— Me deixe sair. — Sharaene pediu pela quinta vez em menos de dez minutos.
— Só depois de você me escutar. — ele respondeu já impaciente.
— Eu não estou nem aí para o que você tem a me dizer, Kayron.
Ele continuou a encarando e escorado na porta impedindo sua saída. Era até engraçado a forma como chegou naquela situação.
Meia hora atrás.
Sharaene desejava ir ao banheiro. Existia, no canto, uma espécie de vaso todo sujo e rachado, a qual ela não se importaria em fazer suas necessidades. Já estava acostumada a situações piores, porém desejava sair daquela cela.
Todos estavam em silêncio após sua última fala. Sentia a todo instante o olhar de Rodolpho sobre si e sabia que não podia o encarar, senão tudo iria por água abaixo.
Ela levantou e caminhou até a grade, sabendo que no corredor existiam guardas.
— Ei! Eu preciso ir ao banheiro! — ela gritou.
— Acho difícil eles deixarem você sair. — opinou Esteban.
— Por favor! Eu estou muito apertada! A mãe de vocês não gostaria que vocês deixassem uma mulher fazer xixi nas calças. — ela gritou ainda mais alto.
Winton soltou uma risada.
— Se eles deixarem tu sair com esse argumento eu juro que nunca mais duvido de nada nessa vida. — ele falou.
Sharaene escutou passos e se virou para o menino com um sorriso no rosto.
— O que você disse mesmo?
— Não acredito. — Malic sussurrou surpreso, teve vontade de rir com tamanha sorte.
Um jovem guarda apareceu na frente da cela. Ele era o mesmo que não tinha feito nada enquanto ela ameaçava Adolf.
— Então vou poder ir ao banheiro?— ela perguntou.
— Claro que sim, senhorita. — ele respondeu indiferente, mas de alguma forma ela sentiu que tinha algo de errado ali.
— Eu posso ir também? — Winton perguntou.
— Não. — o soldado respondeu sem ao menos o encarar.
Logo ele destrancou a porta da cela.
— Vamos logo.
Sharaene não esperou nenhum segundo; rapidamente estava do lado de fora, o seguindo.
Ele andava rápido olhando para todos os lados, agora sua expressão não era mais indiferente e sim temerosa.
— Está me levando para qual lugar? — ela perguntou.
— Ao banheiro. Ande mais rápido. — ele pediu e já apressou seus passos.
Ela sabia que ele estava mentindo, sua inquietação provava que tinha algo por trás. Logo entraram em um outro corredor, que por sua vez era bem iluminado e limpo.
— Essa é a área de descanso dos guardas que ficam aqui, o banheiro é logo ali. — ele apontou para uma porta no fim do corredor.
Ele já havia parado, mas ela precisava ainda andar alguns metros sozinhas e isso não lhe parecia algo bom no momento.
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Sobreviva até o sol se por. (Livro 2)
Ficção CientíficaNão precisavam mais sobreviver até o sol nascer, mas sim lutarem para conseguir vê-lo se por. Até que ponto a vida poderia parecer uma história de terror? Era isso que se perguntava todos os dias. Sharaene não estava mais em um desafio que poderia...