6 - Um dia (quase) comum

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O despertador tocou às seis e meia, quebrando o silêncio que se instalava no quarto escuro, porém imponente, do jovem Jeon

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O despertador tocou às seis e meia, quebrando o silêncio que se instalava no quarto escuro, porém imponente, do jovem Jeon. O cômodo era de mediano para grande, tinha espaço suficiente para sua cama de médio porte, escrivaninha, as estantes de livros e prateleiras com figuras de ação, além de um vasto guarda roupas que talvez, metade do que havia ali dentro, nem fosse usado há um bom tempo.

O ar inflou seus pulmões e abandonou-os aos poucos, antes que ele resmungasse coçando os olhos ainda fechados. Quando abriu-os, piscou algumas vezes para espantar o sono e então sentou-se, esticando suas mãos ao aparelho que vibrava e tocava incansavelmente, um tantinho irritante.

Seu corpo estava incrivelmente pesado e seus nervos e músculos doíam como se tivesse sido atropelado por um trem, ou talvez ele tenha servido de poltrona para um elefante cor-de-rosa. Caminhou arrastando-se para o banheiro de seu quarto, pensando que talvez deve-se mandar pintar de branco o desenho do homem aranha em sua porta, já estava crescido agora, não era mais uma criança!

Ele até riu um pouco ao se lembrar o quanto tinha insistido para seus pais deixarem que fizessem uma pintura ali, até tinha apelado para Jennie Kim, sua irmã mais velha e com a ajuda do chamego e bajulação de Min Yoongi, seus pais deixaram por fim. E não era nada mais do que justo, visto que sua irmã tinha desenhos de princesas na porta também; "Por que ela pode e eu não" incomodou o senhor e a senhora Jeon por algumas semanas.

Agora, Jennie Kim já havia mandado pintar por cima daquele desenho, um rosa antigo, culto e elegante, como ela gostava de dizer, então talvez aquilo fosse o indicativo para ele fazer o mesmo, talvez encontrasse algum azul antigo para usar e fazê-lo parecer adulto.

Mas até que ele gostava do homem aranha.

Jeon Jungkook entrou no banheiro depois de ter ficado um tempo encarando aquela maldita porta, lavou seu rosto com toda a calma do mundo, como se os ponteiros do relógio não estivessem correndo adoidados por aí.

Ainda gastou mais alguns segundos massageando o rosto, fingindo afincadamente que havia aprendido algo com Jennie e Chaerin sobre cuidados matinais com a pele. Ele se enganou bem em acreditar que estava fazendo certo.

Depois de enxaguar o rosto de sua massagem, levantou e olhou para o espelho e levou um susto com oque viu, precisando de um breve momento para se recompor.

E ele se sentiu acabado, ali encarando seu reflexo que o encarava como se risse de seu desamparo. Era como se o espelho não se importasse de precisar ser decadente para imitar a si, já que ninguém o veria além do dono.

E Jeon desejou ser o reflexo por um momento.

Jogaria-se ao chão na primeira oportunidade.

Estava vestindo suas roupas do pijama que não lhe favorecia muito o corpo que já não estava em seu melhor estado - estava mais magro do que imaginava e ele tinha certeza que os ossos de sua bacia não deviam apontar assim. Seus cabelos não tinham brilho, estavam ressecados e ele não penteava há duas semanas (e isso sem contar o corte que sequer existia, os fios haviam crescido bastante). Seu rosto foi oque mais deixou-lhe deprimido, definitivamente, pois não podia esconder-lhe mesmo que quisesse e deus, como ele queria. Era para ser assim, fino, com as bochechas fundas e olheiras que se assemelhavam a hematomas de fortes socos?

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