Sobreviva até o sol se por. (Livro 2)

Capítulo II

— O que aconteceu? — Sharaene perguntou nervosa, levantou abruptamente o que fez seu corpo protestar em dor.

Winton estava tão pálido! Sangue escorria de um corte em sua testa, vários hematomas cobriam seu corpo magro, um de seus olhos se encontrava roxo; sua aparência era de partir o coração.

— Não temos tempo para explicações. — Rodolpho falou enquanto carregava o menino até a cama. — Trouxe alguns medicamentos. Irei cuidar dele.

Após o deitar com cuidado, rapidamente retirou do braço uma bolsa com materiais de primeiros socorros.

— Ele vai ficar bem? — ela perguntou preocupada enquanto verificava se ele ainda respirava.

— Vai sim, meu amor. — ele respondeu enquanto limpava as feridas de Winton com álcool.

Ele a chamar de meu amor causou uma sensação de aperto em seu coração, não sabia nem se era algo bom ou não e naquele momento não queria descobrir.

— Eu quero ajudar. — Sharaene falou. Não gostava de ficar ali somente observando.

Rodolpho estava nervoso porque não deveria estar ali, se descobrissem perderia sua cabeça, mas precisava cuidar do menino, pois sabia da importância dele para Sharaene.

— Não precisa. Já irei acabar. — ele respondeu enquanto enfaixava a cabeça de Winton.

Sharaene observava tudo com apreensão. Nem sabia que Rodolpho entendia de cuidados médicos, porém resolveu confiar que ele ajudaria o menino.

Após minutos que pareceram uma eternidade Rodolpho terminou.

— Ele deve acordar em algumas horas. — ele falou enquanto se levantava.

Quando percebeu as feridas e hematomas em Sharaene, o coração dele se apertou ainda mais.

— Não acredito que bateram em você! — ele falou se enfurecendo.— Quem fez isso?

Ela pensou em responder, porém sabia que ele iria tentar fazer algo.

— Algum soldado, não sei o nome dele. — mentiu.

Rodolpho percebia claramente quando ela mentia, o tom de sua voz sempre vacilava.

— Venha cá, meu bem. — ele falou abrindo os braços.

— Não ache que somente porque está ajudando Winton e eu estou lhe tratando normalmente, que isso significa que esqueci suas mentiras. Você ainda me deve explicações. — ela falou enquanto o abraçava. No fundo precisava daquilo.

Se sentia uma idiota por estar tão facilmente em seus braços, nem sabia quem de fato era ele e seu passado, mas não conseguia negar a paz que ele ainda a transmitia.

— Eu sei, mas não posso lhe contar tudo agora. No momento certo você saberá de toda a verdade.

— E quando será o momento certo? — ela perguntou suspirando. Estava cansada de não saber das coisas.

— Logo. E me desculpa por ter demorado a dar notícias, preciso de mais alguns dias para conseguir lhe tirar daqui. Te peço que continue sendo forte. — ele pediu enquanto a apertava mais contra si. Sentia tanta falta dela! — Agora precisamos cuidar de seus ferimentos.

— Se fizermos isso eles vão perceber, Rodolpho.

Ele se sentiu mal. Era verdade e se odiava por não poder ajudar em nada.

— Eu não posso ficar muito tempo aqui. — ele falou segurando nas mãos dela. — Não deixe ninguém descobrir que Winton está aqui, desculpa colocar uma responsabilidade tão grande em suas mãos, porém para todos ele está morto.