperando por mim lá fora! Eu só tenho você! Não, olhe pra mim!"
Ela segurou meu rosto com as duas mãos, me forçando a encará-la. Olhei para seus olhos de boneca, indignado.
"Não quero ser uma velha ao seu lado. E não quero isso apenas para ter poder ao lado de vocês, mas sim para estar ao seu lado por toda a eternidade."
Levantei-me em silêncio e vesti minhas roupas. Ela sabia argumentar, nisto eu tinha que admitir, mas eu ainda achava injusto e desumano fazer com ela o mesmo que fiz à Cláudia.
"Para transformar um humano em vampiro, tenho que deixá-lo a beira da morte, sugando quase todo o seu sangue, e depois ele deverá beber do meu para concluir sua transformação." Eu disse, de forma seca, de costas para ela, terminando de abotoar a camisa.
"Sim, eu já vi nos filmes e li nos meus livros." Ela disse com voz tímida, se enrolando em um lençol e caminhando em passos largos até mim.
"Então sabe muito bem o quão doloroso é este processo. Viver de sangue, matar, beber, e eu não vou ser o responsável pela sua transformação."
"Beleza, Louis! Então vou me vestir agora e procurar um de seus amigos para me transformar!"
"Garota imprudente!" Dei um grito e a pressionei contra a parede, com raiva. Como ela poderia ter a ousadia de procurar um vampiro depois de todos os meus avisos?
"Sou imprudente por querer salvar a minha cidade? Eu não vou ficar de braços cruzados sem fazer nada, se realmente me amasse me entenderia. Eu estou escolhendo isso pra mim, EU! "
Ela gritou com os olhos banhados em lágrimas. Respirei fundo e a abracei.

"Vamos encontrar alternativas para isto. Sei que você não sossegará e me seguirá por toda parte."
"E você me transformará em vampira como última opção, promete?"
"Morgana, ouça...."
"PROMETE, LOUIS!"

Eu suspirei. Não adianta. Era mais fácil então dizer o que ela queria ouvir, então a prometi que a transformaria em vampira para que mudasse de assunto, porém era claro que eu não tinha a intenção de cumprir. Ela se contentou, e eu dei de ombros.
Voltei para casa e fiquei imaginando como conseguiríamos a bala infernal citada por Morgana na floresta. Eu ouvira falar da existência de outras criaturas além dos vampiros caminhando por estas terras, mas em mais de duzentos anos, eu nunca  vi outras raças. Lembrei-me das vezes em que minha humana hospedeira Mary assistia às missas do Vaticano pela tela projetora chamada de  televisão e outro pensamento me veio à mente, já que eu estava imerso nesses pensamentos: anjos caídos nada mais são do que demônios, e eu sabia, de acordo com os ensinamentos religiosos que eu recebera na infância que eles foram condenados a estarem na Terra. E se pudéssemos encontrar um demônio? Com certeza  não teríamos a necessidade das anotações da família de Morgana, evitando assim a abertura de um portal e correndo riscos de libertamos algo que talvez não possamos combater.
Após pesquisar em diversas revistas, encontrei o contato da equipe que trabalhava com o astro Lestat e após me identificar , pedi para falar com ele. Ele atendeu alguns minutos depois.

"Olá, meu amigo, quer me convidar para o casamento?" Ele atendeu rindo, zombando sempre de mim.

"Preciso conversar com você. A sós. Pensei em algo que pode ser útil para todos" Rosnei, odiando o fato de Lestat me usar sempre como fonte de entretenimento.

"E o que poderia ser, Louis?"

"Não posso dizer muito por aqui, mas precisamos nos encontrar hoje a noite na floresta."

"Apenas me diga algo que me convença a ir, meu caro. Uma pequena pista, pois além de vampiro eu tenho uma carreira neste século e eu não quero perder tempo com suposições ridículas."

"Temos que caçar um demônio."