CAPÍTULO 05

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-A única coisa que se passa na minha mente agora é por que, Clarissa? Qual o motivo necessário de você aparecer aqui ás 08:00 horas da manhã e me tirar do maravilhoso mundo dos sonhos?-falava Daisy tendo a cara toda inchada abrindo os olhos ao despertar.

-Posso garantir que é algo urgente!-respondeu Clarissa apressadamente.

-Pois bem, sou toda ouvidos! Pode falar.

-Lembra-se de Amelia Campbell, né?-explanou Clarissa ainda confusa com a informação que iria falar para Daisy.

-Sim! A coitada foi vitima de chacota da sociedade na primeira temporada dela chegando até sair noticias nos jornais, iria ocorrer o mesmo comigo, mas meu pai ficou sabendo antes da matéria ser publicada e subornou as grandes e pequena editoras antes.-completou Daisy completamente sem animo por lembrar daquelas histórias.

-Sinceramente, odeio esses jornais e a sociedade junto. Enfim, ontem aconteceu algo muito estranho, estávamos prestes a finalizar nossas compras da temporada e ir embora, mas uma das caixas, a que continha o chapéu para ser mais exata, escapou da mão de nosso criado e saiu rolando pelas ruas. Meu irmão Noah, logo foi atrás dela e um pouco antes de alcançarmos ele que já estava com a caixa na mão, avistei ele conversando com Amelia.

-Mas, qual é o problema nisso?-perguntou Daisy não entendo muito bem o ponto que Clarissa queria chegar.

-Nenhum. Logo após, ele nos deixou para ir no White's, chegando em casa eu fui direto para a biblioteca que fica bem ao lado do escritório de meu irmão. Após uns 20 minutos ouvi passos apressados e o som baixo de uma voz, esse som foi se aproximando até que vi meu irmão passar pronunciando "Amelia Campbell, não posso esquecer desse nome".

-Ele viu você lá dentro?-questionou a amiga.

-Não Daisy. E assim que ouvi o barulho da fechadura sai calmamente de lá. Eu preciso saber o que ele está aprontando e apenas você pode me ajudar a descobrir isso.-falava Clarissa olhando cheia de esperança para sua amiga Daisy.

-Suspeita de alguma coisa?-perguntou Daisy já formando varias ideias e indo em direção a escrivaninha do quarto, escrevendo o que parecia ser uma pequena carta.

-Não, mas penso que não foi amor a primeira vista que meu irmão sentiu, por isso algo não me cheira bem.

-Clarissa minha irmã de outra mãe, está esquecendo de um detalhe crucial.-finalizou Daisy mexendo a cabeça levemente em negativa e entregando a carta ao mordomo que havia surgido na porta do quarto, com instruções de que a mesma fosse levada com urgência ao destino.

-Esse detalhe, seria?-argumentou Clarissa sem entender muito bem a fala de Daisy.

-O dote de Amelia depois do escândalo foi triplicado.

Imediatamente Clarissa travou no local que se encontrava ao lembrar da conversa com o irmão onde falava para Noah sobre os caça dotes e instantaneamente seu rosto mudou de expressão ficando aterrorizado.

-Não pode ser! Por que ele esconderia algo tão serio assim?

-Bom não podemos supor que isso seja verdadeiro, mas é uma hipótese que seu irmão esteja atrás do dote dela. Agora só nos resta esperar ou tentar entrar no escritório dele para procurar algo. Aproveitando que está aqui, que tal irmos conversar com uns amigos que possuo e ver o que eles sabem?

-Sabe que se formos vistas entrando na casa de seus amigos, vamos acabar mal faladas pela sociedade?- pergunta Clarissa ainda espantada pela ideia de seu irmão ser uns dos caça dotes.

-E quem disse que iremos a casa deles?-questionou Daisy com um sorriso de canto.

-Onde mais iríamos encontrar eles?-respondeu Clarissa com outra pergunta pensando que amiga poderia estar louca, caso respondesse White's.- Não responda White's! Como entraríamos lá?

-Você me conhece tão bem, Mana! Sim é o White's. Já escrevi uma carta a meu amigo o Visconde de Vallbury informando que iremos ver ele jundamente do Duque de Stonne, proveitei e informei nossos nomes de cavalheiros para os dois deixarem avisado na porta, fazendo dessa forma teremos acesso sem maiores problemas. Antes de me questionar sobre as roupas, tenho algumas guardadas em meu baú do tempo que frequentei Eton, sei bem que minhas vestimentas de quando eu estava com 15 anos servirão perfeitamente em você. Temos apenas que esperar da dez horas. É quando meu pai sai da casa para conversar com os advogados, daí sairemos dizendo ir ao parque para para dar uma volta.

-A criadagem não irá falar nada?-perguntou Clarissa, com um misto de medo e ansiedade perpassar pelo seu amago.

-Não. Eles sabem que dou uma boa bonificação pelo silêncio deles. Sim, faço isso todas as quartas-feiras por duas razões. A primeira é que amo meus amigos, sendo assim preciso continuar a conversar com eles e a segunda é amar contrariar a sociedade. Agora vamos que já são oito e quarenta e não temos muito tempo para nos arrumarmos.-completou a amiga levantando da cadeira, indo em direção ao lado esquerdo do quarto onde o carpete finalmente chegava ao fim. Puxou a ponta, arrastando um pouco para o alto e então abaixando naquele local abriu algo que parecia ser uma pequena porta, de lá Clarissa viu encantada Daisy tirar um grande baú que, embora parecesse pesado sua amiga fazia aquilo como se estivesse puxando um travesseiro.
Daisy virou a chave do cadeado bateu duas vezes na parte lateral e uma na frontal fazendo com que a boca daquela grande caixa de madeira se abrisse.
Clarissa com grande empolgação andou até o local onde sua amiga se encontrava e ao olhar para dentro do baú, uma grande decepção surgiu. Estava esperando roupas masculinas e livros de Eton, mas tudo que via era dois vestidos bufantes ao lado de um porta joias completamente cheio.

-Onde estão as roupas que iremos usar?-questionou a Daisy.

-Sua falta de imaginação as vezes me assusta! Meu pai com toda certeza não deixaria eu guardar as roupas e livros daquela época, sendo assim minha tia Elizabeth que foi meu principal incentivo e minha cúmplice no plano deu esse baú para mim, para que eu pudesse esconder as roupas e livros de meu pai com o fundo falso abaixo dessa primeira parte que ele possui. Isso me ajudou bastante ainda mais na época que eu estudava em Eton e mentia para meus pais dizendo que iria estudar com minha tia na Inglaterra. O cocheiro deixa-me em minha tia e de lá o cocheiro dela me levava a Eton.-enquanto explicava isso Daisy, colocou as duas mãos na lateral do baú e apertou dois pequenos botões que ficavam ao lado de dentro,s e escondendo no meio das jóias.
Ao apertar, um simples barulho eclodiu levantando a parte que os vestidos estavam revelando uma segunda parte com roupas masculinas livros de matérias que Clarissa nunca tinha ouvido falar, cinco pares de sapatos e quatro rolos médios de pano branco.

-Ual!!-expressou Clarissa completamente encantada.

-Vamos! Rápido, pegue essa roupa aqui, esse sapato, por último e mais importante enrole esse pano sobre seu seio e pressione bem ele para que seus mamilos deixem de existirem. Você precisa ficar totalmente reta na parte da frente! Se quiser passo as faixas em você só aguarde um pouco que primeiro irei fazer isso em mim.

Duas horas completas haviam se passado e as meninas que agora se encontravam vestidas com roupas masculinas e uma baixa cartola cada ouviram a carruagem do pai de Daisy dar início a uma jornada e sumir pelas ruas.

Então imediatamente desceram pela entrada dos empregados que as cumprimentavam e subindo em outra carruagem deram início a sua jornada para o White's.

-Não se esqueça Clari! Eu sou Daniel Theodore Hunter primo distante do Marquês Valbury e você é Jonh Frederick Melborne primo do Duque de Stonne- explicava Daisy pela terceira vez.

-Pode deixar!! Me lembrarei! Não acredito que estou fazendo isso com você!

-Nem eu! Mas vamos que está na hora de descer.

E assim a porta da carruagem foi aberta dando acesso a esquina da rua onde o White's se estabelecia. Precisariam andar até lá para que o Brasão do pai de Daisy não fosse identificado, o que evitaria as suspeitas.
Chegando na porta Clarissa respirou bem fundo e engrossou a voz o máximo que podia como havia treinado com Daisy.
Havia chegado a tão esperada hora!!

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