Margot
Meus pés estão congelando, e mal sei dizer se era o fato de estar com o corpo completamente molhado ou se estava apenas ansiosa.
Atrás de mim, Luke caminhava tão silenciosamente que pensei em virar para verificar se ele estava mesmo ali, se não fosse pela minha covardia. Covardia essa, aliás, que nos trouxe a onde estávamos agora.
No caminho até o elevador, onde entramos ambos em silêncio, pude finalmente me dar conta do que estava acontecendo. Meu cérebro estava a mil - Luke realmente estava lá, em Madri. O pensamento sozinho me fez ter vontade de tocá-lo, e isso seria muito simples. Apenas esticar o braço. Entretanto, eu sabia que, ainda que minha necessidade de sua presença estivesse me sufocando e me fazendo sentir eufórica com sua presença, eu precisava manter minha cabeça em ordem.
As coisas não mudaram. Uma semana não era tempo nenhum para mudar a cabeça de um homem. Luke ainda era Luke, e eu... eu ainda tinha as mesmas questões de quando saí de Washington.
Quando chegamos à porta do meu quarto e passei o cartão eletrônico no identificador, entrando e deixando espaço para que Luke fizesse o mesmo.
O silêncio entre nós só acabou quando me manisfestei.
- Se importa se eu tomar um banho antes? - minha voz mal passava de um murmúrio e, se não fosse o roupão molhada colando no meu corpo, não teria sido a primeira a falar alguma coisa.
Luke permaneceu parado no meio do quarto, quase como se estivesse com medo de que qualquer movimento impróprio fosse mudar o rumo das coisas. Fez um gesto com a mão para mim e eu assenti brevemente.
Verifiquei a tranca da porta do quarto antes de pegar uma muda de roupas e ir para o banheiro, apenas para me certificar de que Clair não entraria ali no pior momento possível. No banheiro, faço o mesmo. Sei que Luke nunca tentaria entrar, com nossa situação tão sensível, mas eu precisava me sentir confortável com meus pensamentos antes de encarar uma conversa com ele.
Abro o chuveiro e deixo a água cair até esquentar. A sensação é boa contra minha pele e deixo que a quentura relaxe meus músculos. Isso dura por pouco tempo, no entanto. Assim que me seco, posso sentir todo o nervosismo voltando. No espelho, posso ver minhas pupilas dilatadas, o corado nas minhas bochechas e o jeito como minhas testa parece estar sempre franzida por preocupação.
Por um momento, me pergunto de onde veio tudo isso. Era Luke lá fora. Por Deus! Era o homem que eu amava, o homem que deixei me tocar como nenhum outro tinha tocado antes. Era apenas o Luke. O homem em quem confiei tanto a ponto de trair.
Balanço a cabeça por um instante e, com esse pensamento em mente, visto minhas roupas e saio do banheiro. Luke está sentado na beirada da cama, apoiandos cotovelos nos joelhos e com as duas mãos fechadas em punho, em frente a sua boca. Está concentrado em seus pensamentos, quando me vê e ergue o corpo rapidamente.
- Desculpa a demora. - digo como um modo de iniciar uma conversa, mas me sinto esquisita logo depois. Tento me lembrar das minhas próprias palavras de antes de sair do banheiro.
- Não, tudo bem. - ele se apressou em dizer.
Decido tomar um lugar na cama, também na beirada e com certa distância dele, que observa atentamente meus movimentos.
Ficamos ambos em um silêncio estranho pelo o que parecem alguns minutos e eu tento procurar um jeito de começar a conversa. Luke queria falar, mas eu também. Só não sabia o que ainda.
- Vou ser direto. - de repente, Luke se pronuncia, olhando para as próprias mãos a sua frente. Engulo em seco e faço que sim com a cabeça, embora ele não pudesse me ver. - Quero que você volte comigo para Washington. Estive pensando ultimamente e... eu sei que é um momento difícil para você, com tudo o que está acontecendo, que tem muita coisa em que se focar agora. Não vou te pressionar. Se quiser... não sei, ajustar alguma coisa depois, conversar melhor sobre as coisas, tudo bem, por mim. Mas tem sido difícil, Margot, esperar o próximo dia, sem saber se estamos bem ou não.
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Madrid || l.h.
Fanfiction{Livro dois de "Maldives"} Depois de o pior cenário acontecer, Margot se sente perdida e decide que é mais sensato se afastar da confusão de sua vida amorosa por um tempo. Sendo coincidência ou atos propositais, ela não sabia, mas não conseguiria fi...