Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍDO)

Capítulo 23 - Novas percepções

Anelyn

Hoje é sexta-feira e amanhã Vincent e eu completaremos nossa primeira semana de namoro. Falso. Mesmo assim, é incrível como eu tenho gostado de namorar, mesmo que de mentirinha. Eu me sinto bem demais com ele. Não me sinto mais tão sozinha, nós conversamos sobre tudo, ele sempre me ouve pacientemente e mesmo quando não temos nada para dizer, não ficamos constrangidos ou desconfortáveis. Tudo entre nós parece combinar de um jeito tranquilo e seguro e tudo o que fazemos juntos, mesmo como amigos, quando estamos sem plateia, se torna absolutamente divertido e prazeroso.

Quanto à Nicolas, foi mais doloroso do que imaginei que seria aparecer com Vincent na frente dele, principalmente porque ele não disfarçou nem um pouco o quanto aquilo o atingiu. Quando Vincent me beijou na saída do colégio na segunda-feira, anunciando nosso namoro para todos que por ali passavam, Nicolas parou exatamente à nossa frente, de punhos e maxilares travados, olhando diretamente dentro dos meus olhos, onde conseguiu me transmitir toda a sua mágoa, decepção e raiva. Sem ao menos uma palavra ou qualquer gesto, ele saiu andando às pressas e assim fez todos os outros dias da semana, passava por nós, sempre deixando claro seu desprezo e esforço para nos ignorar. O pior de tudo é a dúvida que consome o meu peito. Será que ele está assim simplesmente porque seu orgulho masculino está ferido ou porque realmente tinha — ou tem — sentimentos fortes por mim? Provavelmente eu jamais saberei.

Para comemorar a primeira semana de existência do meu namoro com Vincent, Melissa nos convida para uma boate. Convenço minha mãe a me deixar ir, e ela permite, com a condição de que eu chegue em casa exatamente à meia noite. Peço para Dick me deixar na casa de Melissa assim que termino de me arrumar, pois fica bastante contramão eles virem até a mansão me buscar já que a boate fica tão próxima à casa deles. A mãe de Melissa abre a porta já usando seu robe, provavelmente cobrindo o pijama, e me recebe com simpatia, mas logo se despede para ir deitar e me manda subir para o quarto de Melissa, onde ela está terminando de se arrumar. Subo as escadas e logo me junto a Melissa em todo um ritual para nos arrumarmos. Depois de prontas, saio do quarto dela primeiro e alguns minutos depois, me pego segurando a maçaneta do de Vincent para, logo em seguida, estar observando-o amarrar os cadarços sentado na beira da cama, usando somente uma calça preta e botas da mesma cor.

— Ane, olá. Entre. — convida e eu abro a porta por completo, dando um passo à frente e girando em torno do meu próprio corpo.

— Que tal estou? — pergunto, me exibindo e sorrindo com a brincadeira. Ele também sorri.

— Incrível! — me encoraja, ao mesmo tempo em que se levanta para me cumprimentar. — É sem dúvidas a namorada mais linda que eu poderia arrumar. — brinca, piscando um olho e me fazendo gargalhar.

— Bem, obrigada! Vou deixar você terminar de se arrumar em paz. — digo, dando um passo para trás e saindo do quarto logo em seguida.

As coisas entre Vincent e eu estão diferentes de tudo o que já vivi com alguém do sexo oposto e, me atrevo a dizer, ótimas! Diferente das outras vezes em que Melissa me trazia para esse tipo de programa, eu não me sinto deslocada e desconfortável e tenho certeza que isso é mérito de Vincent, que consegue deixar tudo leve. Mesmo nos momentos em que precisamos agir com um pouco mais de intimidade para manter nossa mentira, não fico desconfortável, nem nervosa ou acelerada. É realmente como se fosse uma brincadeira entre dois amigos. Qualquer outro em seu lugar se aproveitaria da situação, mas ele não. Em momento algum sinto malícia de sua parte ou que esteja se aproveitando de alguma forma. Sinto somente a boa vontade dele em me ajudar e, sinceramente, isso me faz admirá-lo muito.