Capítulo X

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— Me deixe sair. — Sharaene pediu pela quinta vez em menos de dez minutos.

— Só depois de você me escutar. — ele respondeu já impaciente.

— Eu não estou nem aí para o que você tem a me dizer, Kayron.

Ele continuou a encarando e escorado na porta impedindo sua saída. Era até engraçado a forma como chegou naquela situação.

              Meia hora atrás.

Sharaene desejava ir ao banheiro. Existia, no canto, uma espécie de vaso todo sujo e rachado, a qual ela não se importaria em fazer suas necessidades. Já estava acostumada a situações piores, porém desejava sair daquela cela.

Todos estavam em silêncio após sua última fala. Sentia a todo instante o olhar de Rodolpho sobre si e sabia que não podia o encarar, senão tudo iria por água abaixo.

Ela levantou e caminhou até a grade, sabendo que no corredor existiam guardas.

— Ei! Eu preciso ir ao banheiro! — ela gritou.

— Acho difícil eles deixarem você sair. — opinou Esteban.

— Por favor! Eu estou muito apertada! A mãe de vocês não gostaria que vocês deixassem uma mulher fazer xixi nas calças. — ela gritou ainda mais alto.

Winton soltou uma risada.

— Se eles deixarem tu sair com esse argumento eu juro que nunca mais duvido de nada nessa vida. — ele falou.

Sharaene escutou passos e se virou para o menino com um sorriso no rosto.

— O que você disse mesmo?

— Não acredito. — Malic sussurrou surpreso, teve vontade de rir com tamanha sorte.

Um jovem guarda apareceu na frente da cela. Ele era o mesmo que não tinha feito nada enquanto ela ameaçava Adolf.

— Então vou poder ir ao banheiro?— ela perguntou.

— Claro que sim, senhorita. — ele respondeu indiferente, mas de alguma forma ela sentiu que tinha algo de errado ali.

— Eu posso ir também? — Winton perguntou.

— Não. — o soldado respondeu sem ao menos o encarar.

Logo ele destrancou a porta da cela.

— Vamos logo.

Sharaene não esperou nenhum segundo; rapidamente estava do lado de fora, o seguindo.

Ele andava rápido olhando para todos os lados, agora sua expressão não era mais indiferente e sim temerosa.

— Está me levando para qual lugar? — ela perguntou.

— Ao banheiro. Ande mais rápido. — ele pediu e já apressou seus passos.

Ela sabia que ele estava mentindo, sua inquietação provava que tinha algo por trás. Logo entraram em um outro corredor, que por sua vez era bem iluminado e limpo.

— Essa é a área de descanso dos guardas que ficam aqui, o banheiro é logo ali. — ele apontou para uma porta no fim do corredor.

Ele já havia parado, mas ela precisava ainda andar alguns metros sozinhas e isso não lhe parecia algo bom no momento.

Sobreviva até o sol se por. (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora