Rise and fall

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Aprendi então primeiro com a minha tia e depois com uma letra da Cachita que ela tinha se tornado a nova amante do imperador. Ela agora vivia no palácio imperial e era dame de companhia da imperatriz. Fiquei chocada, mas não mais que minha tia não queria acreditar.

- Como você pode fazer parte deste esquema? perguntou-me. Um homem casado...

- Eu não faço parte deste esquema tia. Disse quase me ajoelhando.

- Pensei que tinha vos criado bem. Estou desapontado com as duas ... Porque a vergonha que vocês estão a passar , também estás a infligir a mim. Toda a família e amigos da Imperatriz estarão contra nós. Você não percebe ?!

A minha tia não me suportava mais, nem as filhas dela. Eu poderia ter pensado, como a minha irmã e o meu pai disseram, que eles estavam apenas com ciúmes. Mas isso não foi tudo, desde o início, a reputação da minha irmã ficou manchada. A Cachita era agora considerada e conhecida por ser uma rapariga fácil. Eu poderia ter pensado que era porque havia muitos rapazes à sua volta, mas estes rumores não eram de hoje.

Tia Sory não suportava mais a minha presença, nem podia suportar ver os maravilhosos vestidos e jóias que a minha irmã me enviava. Então ela me enviou n'um outro clã do império. Pedi ao meu pai que fosse morar com ele e minha irmã no Palácio Imperial, mas ele simplesmente não respondeu à minha carta, nem ele, nem minha irmã, nem minha mãe, muito menos meu irmão mais novo Jo. Toda a atenção deles estava na bela Cachita que agora ganhava mais dinheiro do que o nosso próprio pai. O imperador estava mimando-a com dinheiro e presentes, além de sua pensão como companheira de sua esposa.

Quando cheguei à família do meu tio paterno, os olhares eram menos desdenhosos, mas eles queriam usar-me e fui obrigada a enviar cartas à minha irmã e ao meu pai.

- O que devo escrever? Perguntei sentada en frente à mesa com uma pena na mão.

- Deves dizer que somos muito generosos contigo e que te tratamos como nossa filha. Diga à sua irmã que o meu filho, o primo dela, é um bon calculador ...
- O melhor de sua turma! Acrescentou a mulher.
- Sim isso mesmo muito ... Ele pode ser-lhe muito útil.

- Ja faz meses que a minha irmã não responde às minhas cartas.

- Escreva de qualquer maneira! Insistiu o tio. Depois escreverás outra carta ao teu pai.

Respirei profundamente e obedeci. Não estava na minha casa, eu estava vivendo com eles que tinham sido gentis o suficiente para me receber a pesar do que se dizia . Eles não eram como minha tia Sory e suas filhas que se livraram de mim para recuperar a amizade da família e dos amigos da Imperatriz. Diante dos olhos de toda a família do meu tio, eu escrevi as cartas dele muitas e muitas vezes sem qualquer resposta. E eles se aborreceram...

- Eu concordei em deixá-la vir aqui porque pensei que ela seria útil para nós. Diz a mulher do meu tio.

- Sim, eu sei, mas mesmo que a família dela não responda às nossas chamadas, se eles virem que a estamos a mandar embora, ainda podem sentir-se chateados. Podemos tentar que ela se case com o nosso filho. Sugere o tio.

- Perdeste o juízo?! Eu nunca deixaria o meu filho casar com essa puta.

Eu não era de escutar por trás das portas... Estava só de passagem e ouvi tudo. Podia ter-me precipitado e escrever ao meu pai sobre isso, sobre o que eles disseram de mim... Mas o que isso adiantaria ? Tão profundamente humilhada, sempre respondendo à sua falsidade e hipocrisia como se nada tivesse acontecido, enquanto eles me odiavam. Eu fiquei com eles e aguentei. Sofri en silêncio. Rezei a Deus todas as noites para sair desta casa o mais rápido possível. Todas as manhãs acordei com um caroço no estômago para enfrentar esta família por mais um dia. E no dia seguinte, e no outro, e no outro dia também.

Eu poderia ter ficado no meu quarto e fingir que não estava a me sentir bem. Mas eu tinha recebido uma boa educação e não queria prejudicar a minha família, que o nome já estava manchado. Eu não queria que o meu pai recebesse uma carta a dizer que a sua filha e é assim e assim...

Algumas semanas depois, finalmente recebi uma carta do meu pai a pedir-me para voltar para casa, para a minha mãe e para o meu irmão. Eu estava tão feliz por deixar esta família.

- É uma pena que você já esteja saindo, nós estávamos tão felizes em tê-lo conosco. Diz a mulher do meu tio.

Me contentei em ser educada e sorri. Ela disse-me para dizer olá ao meu pai, mas desta vez as palavras realmente demoraram muito tempo a sair da minha boca. " Sim tia".

A viagem tinha durado três dias, era longa, mas pela primeira vez em meses eu estava finalmente respirando, eu estava livre, mas não por muito tempo. Mal tinha chegado a casa da família, mal tinha posto os pés no chão... Nem sequer tive tempo de abraçar a minha mãe e o meu irmão quando o meu pai me levou de lado. Sem perguntar como eu estava ou admirar a minha boa saúde, ele perguntou-me se eu sabia porque me tinha chamado.

- Não pai, eu não sei.
- Acontece que estamos num beco sem saída.

Eu estava com fome e cansada, mas o segui para um passeio nos jardins, deixando minha mãe e meu irmão para trás. Coitados...

- O Imperador está cansado da tua irmã. Não a vê há semanas. Dizem que ele tem uma nova favorita. A queda da tua irmã pode acabar por ser a nossa também. O imperador pode demitir-me e substituir-me pelo pai, tio ou irmão desta nova amante.

- Mas... (Suspira) O imperador gosta muito de senhor, estás a fazer um bom trabalho...

- Sim, estou a fazer um bom trabalho... Disse o meu pai, interrompendo-me. Mas eu não sou insubstituível. Alguém mais pode fazer o mesmo que eu. Não pense que sou amigo do Imperador e de todos os seus nobres na capital. Eu sou o seu sujeito e ele sabe disso e eu sei disso. Isso é algo que tu também deverias saber. Sabes porque te mandei a ti e à tua irmã para a casa da sua tia?

- Porque é a tradição. Respondi ingenuamente.

- Esta tradição foi criada para aliviar o fardo das família. É uma ajuda mútua ancestral que funciona bem, por isso dura até hoje. Eu não tinha dinheiro suficiente para garantir a educação de vocês os três. Por isso, optei por ficar apenas com o seu irmão.

O meu pai explicou-me que, enquanto ele ainda fosse embaixador, tínhamos de tirar partido e ganhar muito dinheiro.

Sola ( pt)Onde histórias criam vida. Descubra agora