Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍDO)

Capítulo 26 - Fuga

Anelyn

Esta poderia ser somente mais uma costumeira manhã dos meus dias, mas não é. Não com Nicolas Mitchell dormindo ao meu lado depois de eu ter perdido minha virgindade com ele. Informações estas que preciso ficar repassando inúmeras vezes em minha mente, para conseguir eu mesma acreditar.

— No que você tanto pensa? — escuto Nicolas perguntar e me viro devagar para ele, que me observa com o cotovelo apoiado no colchão, dando apoio a sua cabeça.

— Em nada. Apenas não queria acordar você. — digo, disfarçando a repentina timidez sob seu olhar, com o ajuste do cobertor em meu corpo, para ter certeza de que está tudo devidamente coberto e garantir que ele não perceba que eu estou pensando em muitas coisas que jamais pronunciaria em voz alta.

— O que acha de saírmos para comer alguma coisa? — ele pergunta após instantes de silêncio e eu concordo. — Eu vou tomar um banho então, se arrume também. — completa, saindo de baixo das cobertas sem o menor indício da timidez que me consome e passando literalmente por cima de mim para descer da cama, depois de depositar um beijo demorado em minha testa e ir vestir seu short.

Só depois que me certifico de ter ouvido a porta do quarto dele bater no corredor, me levanto enrolada no cobertor e vou direto para o banheiro.
Quando Nicolas retorna, limpo, cheiroso e básico, mas muito bem arrumado com suas roupas caras, já estou com a roupa de cama completamente trocada, banho tomado, usando um vestido leve e florido e terminando de secar meus cabelos.

Minutos mais tarde, estamos passeando pelas calçadas das melhores lanchonetes de Phoenix, de mãos dadas e conversando tão naturalmente que chego a ficar impressionada. Não sei porque eu acho que deveríamos ter constrangimento depois de ontem, foi um momento lindo. Talvez eu seja mesmo exageradamente tímida, mas a verdade é que existe mais uma coisa me incomodando e eu não faço ideia de como posso abordar o assunto com ele.

— Aqui, eu gosto dessa, podemos comer aqui. O que acha? — ele pergunta, indicando a fachada negra com várias xícaras e figuras referentes à cafés desenhadas de forma que lembrem desenhos à giz.

Eu concordo e logo atravessamos a porta de vidro em direção ao interior aconchegante, com iluminação quente e acolhedora, móveis rústicos e bem cuidados. Nicolas e eu nos sentamos em uma mesa em frente a uma das janelas fechadas de vidro que dá para a rua lateral a que estávamos caminhando e logo uma garçonete se aproxima, sorrindo com simpatia, e oferece um cardápio a cada um de nós.

Logo depois de concluir nossos pedidos, Nicolas me observa com atenção, ele está de frente para mim, o que me deixa ainda mais exposta ao seu olhar.

— Tem algo incomodando você. — ele afirma, em seguida estende sua mão direita para segurar a minha mão sobre a mesa. — Seja o que for, você pode me contar. — diz, gentil e confiante.

— E-eu... Bem, é que... Nós...— começo, mas a sensação que tenho é que todos naquele lugar estão ouvindo cada palavra do que falo, então me inclino um pouco para frente, me aproximando dele e diminuindo meu tom de voz. — Nós não usamos preservativo ontem a noite. — digo de uma vez, já sentindo o ardor subir por minhas bochechas.