Confissões

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- Interessante.... -Lestat deu um sorriso diabólico e começou a caminhar na direção de Morgana, mas eu rapidamente me coloquei na frente dela e rosnei para todos os que estavam presentes:
- Devo avisar a todos que eu dei verbena para ela, então não ousem tentar absolutamente nada. Mas aquele que tiver a ousadia de tentar algo mesmo assim pagará caro nas minhas mãos. Ela está comigo.
Armand olhou-a de cima a baixo com interesse, mas continuou no mesmo lugar, assim como os outros vampiros. Um sorriso fino se desenhou em seu rosto.
- Uma humana em nossa reunião particular. Devo lembrá-lo Louis que agora ela sabe o nosso segredo e ouviu além do que poderia. Nenhum humano deveria estar aqui.
- Eu sei, mas ela me seguiu mesmo eu avisando-a para ficar longe. - Olhei-a de forma preocupada. - Mas já que ela quer falar, deixemos então. Talvez seja útil.

Morgana pigarreou, ainda visivelmente nervosa, porém acariciei seu rosto, encorajando-a a continuar e assegurando-lhe que eu estaria de prontidão para o que quer que ocorresse. Ela então, sentindo-se mais confiante, prosseguiu:
- Antes de morrerem, meus pais eram demonologistas. Eles estudavam absolutamente tudo sobre demônios, maldições, objetos amaldiçoados, criaturas místicas e por aí vai, independente de qual cultura elas pertencem. Eles também davam aulas nas faculdades católicas locais e faziam tanto consultorias para padres que faziam exorcismos como meus próprios pais mesmos faziam. E eu me lembro que em suas últimas pesquisas, meu pai alertou minha mãe sobre o que vocês estão falando... Sobre essa ameaça dos vampiros que vai assolar os Estados Unidos.
-Continue... -Lestat parecia interessado, assim como todos os outros. Armand não tirava seus olhos dela, mas assentiu em silêncio, concordando que ela continuasse.
- Bom... Ele havia dito à minha mãe que havia descoberto em uma de suas pesquisas uma antiga profecia falando sobre uns tais "filhos de vampiros originais" que procurariam por vingança no nosso tempo. Eu não consigo me lembrar agora como eles encontraram porque eu era criança, mas eu sempre admirei o trabalho deles. Mas eles não puderam dar continuidade à sua pesquisa. Porém.... Meu pai tem anotações sobre um ritual para envocar uma espécie de demônio. Pode ser esse que vocês estão falando. Meu pai disse que ele foi quem gerou o primeiro vampiro graças a...
- A um pacto feito por um humano. Isso nós já sabemos. E porque você nos ajudaria sabendo que você é nada mais do que comida para nós? - Davina deu um sorriso diabólico.
- Porque Morgana pode nos ajudar a entender coisas que ainda não compreendemos. - Cerrei os punhos, pronto para lutar. - Eu não sabia que Morgana falaria essas coisas para todos nós, mas está óbvio o porquê. Você mesmo disse, Armand. Vampiros, humanos, todos estamos em perigo.
- Eu estou entendendo aonde ele quer chegar. - Um vampiro com corte de cabelo militar interviu. - Pelo menos uma vez na história acho que seria interessante nos aliarmos a essa garota. O que eu não entendo  é qual é a sua motivação.
- Não está óbvio, seu imbecil? Louis está apaixonado por essa humana. Por isso ele a protegeu e continua protegendo. E ela o ama também. Não é mesmo? - Armand sorriu para Morgana, que engoliu em seco, mas ela levantou o rosto, em uma espécie de desafio.
- Sim, estou gostando dele.
- Acho que já ouvi o suficiente. - Armand estendeu as mãos, encerrando a discussão -Então acho que não temos escolha. De qualquer maneira, moramos todos no mesmo universo, certo? Então vão buscar esses estudos feitos por esse humano e traga-os a nós dentro de duas semanas. Aqui neste mesmo local e no mesmo horário. Louis irá com ela. Mas é claro que qualquer tentativa de traição ou mentiras....
- Não ouse nos ameaçar, Armand. E você terá seus malditos papéis. Nós vamos embora. - Sinalizei para que Morgana subisse nas minhas costas e após olhar friamente para todos os vampiros presentes (Lestat, é claro, me olhava claramente se divertindo de mim) fomos embora.

Em segundos eu estava de volta no local onde Morgana morava. Já deveria passar de meia noite e as ruas estava desertas. A fraca luz amarelada oriunda dos postes dava ao cenário um clima fantasmagórico. Porém o tempo parava quando eu estava ao seu lado, mas de forma positiva.
- Você não quer entrar? Já sabe onde é minha janela. Pula até lá. - Ela sorriu, passando os braços ao redor do meu pescoço. Beijei sua testa.
- Não sei... Você é a única que sabe meu segredo. E se seus amigos acordarem e nos descobrirem? Pior... E se aquele imbecil nos ver?
- Relaxa, pelo menos ele nunca mais vamos ver. Contei ao diretor o que ele tentou fazer e ele está em cana. Achei bem feito, mas é claro, eu fui punida. -Ela deu uma gargalhada satisfatória.
- Não quero colocar você em mais problemas, mocinha. E eu preciso caçar logo.  Amanhã eu vou estar no seu quarto.... E espero que esteja pronta. - Sussurrei em seu ouvido, fazendo os pêlos de sua nuca se arrepiarem.
- Você me deixa louca. - Ela sussurrou, me dando um beijo que me fez perder meus sentidos. De alguma maneira, eu sentia uma chama de vida se arder no meu coração quando estávamos juntos, como se eu de fato fosse humano de novo. E eu gostava dessa sensação, de poder viver uma vida considerada normal, ter uma namorada, ter momentos de felicidade e de prazer. Não haveria mal algum, pensei, mesmo estando congelado no tempo eu nunca deixaria de ser o mesmo homem de 27 anos que eu era quando fui transformado.
E foi com mais beijos e promessas ousadas um ao outro que nos despedimos, e eu corri para a floresta novamente para caçar, mas com uma felicidade que me excitava. Eu mal podia esperar para sentir o corpo de uma mulher outra vez, mais de duzentos anos depois.

Pesadelo e Luxúria - Mais crônicas vampirescasOnde histórias criam vida. Descubra agora