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Taehyung

Os meus olhos amendoados se incomodaram com a luz que escapava por algumas brechas das minhas cortinas de seda claras. Era muito cedo, o meu alarme ainda nem sequer tinha tocado. No entanto, eu me espreguicei, esticando os meus músculos entorpecidos, entusiasmadíssimo para o começo de um novo dia. Principalmente porque eu iria para uma nova escola onde eu agora morava — Daegu, portanto.

Antes de me mudar para Daegu, eu morei em Busan. Antes de Busan, morei em Ilsan. E antes de Ilsan... não me lembro mais. Os meus pais eram pessoas de negócios e, frequentemente, mudavam de cidade para cidade, me obrigando a me mudar com eles. Era um estilo de vida cansativo e era de esperar que, já com meus 16 anos, eu estivesse acostumado e não fizesse um festejo sempre que entrasse em um novo edifício de aprendizagem.

Mas, como meus pais costumavam dizer, eu era um rapaz alegre e sempre disposto a encarar cada mudança como uma coisa boa, então, entrar em uma escola nova era bom para mim. Conhecer novas pessoas, fazer novos amigos... eu achava fantástico e acho que nunca me cansaria de o fazer.

Me levantei da cama lentamente, evitando qualquer tontura ou queda de tensão. Dirigi-me ao banheiro de meu quarto e fiz minhas higienes, vestindo o uniforme da High Daegu School: este era composto por umas calças justas de cor azul escuro, uma camisa branca e um blazer no mesmo tom que as calças, com a sigla "HDS" bordadas a vermelho no lado esquerdo do peito. Era muito bonito e elegante, e os sapatos escuros combinavam perfeitamente, dando um toque refinado à vestimenta.

Desci as escadas, em direção à cozinha. Todo meu corpo estava desperto, desejoso para pisar um novo chão e ver novas caras, mas com um nervoso miudinho dentro de mim. Era uma nova escola, uma nova vida, e eu poderia ser quem eu quisesse — isso era um dos melhores aspetos de não ficar no mesmo sítio para sempre. Para minha surpresa, minha mãe já se havia levantado, e estava cozinhando algo que não pude perceber

— Omma, o que faz acordada tão cedo? Ainda falta meia hora para sua hora de acordar!

Ela sorriu, mostrando o seu sorriso quadrado maravilhoso. Eu o havia herdado. — Eu te conheço muito bem, Taehyung. Toda a vez que você muda de cidade, você acorda bem mais cedo do que devia. Houve uma vez, acho que você devia ter 10 anos, que nem dormiu direito. No final do dia, quando seu pai e eu te fomos buscar, você adormeceu na sua cadeirinha que nem um bebê, deu nem tempo de falar com você.

Eu também sorri, me sentando em uma das cadeiras pretas à volta da mesa da cozinha. Minha mãe colocou a comida à minha frente, um prato com bacon e ovos estrelados e, tudo conjugado e em sintonia, faziam uma carinha feliz. Eu suspirei, tão alto que minha mãe me olhou. — Omma... estou nervoso.

— Porquê, meu anjo? — ela indagou, sua face jovial se contorcendo em dúvida. Meus pais me tiveram muito cedo, e isso se notava nas poucas rugas que a mulher à minha frente tinha.

— Bom... e se não gostarem de mim?

— Taehyung, não diga isso. Toda a gente adora você! — ela veio ao meu encontro, colocando-se atrás da cadeira e deixando os seus braços finos rodearem o meu pescoço.

— Eu sei, eu sei. Hongjoong me dizia isso toda a hora. É só que...

— Não se preocupe, anjinho. Toda a gente vai adorar você, você é um doce. Agora coma que vou me arranjar e chamar seu pai.

Minha mãe deu um beijo em meu cabelo negro como a noite, recentemente penteado, e se retirou da cozinha, subindo as escadas e entrando em seu quarto. Eu comi tudo, com receio ainda pairando sobre minha cabeça, mas tentei ignorar esse facto. Eu só tinha que pensar positivo e tudo correria bem.

YOU PRICKOnde histórias criam vida. Descubra agora