0.5

703 91 67
                                    

Taehyung

Durante a semana seguinte à ocorrência no balneário entre mim e Jeon, eu o observei, cuidadosamente e de forma a que o mesmo não entendesse que eu o rondava. Percebi suas rotinas, a que horas ele chegava e saía da escola, em que dias da semana ele treinava basquete e estudei as oportunidades que teria para realizar meu plano e cumprir minha doce vingança. Eu expliquei meu esquema a Jimin e ele torceu o nariz, dizendo que, estando no recinto da escola, seria arriscado demais e poderia correr mal. Já para não falar de que ele me chamara de doido por andar a vigiar cada passo do mais velho. Se eu estava parecendo um stalker? Sim. Se eu ligava? Não mesmo.

Eu não planeava em chamar às atenções, era apenas uma forma de retirar aquele sorriso presunçoso que Jeongguk carregava no rosto devido ao que me fizera na segunda feira passada e não ter que ficar furioso a cada vez que o mesmo passava por mim e me chamava de moranguinho, apenas porque eu me encharcara de tinta vermelha. Eu sentia um ódio gigante vindo de si e eu sabia que ele me queria rebaixar, porque, por Deus, se Jeongguk tivesse um vídeo, eu tenho certeza que ele usaria até aquela porra apenas para me humilhar me frente de toda a escola — o que não seria bom, em nenhum sentido nem maneira. Enfim, ele era mais velho que eu, mas conseguia chegar a ser bem mais infantil.

A única parte boa de tudo isso é que, finalmente, Bogum tomou coragem e me mandou mensagem, pedindo desculpa pelas suas atitudes na festa, dizendo que não tinha nenhuma razão para ter agido daquela maneira, visto que nossa relação não era amorosa. Combinamos de nos encontrar na terça feira, em uma sorveteria, depois das aulas, para compensar tudo o que aconteceu na festa. Eu sorri porque foi ele quem convidou e isso seria, tecnicamente, um encontro. No entanto, tentei não dar muita importância ao assunto, eu tinha dezasseis anos — quase dezassete —, nunca havia tido um relacionamento e não queria me iludir e ter minha primeira decepção amorosa. Apesar disso, me apressei e mandei mensagens a Jimin, com direito a capturas de ecrã de nosso diálogo, e pedindo ajuda para que o mesmo me auxiliasse com roupas e maquilhagem no dia.

O mais velho também pediu desculpa pelas atitudes do melhor amigo e por o mesmo usar nossa relação como forma de me atrair e ludibriar, me conduzindo até ao vestiário. Bogum explicou que o mais novo não era assim — extremamente cruel e vingativo — com ninguém e, por isso, não sabia o que o mesmo tinha contra mim. Ele sabia que Jeongguk não gostava que batessem de frente com ele, mas não haveria volta a dar. Eu revirei os olhos, não me pronunciando acerca de, absolutamente, nada, compreendendo que aquilo era, simplesmente, falta de um bom raspanete e alguém que o confrontasse, como eu decidira que iria fazer.

Portanto, na manhã de segunda, cheguei um pouquinho atrasado na escola, de modo a que não fosse notado por ninguém e tivesse privacidade para esconder todos os materiais que necessitava para minha retaliação em meu cacifo, alegando ao meu pai que estes seriam para um trabalho escolar e que este valia metade da nota da matéria. Ele não pareceu totalmente convencido, mas deixou passar, encolhendo os ombros e apenas proferiu "Você é que sabe, apenas não se meta em sarilhos, por favor."

Apesar de tudo, eu estava com bastante medo e, para contrabalançar, uma imensa adrenalina acerca de fazer algo errado e proibido corria por minhas veias, juntamente com o líquido vermelho e quente. Eu iria adorar quando visse sua cara de tacho ao perceber que eu não era daqueles que ficava quieto quando mexiam comigo. Não, eu ripostava. E à altura.

O balde com o líquido amarelado pesava como o inferno e, quando o arrumei no seu cacifo, pude sentir minhas costas estalarem ao as esticar. O pincel extenso, minha bata e o plástico filme já estavam também arrumados, então, eu me recompus e sorri, extasiado. Fechei, finalmente, meu cacifo, o medo que alguém visse o que eu tramava me consumia e eu decidi esconder tudo e não deixar meu plano ir pelo cano abaixo. Enquanto me dirigia para minha sala, com um sorriso convencido, sabia que iria levar uma reprimenda por ter chegado atrasado. Mas também tinha a certeza que a tarde seria memorável.

YOU PRICKOnde histórias criam vida. Descubra agora