CAPÍTULO 1

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Ally

Uma semana. Faltava apenas uma semana para o dia mais importante da minha vida. Era uma misto de sensações. Mas de uma coisa eu tinha certeza. Eu amava aquele homem. Frederick era meu tipo perfeito de cara. Parecia que ele me conhecia de vidas passadas.

Éramos o casal perfeito. Fazíamos tudo juntos desde que oficializamos o namoro. Era para nós dois que nossos amigos pediam conselhos quando tinham problemas no relacionamento. Também fomos os primeiros a firmar compromisso sério da turma.

E então, ele resolveu me pedir em casamento. Eu não tive dúvidas, foi sim logo de cara. Nossas famílias se davam excelentemente bem, nossos amigos em comum não podiam ser mais chegados. Eu sentia que havia chegado ao ápice da felicidade e que apenas faltava a cereja no topo do bolo para ela ser completa, construindo uma família com o cara que eu amava e que eu sabia que me amava de volta.

Uma fucking semana. Só de pensar que faltava tão pouco para eu finalmente poder ser chamada de Ally Lewis. Mal podia esperar. Esse era meu conto de fadas se tornando realidade.

Ou pelo menos, eu achava que era.

Com tantas coisas para resolver em tão pouco tempo para a tão esperada data, resolvi passar na casa de Fred para ajustarmos os últimos detalhes da festa. Estava perto de 19:00h da noite, ele já deveria ter chegado do trabalho. Sr. Jones, o porteiro do prédio em que Fred morava me recebeu com seu habitual sorriso caloroso.

— Boa noite, dona Allie. Como vai a senhora? — perguntou, já abrindo o portão, nem se preocupando em interfonar, já estava mais que acostumado a me ver aqui praticamente todos os dias.

— Por favor, já falamos sobre esse senhora. Me chama de Ally. E eu vou muito bem e vc?

— Ah, bem, bem. Falta pouco para o grande dia, não?

— Pois é, mal posso esperar — sorri.

— E eu desejo a vocês dois toda a felicidade. Vocês merecem — sorriu de volta, liberando passagem.

— Muito obrigada, Sr. Jones — agradeci e segui direto para o elevador, enquanto procurava as chaves do apartamento que Fred havia me dado alguns meses no início do nosso namoro.

Esperei pacientemente o elevador chegar ao andar selecionado, sem conseguir tirar o sorriso do rosto, admirando meu anel de noivado. Eu nem sabia expressar direito tanta felicidade.

Finalmente o elevador deu sinal indicando que havia chegado onde eu queria, imediatamente abrindo as portas, me dando passagem para chegar ao apartamento do meu noivo. Abri a porta encontrando a sala vazia. Franzi o cenho, estranhando. Normalmente depois de um dia de trabalho, Frederick costumava assistir televisão até bem tarde para compensar o dia cansativo.

Dei de ombros, não notando qual o grande problema daquilo. Talvez hoje ele estivesse mais cansado que o habitual. Segui caminho para o quarto, notando duas taças de vinho inacabadas no balcão da cozinha. Okay, isso era estranho. Será que ele tinha recebido alguma visita?

Dando mais uma olhada ao redor, a calça que ele estava usando essa manhã, quando me deixou no trabalho jogada ao chão, junto com sua blusa e sapato largados de qualquer jeito pelo cômodo, ao lado de um sutiã vermelho. Meu coração despencou ao passo que meu estômago embrulhou. Mas o que diabos?

Foi quando eu ouvi. Gemidos nada puritanos vindo do quarto de Fred. Deus, isso não pode estar acontecendo. Deve ser um sonho ruim. Um pesadelo vindo de estresse pré nupcial. Inseguranças que minha cabeça formou por algum motivo. Isso. Não. Pode. Ser. Real.

Mesmo com medo, a respiração falha e as pernas tremendo segui para o cômodo de onde os sons vinham. Se isso estava mesmo acontecendo, eu tinha que ver com meus próprios olhos, embora fosse bem óbvio o que estava acontecendo ali.

Em passos que pareceram de lesma, cheguei até a porta de seu quarto, notando que a mesma estava semiaberta. E foi quando eu vi. Nada no mundo poderia ter me preparado para tal visão. Meu noivo, o cara que eu dediquei a minha vida, meu tempo e meu amor sendo montado por uma outra mulher. E o modo como seu corpo se movimentava em sincronia com o dela me deixava saber o quanto ele estava aproveitando tudo aquilo.

Não sei de onde tirei coragem, mas consegui entrar no cômodo, não fazendo questão nenhuma de ser silenciosa. Eu queria gritar, eu queria chorar, eu queria matar os dois com as minhas próprias mãos. Eu só não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Parecia tudo uma grande pegadinha de muito mal gosto.

Ainda assim, surpreendi a mim mesma quando gritei:

— O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — a mulher, que reconheci ser sua secretária e Frederick olharam para mim assustados, ele imediatamente jogando-a de lado na cama.

— Allie — deu alguns passos na minha direção, que eu prontamente recuei, não queria que ele me tocasse, mal tinha forças para encará-lo naquele momento. — Não é nada disso que você está pensando.

— Ah, não? — falei irônica — Então você pode me explicar o que eu estou pensando? Por que para mim parece bem óbvio o que está acontecendo. Mas vamos lá, eu estou curiosa para ouvir suas explicações. — cruzei os braços, sentindo meus olhos queimarem com lágrimas que eu não deixaria sair tão facilmente. Eu estava com ódio. E precisava me controlar antes que fizesse algo que me arrependesse.

Frederick ficou calado, provando que não tinha explicação. Ele tinha me traído. E sabe lá se era a primeira vez.

— Acabou — falei, tirando a aliança que agora parecia pegar fogo em meu dedo e atirando nele — Nunca mais me procura. Eu não quero olhar para sua cara nunca mais.

E dei as costas, procurando a porta o mais rápido que pude. Minha cabeça girava e eu sentia que ia passar mal a qualquer momento. Só não podia fazer isso aqui e agora. Precisava ficar sozinha o quanto antes.

— Ally, espera aí, vamos conversar — Fred se meteu na minha frente.

— Eu não tenho mais nada pra conversar com você. Volta lá pra Samantha, vocês se merecem — mal o olhei, dando a volta e seguindo para a porta.

Mas claro que Fred não deixaria que eu fosse embora desse jeito. Ele sempre tinha que ter a última palavra. Só que não dessa vez. Assim que ele colocou a mão em meu braço, em uma tentativa de impedir que eu me afastasse, toda a raiva que eu estava segurando veio à tona em forma de um tapa em seu rosto. Senti minha mão arder, embora uma leve satisfação tenha tomado conta de mim. Fred me olhava atônito.

— E-eu não queria. Eu só... — suspirou — Eu queria uma última vez com outra pessoa antes de me amarrar completamente a você — foi sua tentativa de explicação.

— Meu Deus — sorri cínica — só para de falar antes que eu mate você — berrei — Acabou, Frederick.

Ele me olhou por dois segundos antes de concordar de leve e eu finalmente fazer meu caminho para a porta, pegando a bolsa de cima do sofá que havia deixado na entrada. Precisava sair daqui logo, eu não o daria o gostinho de me ver chorar por ele.

O elevador parecia nunca chegar ao térreo e naquele momento eu só queria minha casa. Passei correndo pelo Sr. Jones que me encarou assustado, mas eu não tinha tempo para explicar nada pra ninguém.

Entrei no meu carro, dando partida quase que instantaneamente. E segui em direção a minha casa. E quando finalmente entrei pela porta, me permiti desmoronar. Mal consegui chegar no sofá e chorar tudo o que havia segurado desde o momento em que vi Fred e Samantha juntos. Meu coração doía e meu ar faltava, mas as lágrimas não paravam de vir, as imagens e sons que presenciei ecoando repetidamente em minha cabeça. E doía como inferno.

Naquele momento, enquanto colocava pra fora toda a angústia que estava sentindo, eu não sabia se algum dia seria capaz de confiar em outra pessoa de novo. Se seria capaz de me entregar totalmente ao amor. Não do modo que havia feito com Frederick. Nunca mais.

Best Years // ashton irwin Onde histórias criam vida. Descubra agora