0.8

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Taehyung

Conseguia ouvir vozes abafadas a minha volta, mas não percebia de onde elas estavam vindo, nem tampouco conseguia abrir meus olhos. Constatei que algo pesava em minha testa, algo molhado, e concluí que talvez fosse um pano, visto que me sentia febril e, ao mesmo tempo, calafrios gelados percorriam minha espinha. Tentei me levantar mas, para além de ser inútil — visto que meu corpo não se locomoveu um centímetro —, notei que o mesmo estava dolorido. Mas que porra?

— O que ele tem, senhora Soo? — distingui a voz fina de Jimin quando todas as outras se calaram, dando fim ao ruído constante que permanecia no ar. Minha cabeça agradeceu e, em pouco tempo, escutei umas folhas se mexerem e causarem um pequeno barulho, antes de ouvir outra voz feminina, que descobri ser da enfermeira da escola, uma mulher extremamente simpática. Eu estava na enfermaria?

— Não é preocupante, pequeno. Ele deve ter pego um vento frio e agora está com um pequeno resfriado. Nada que não se resolva com medicamentos e descanso durante um ou dois dias. — meu corpo relaxou imediatamente, poderia ter sido bem mais grave, todavia, era apenas uma pequena constipação. — Tenho que agradecer ao menino Jeon por o trazer até aqui, ele estava ardendo em febre. Foi pena Taehyung não ter chegado mais cedo, poderíamos ter evitado o desmaio.

Jungkook também estava ali? Eu me lembro de estar na biblioteca e desmaiar lá, mas não pensei que Jungkook se importasse o suficiente para me trazer até aqui e perder seu tempo comigo, afinal, ele nem me dirigia duas palavras direito. — O J-Jungkook... — apesar de estar apenas pensando, minha língua me traiu e acabei por pronunciar o seu nome. No entanto, foi tão baixo que ninguém percebeu, e continuaram conversando — não era bem uma conversa, visto que, agora, Jimin atacava verbalmente o moreno, sem dó nem piedade.

— Ao menos esse imprestável fez algo a não ser testar a paciência do Tae, como faz todos os dias, não é? — eu ainda não havia aberto meus olhos mas, pelo tom de Jimin, eu sabia que ele estava furioso. Imaginava aquele nanico de gente enfrentando o musculoso Jeon, como se o fosse acertar um soco, sendo que o moreno era uns dez centímetros bem mais alto que ele. Seria engraçado se não estivéssemos na situação corrente. — Aposto que o comportamento dele também contribuiu para isto! Me diga, senhora enfermeira, porque o Taehyung desmaiou? Acredito que não foi apenas pelo resfriado, certo?

— Bem, para além do corpo estar mais frágil devido à doença, ele passou algum tempo sem comer e beber algo... e os exames acusaram um alto nível de estresse. — uma parcela de culpa começou a invadir meu corpo, eu sabia que estava errado ao, praticamente, não tocar na comida hoje, mas eu simplesmente não me sentia com disposição para ingerir algo. — Vocês já começaram as provas?

Ouvi alguém bufar, impaciente, e, antes que Jimin pudesse contestar ou continuar sua pequena discussão com o mais velho — eu sabia que o faria, ele era persistente o suficiente —, eu consegui me expressar alto o suficiente para que, finalmente, me ouvissem. — Jimin... — abri meus olhos, me habituando à claridade do cômodo excessivamente branco. Minha voz estava arranhada, consiga sentir minha garganta arder a cada palavra que eu dizia e minha cabeça continuava doendo, parecendo que tudo girava à minha volta.

— Tae! — o seu corpo magro se aproximou de mim, me apertando as mãos em sinal de conforto e sinalizando sua presença junto de mim. Meu campo de visão reconheceu o seu rosto rapidamente, e não demorou para identificar os outros também. A enfermeira Soo permanecia em pé, com uma prancheta em mãos e me olhando com preocupação; Yoongi também estava presente, e eu concluí que meu melhor amigo e ele estavam juntos há pouco tempo — lembraria de lhe perguntar o que estava acontecendo entre eles. — Como você está?

Por fim, e para minha surpresa, Jeongguk ainda continuava na enfermaria, com os braços cruzados e costas encostadas na porta de madeira, me mirando. Não consegui entender qual era o teor do seu olhar, se raiva, preocupação, ou os dois, mas suas orbes negras enviaram arrepios para minha nuca. Desviei o meu olhar do seu, focando no rosto de Jimin, sentindo meu corpo doer pela maca dura por baixo de mim.. — Estou... melhor. Minha garganta... dói. — apontei o indicador para o local, como se fosse uma criança. Jimin riu, triste, passando as mãos em meus fios. — Minha cabeça também.

YOU PRICKOnde histórias criam vida. Descubra agora