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Taehyung

Era segunda feira, novamente — e infelizmente. Depois da tarde de sábado, na qual Jimin decidiu dar sinal de vida e avisar que estava bem, eu consegui me sossegar um pouco. Afinal, me sentiria extremamente culpado se algo de mau acontecesse ao alaranjado e eu não estivesse com ele — visto que o abandonei aos cuidados de Yoongi. O meu melhor amigo chegou algumas horas depois do almoço, me explicando que o outro o havia ajudado durante as últimas vinte e quatro horas e detalhou toda a sua estadia em sua casa, dizendo que estava cada vez mais apaixonado pelo de cabelos negros.

Nosso fim de semana decorreu normalmente. Eu já tinha saudades de passar alguns dias com uma pessoa com quem me sentisse bem e com quem eu me pudesse sentir como eu próprio — em Busan, eu fazia isso com Hongjoong. Jimin e eu aproveitamos o resto do sábado assistindo alguns filmes e comendo pipoca doce e salgada, adormecendo tarde e acordando mais tarde ainda. Até ao final da tarde de domingo — quando o alaranjado tivera que ir embora —, acabamos por ver uma temporada de uma série e prometemos que não assistiríamos mais episódios sem a presença um do outro, sorrindo e selando a promessa com o mindinho.

Bogum, mais uma vez, não me disse absolutamente nada, nem sequer uma mensagem para saber como eu chegara depois da festa. A grande questão para mim era: porque ele ficara daquele jeito? Eu não fizera absolutamente nada, e ele estava sendo bastante injusto para comigo, sendo que eu passei a noite com o mesmo e não ligara a mais ninguém. Para além disso, mesmo que eu tivesse beijado o outro, eu não lhe deveria qualquer tipo de satisfações. Nós não possuíamos qualquer tipo de relação e, se ele pretendia isso, deveria tentar algo comigo, não me deixar no vácuo esperando uma mensagem sua.

Eu caminhava relaxado em direção à escola quando uma mão em meu ombro me assustou, o meu corpo dando um solavanco tão grande que eu pensei que morreria de ataque cardíaco ali mesmo. Levei minha mão até ao meu peito, minha respiração acalmando aos poucos quando ouvi uma risada bem conhecida, e os cabelos cor de fogo claros me sossegaram instantaneamente. — Caralho, Jimin, tu 'tá louco? Eu poderia ter morrido de susto, queria ver quem aturava você se isso realmente acontecesse... Ah não, espera, Jin e Namjoon matariam você de seguida.

— Você é muito assustadiço cara, na real. Eu apenas ia te chamar, te vi desse lado da rua e ia te acompanhar, não aparecesse o Jeon para te assustar bem do nada. — ele sorriu, malandro, Jimin adorava chamar o Jeongguk para a conversa e me provocar. Depois de nossa conversa no sábado — porque obviamente que, para além de ver séries, nós também fofocamos —, o alaranjado vinha me enchendo o saco com o nome de Jeon, constantemente me provocando e dizendo que o mesmo não me deixaria em paz, visto que eu também respondia às suas "provocações idiotas" — palavras de Jimin. Mas o que eu faria? Permaneceria quieto enquanto o mesmo me tirava cada pedacinho de paciência que havia em mim sem ter troco? Se ele achava isso, não conhecia o verdadeiro Kim Taehyung.

— Ah, vai, me deixa em paz. É segunda de manhã, o que eu menos quero é ouvir falar dele, ou mesmo ouvir sua voz. Ele me deixa estressado sempre que decide me irritar ou implicar comigo, e olha que ainda apenas se passou uma semana desde que estou aqui. Nem quero imaginar quando tiver se passado um mês, ou até um ano inteiro. — suspirei, alto. Eu realmente não sabia como iria aturar o insuportável do Jeon. — E hoje temos educação física, que merda.

— A matéria mais odiada por todos os alunos, portanto. Eu devo ser o único que gosto. Quer dizer, eu e Hoseok, ele também anda na equipa de dança.

— Como você pode gostar de educação física? — eu olhei para o alaranjado, horrorizado. — Essa matéria foi o castigo dos deuses para os humanos comuns mortais. Nem a física ou a matemática superam tal punição.

Ele deu de ombros. — Eu gosto porque, como dançarino, ela me ajuda a descomprimir e esticar os músculos. Para além disso, é uma ótima distração de todas as coisas que tentam nos encaixar em nossos cérebros a cada dia que pomos os pés nesse inferno a que chamam de escola. Estou ansioso para chegar à faculdade... — ele suspirou, Jimin me havia contado que adoraria cursar dança se conseguisse entrar em alguma universidade, já eu, ainda não tinha ideia do que fazer.

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